Arquivo mensal: Outubro 2014

NBA: a liga socialista em 15 números

30/10/2014
Colocado por: Nuno Aguiar

New LA Clippers Owner Steve Ballmer News Conference

 

Sim nós sabemos, a época da NBA já começou e aqui no Massa chegamos atrasados à festa das antevisões. Como sabemos que fazer previsões sobre a futura classificação das equipas só vai servir para nos mandarem isso à cara daqui a oito meses, decidimos fugir à humilhação. Em vez disso, apresentamos-lhe o gigantesco universo da NBA em números. Mas escolhemos só os que não têm nada a ver com desporto.

 

24 mil milhões de dólares. É o valor do novo contrato de direitos televisivos, assinado entre a NBA e a ESPN e TNT. Coisa pouca. Só 11% da economia portuguesa.

 

49 milhões de dólares. O socialismo chega aos Estados Unidos via desporto? As equipas da NBA que registem lucros têm de contribuir para um sistema de distribuição de rendimento que é repartido pelas equipas com prejuízos. Ou seja, os mais ricos ajudam a financiar os mais pobres. Os Lakers foram a equipa que mais contribuiu para o pote em 2013, com 49 milhões de dólares.

 

76,8 milhões de dólares. É o tecto salarial anual a partir do qual as equipas passam a pagar um imposto à NBA por cada euro a mais.

 

91 milhões de dólares. É a folha salarial da equipa que mais gasta com os seus jogadores, os Brooklyn Nets. Convertendo este valor em euros, fica muito próximo daquilo que o Ministério da Agricultura e do Mar pagou este ano em salários aos seus funcionários. A situação torna-se ainda mais disparatada quando pensamos que as probabilidades atribuídas pelos apostadoras os Nets vencerem um título é 65/1. Os Philadelphia 76ers têm a folha salarial mais pequena, com 33,5 milhões de dólares. Sim, vão ser muito maus a jogar basquetebol.

 

19 milhões de dólares. São os prejuízos dos Nets no último ano, as maiores perdas anuais da NBA.

 

23,5 milhões de dólares. É o que os Los Angeles Lakers vão pagar a Kobe Bryant para ele vestir uma camisola de mangas cavas e lançar muitas vezes a bola ao cesto durante 82 jogos esta época. Seis vezes mais que António Mexia, CEO da EDP.

 

200 milhões de dólares. É quanto a Time Warner paga por ano aos Lakers por um contrato de 20 anos, o valor mais elevado de toda a liga, no que diz respeito a direitos televisivos locais.

 

2 mil milhões de dólares. Foi quanto Steve Ballmer, ex-CEO da Microsoft, pagou pelos Los Angeles Clippers este Verão.

 

22,5 mil milhões de dólares. É em quanto está estimada a fortuna de Steve Ballmer, o que faz dele o tipo mais rico a ter uma equipa de desporto profissional nos Estados Unidos. Segundo a revista Exame, todos juntos, os 25 homens mais ricos de Portugal têm uma fortuna avaliada em 18 mil milhões de dólares (14,3 mil milhões de euros).

 

386 dólares. Preço médio do bilhete para um jogo dos Cleveland Cavaliers para este ano. O jogo mais barato a que pode assistir é em Indiana. Os bilhetes para os Pacers custam em média 85 dólares no mercado secundário.

 

500 milhões de dólares. Impacto estimado na economia de Cleveland da decisão de LeBron James, considerado o melhor jogador da NBA, ter assinado com os Cavaliers este Verão.

 

21,7 mil pessoas. Foi a média de público em 41 jogos em casa dos Chicago Bulls em 2014. Nenhuma equipa teve mais gente. Do lado oposto? Os Milwaukee Bucks, com 13,5 mil. Por comparação, na época passada, o líder de espectadores na primeira liga portuguesa foi o Benfica, com 38,5 mil pessoas em 18 jogos em casa. Olhanense com menos 1200 pessoas teve o número mais baixo.

 

50%. Percentagem do rendimento da liga que serve para pagar o salário dos jogadores. Em 2005, era 57%.

 

161 dias. Número de dias de greve em que os jogadores da NBA entraram contra as alterações pretendidas pelos donos das equipas em 2011. Os proprietários acabariam por vencer o braço de ferro e fazer alterações significativas ao acordo colectivo de trabalho.

 

101. Número de jogadores estrangeiros integrados nos plantéis da NBA para esta época, vindos de 37 países diferentes. Um recorde. Há 15 anos eram menos de metade. Os Spurs, campeões em título, têm 9 jogadores nascidos no estrangeiro dos 15 que compõem o plantel.

 

Atenção! Não confundir transparência orçamental com transparência do Orçamento

22/10/2014
Colocado por: Rui Peres Jorge
Maria Luís Albuquerque, a ministra das Finanças, no Parlamento

Maria Luís Albuquerque, a ministra das Finanças, no Parlamento Crédito: Negócios

A ministra das Finanças foi terça-feira ao Parlamento apresentar a proposta de Orçamento do Estado para 2015, e entre outras apreciações elogiou o aumento da transparência orçamental nos últimos anos em Portugal, em particular a disponibilização de informação mais detalhada sobre as contas do Estado e das suas empresas. “Uma verdadeira reforma estrutural”, afirmou. Maria Luís Albuquerque tem em parte razão no que defende. O problema é que mais transparência orçamental não significa  mais transparência no OE. É que o documento inclui previsões macroeconómicas cada vez mais questionadas, não explica os principais cortes em prestações sociais, não dá conta das folgas orçamentais que guarda, propõe poupanças misteriosas, e conta com reformas de impostos (IRS e fiscalidade verde) que ainda nem sequer deram entrada no Parlamento.

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Pareceres e tecnologias de informação: a subtracção que adiciona


Colocado por: Rui Peres Jorge

O Governo apresentou um pacote de medidas de consolidação orçamental de 1.249 milhões de euros. Entre elas está uma poupança estimada de 317 milhões de euros em estudos, pareceres e tecnologias de informação, explicando um quarto das poupanças do próximo ano. Mesmo assim a despesa com estas rubricas aumentará 24% em 2015. Isto significa que inicialmente o Governo anteciparia gastos mais de 1.600 milhões de euros, um recorde absoluto. Os números chamaram a atenção da UTAO que escreve que não consegue avaliar a “razoabilidade dessas poupanças”.

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O impacto do IRS em 2015 a duas vozes

21/10/2014
Colocado por: Elisabete Miranda

O ponto de partida são as simulações sobre o impacto da reforma do IRS em 2015, que mostram que, dependendo do perfil de despesas, há agregados familiares sem filhos que se arriscam a pagar mais IRS (e, já agora, agregados com um filho também). No caso do Negócios, como aqui se explica, as simulações são feitas já a partir do texto da lei saído do Conselho de Ministros da passada quinta-feira.

 

Paulo Núncio, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, criticou as simulações por, afirma, partirem de pressupostos errados, e diz que tem de se esperar pela proposta final (que o governante tarda a libertar).

 

O primeiro-ministro diz que a situação será acautelada através de uma cláusula de salvaguarda, a incluir durante a discussão na especialidade na Assembleia da República. Que é como quem diz, o risco existe, pode decorrer do texto da lei, mas a situação será resolvida numa segunda fase, no Parlamento.  “Criar-se-á ao nível da discussão na especialidade [do Orçamento do Estado para 2015] uma cláusula de salvaguarda”, disse o primeiro-ministro citado pela Lusa.

Quer o Governo acautele já o problema (alterando a proposta de lei que saiu do Conselho de Ministros) quer espere pelos deputados do PSD para o fazer, em sede parlamentar, fica desde já claro que não é nos jornais que se deve procurar a origem da confusão em torno dos impactos da reforma do IRS.