Também já mentiu, não mentiu?

28/05/2012
Colocado por: Rui Peres Jorge

A enchxurrada (obrigado Ana Mendes Leal) de mentiras, falcatruas, abusos de poder nas mais variadas áreas da sociedade não deixa ninguém indiferente. O fenómeno mediatizado tende também a personalizar todo o “Mal” em alguns dos nossos homens e mulheres que ocupam a praça pública. Pois bem. A realidade é bem pior. Esses são casos limite de uma sociedade onde a maioria das pessoas mente, mesmo que pouco. Quem o diz é Dan Ariely, professor de economia comportamental na Universidade de Duke, que tem dedicado muito do seu tempo a perceber a mentira. Afinal porque mentimos?

 

We tend to think that people are either honest or dishonest. In the age of Bernie Madoff and Mark McGwire, James Frey and John Edwards, we like to believe that most people are virtuous, but a few bad apples spoil the bunch. If this were , society might easily remedy its problems with cheating and dishonesty. Human-resources departments could screen for cheaters when hiring. Dishonest financial advisers or building contractors could be flagged quickly and shunned. Cheaters in sports and other arenas would be easy to spot before they rose to the tops of their professions.

 

But that is not how dishonesty works. Over the past decade or so, my colleagues and I have taken a close look at why people cheat, using a variety of experiments and looking at a panoply of unique data sets—from insurance claims to employment histories to the treatment records of doctors and dentists. What we have found, in a nutshell: Everybody has the capacity to be dishonest, and almost everybody cheats—just by a little.

 

Dan Ariely, em Why we Lie, WSJ

 

Vale a pena ler o texto todo, relativamente longo, onde Ariely vai relatando o resultados de várias experiências com grupos de pessoas e nas quais se procurou explorar o que faz o ser humano mentir mais ou menos. Aqui ficam três deles:

 

a) Se o retorno da mentira não for dinheiro pago no momento – mas por exemplo um pagamento mais tarde ou em géneros – a probabilidade de alguém mentir ou ser desonesto aumenta;

 

b) Se outros estiverem a fazer batota, probabilidade de alguém também batota aumenta;

 

c) Se outros do grupo beneficiarem com a desonestidade, então a probabilidade de alguém mentir sobe;

 

d) Ter apresente ou ser lembrado de aspectos relacionados com correcção moral limita a desonestidade

 

Há muitos mais exemplos e fundamentações. A partir deles Ariely suporta uma conclusão que fica para discussão: até mais que os grandes maus comportamentos, são os pequenos e generalizados que mais destroem a sociedade…

 

In short, very few people steal to a maximal degree, but many good people cheat just a little here and there. We fib to round up our billable hours, claim higher losses on our insurance claims, recommend unnecessary treatments and so on.

Companies also find many ways to game the system just a little. Think about credit-card companies that raise interest rates ever so slightly for no apparent reason and invent all kinds of hidden fees and penalties (which are often referred to, within companies, as “revenue enhancements”). Think about banks that slow down check processing so that they can hold on to our money for an extra day or two or charge exorbitant fees for overdraft protection and for using ATMs.

All of this means that, although it is obviously important to pay attention to flagrant misbehaviors, it is probably even more important to discourage the small and more ubiquitous forms of dishonesty—the misbehavior that affects all of us, as both perpetrators and victims. This is especially given what we know about the contagious nature of cheating and the way that small transgressions can grease the psychological skids to larger ones.

 

 

 

  

Rui Peres Jorge