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Com regularidade, nos últimos meses, temos vindo a tomar conhecimento de várias situações de adulteração de resultados desportivos. Longe vai o tempo em que só existiam rumores, suposições ou, em a..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

As malvadas das apostas

31 Março, 2011 0

Com regularidade, nos últimos meses, temos vindo a tomar conhecimento de várias situações de adulteração de resultados desportivos. Longe vai o tempo em que só existiam rumores, suposições ou, em alternativa, um ou outro caso confirmado. Agora, é justo dizer, os atentados à verdade estão a crescer de forma preocupante, beliscando inúmeros países e desportos. Tal cenário só confirma que uns, já abastados, querem ganhar cada vez mais dinheiro e que outros, provavelmente apavorados com a crise económica e financeira que vai fazendo vítimas um pouco por todo o lado, estão dispostos a tudo para manter o seu estilo de vida. Sobram os vigaristas tradicionais que, claro está, só sabem viver de e para a vigarice.

Interessante, contudo, é registar a forma como a maioria da opinião pública reage ao aparecimento destas notícias. Invariavelmente, uns quantos espertos tratam de estabelecer a ligação das maroscas com o imparável fenómeno das apostas “online”. No entender dessa gente, que julga estar muito bem informada, deve-se ao aumento do número de apostadores via internet o crescimento das trafulhices. E esta mensagem, tantas vezes difundida, ameaça tornar-se uma verdade absoluta. No entanto, é preciso estar atento para perceber que o caso não é necessariamente assim. Aliás, desconfio que estamos bastante longe de poder estabelecer essa relação.

Quem é que lucra quando um clube favorito, por exemplo, perde um jogo de futebol com um opositor teoricamente mais fraco? Não são, com toda a certeza, os apostadores, pois estes, de forma geral, acompanham as tendências, o que significa que colocam a maioria do seu dinheiro do lado do emblema mais forte. Neste caso, naturalmente, ganham as casas de apostas. No entanto, também os operadores, vezes sem conta, são apanhados nestes negócios obscuros. Sempre que uma casa lança odds para um evento, desconhecendo, em absoluto, que a competição está decidida à partida… a probabilidade de perder dinheiro também é grande.

Se quisermos ser mais rigorosos, os “arranjinhos” não agradam nem a gregos, nem a troianos, pois mina a credibilidade das casas de apostas e deixa o consumidor na incerteza de estar a apostar em algo que, afinal, pode não ser um jogo leal. Mesmo o apostador que, por esta ou aquela razão, consegue ser beneficiado num episódio obscuro, fica a saber que, no futuro, pode estar do lado errado da barricada, o que equivale a dizer que, mais tarde ou mais cedo, sairá prejudicado.

O que muita gente ignora ou esquece-se de afirmar é que as falcatruas nada têm a ver com o súbito incremento das apostas desportivas “online”. Quem está por trás dos esquemas duvidosos, na quase totalidade dos casos, é o crime organizado, são as empresas clandestinas deste mercado, os casinos que funcionam em suites de hotéis ou apartamentos finos, na Europa, na Ásia ou nos Estados Unidos. São pessoas relacionadas com estes interesses quem se movimenta nos bastidores, quase sempre em busca de nichos (entenda-se provas) com escassa exposição mediática, mas capazes de garantir boas somas durante alguns meses. O segredo passa por mudar de ares antes que as casualidades se tornem motivo de alarido.

Já perdi a conta ao número de vezes que disse isto: ainda antes da Internet surgir em força no planeta já se compravam e vendiam jogos de futebol ou combates de boxe. E isto não é um rumor ou suposição. Aliás, nem precisamos de sair de Portugal para encontrar na história recente muitos relatos de anormalidades no nosso desporto. Querem ver que a culpa foi das malvadas das apostas “online”? Se calhar, um destes dias ainda se descobre que a mítica bola 0 que saiu uma vez no sorteio do totoloto foi feita por um conjunto de apostadores em conluio com uma qualquer casa de apostas! Aliás, sobre este tema, e ao contrário de muitas vozes que se levantaram na altura, a minha maior curiosidade nem é saber como é que foi possível sair o 0. O que eu queria saber é quem, e porquê, resolveu mandar fazer essa bola? Alguém me ajuda?!

(Texto publicado no site “Aposta Ganha”)

Ceni: um nome para a história

28 Março, 2011 0

Nem todos os futebolistas se podem orgulhar de conseguir marcar 100 golos na carreira. E se em causa estiverem apenas guarda-redes… o assunto é ainda mais complicado. Tanto ou tão pouco que, oficialmente, só um pode afirmar que atingiu tal marca. Chama-se Rogério Ceni, é brasileiro, tem 38 anos e é a grande estrela do São Paulo. Confira, aqui, numa infografia bastante completa, quando, onde e contra quem foram obtidos os 100 remates vitoriosos, divididos por 56 livres directos e 44 penáltis.

No passado fim-de-semana, num dérbi com o Corinthians, Ceni alcançou a meta desejada após um percurso de 14 anos a acertar nas redes contrárias. Veja, em baixo, o momento que valeu um lugar na história do futebol mundial:

Sporting: E agora?

27 Março, 2011 0

Nota de introdução: Não sou sócio do Sporting (nem de nenhum outro clube, acrescente-se), nunca falei com Godinho Lopes, jamais tinha ouvido o nome de Bruno de Carvalho antes destas eleições e, resumidamente, não tinha (nem tenho) nenhum interesse pessoal neste acto. Assim, como em qualquer outro tema, apenas faço questão de, neste espaço, dar as minhas opiniões.

Esta campanha eleitoral, como quase todas (desportivas ou políticas), foi pródiga em declarações “picantes”. Cedo se percebeu que as várias listas tinham inúmeros pontos divergentes e que, com o intuito de marcar pontos junto dos associados, era importante vincá-los em todas as oportunidades. Contudo, se isso se entende, já fica mais complicado perceber tanta falta de educação. O clima de insulto foi uma constante e com excepção a Abrantes Mendes, nenhum dos outros candidatos pode, nesta altura, dizer que teve um comportamento exemplar. Aliás, não deve ter sido por acaso que Godinho Lopes aflorou a questão no pretenso discurso de vencedor.

No entanto, pese tanto palavreado evitável, nunca me passou pela cabeça que, no sábado, o país assistisse a um dos momentos mais humilhantes da sua história desportiva. O que se viu em Alvalade foi um triste espectáculo que, em primeira instância, tem de envergonhar todos os sportinguistas, sejam afectos desta ou daquela tendência. E para que a coisa descambasse não contribuíram só as várias listas presentes às eleições. Os dirigentes em funções e muitos sócios anónimos também fizeram questão de “ajudar” ao caos.

Não estive em Alvalade, não ajudei a contar os votos e, assim sendo assim, faço a minha análise apenas pelo que li e ouvi, pelas informações que me chegaram através de muitas pessoas que viveram “in loco” algumas das horas mais alucinadas da história de um clube que vale bem mais do que o que mostrou no sábado. E depois de juntar vários elementos sou levado a colocar algumas questões: 

– Se a contagem decorreu sem erros e foi apenas feita uma vez, como declarou o impagável Lino Castro (como conseguiu tanto espaço de antena e, ao mesmo tempo, não dizer nada de jeito?), o que é que significa a expressão “afinar os números”?
– Se foi tudo tão regular na soma dos votos, qual a razão para “parar” e “reintroduzir os dados no computador”? Existia algum receio de que as contas não batessem certo?
– Se as cinco listas tinham delegados a fiscalizar a contagem, como é que umas dizem que existiu recontagem e outras não?
– Quem é que acha normal que Eduardo Barroso, figura mediática mas sem passado enquanto dirigente no clube, tenha ganho as eleições para a Assembleia Geral à frente de Rogério Alves (muito mais presente na vida interna do clube), mas que Bruno de Carvalho tenha perdido para o Conselho Directivo?
– Se a lista de Godinho Lopes estava a acompanhar os resultados “ao vivo”, como é que Rogério Alves deu entrevistas a confirmar a sua vitória para a Assembleia Geral? E com base em que informações assumiu, publicamente, ter dado os parabéns a Bruno de Carvalho por também ele ter ganho?
– Onde é que já se viu os resultados serem anunciados apenas com percentagens? Como é que os números reais só apareceram na tarde de domingo?
– Como é que um clube grande, com tantos funcionários, não consegue organizar um acto eleitoral “normal”?
– Como é que se justifica que contabilizar os votos de menos de 20 mil associados tenha demorado uma eternidade?
– Se surgiram várias informações oficiais a dizer que o anúncio dos resultados teria lugar nos minutos seguintes, qual a razão para tantos (e tão demorados) atrasos?
– Mesmo sabendo que as horas não convidavam a estar em Alvalade até às tantas, onde estavam os apoiantes de Godinho Lopes no momento de o vitoriar?

Com ou sem respostas para as minhas dúvidas (e tantas outras que já vi por aí), a verdade é que se o Sporting estava num momento delicado, agora está num bastante pior. A maioria dos sócios não apoia o novo presidente; Bruno de Carvalho vai impugnar os resultados; a claque mais representativa ameaça voltar as costas ao clube e, claro, a falta de dinheiro é ainda mais grave quanto a míngua dos resultados da principal equipa de futebol.

Não sei como vai ser o futuro imediato do Sporting, mas creio que a serenidade voltaria se os dois candidatos mais votados participassem numa espécie de segunda volta. Bem sei que isso não está previsto nos estatutos, mas está fácil de ver que só isso iria ajudar a poeira a assentar. De outra forma, o mais provável é, daqui a uns meses, estarmos a assistir a outro acto eleitoral. Aliás, não deixa de ser estranho que para tomar algumas medidas seja necessário ter bem mais que a maioria dos votos, mas para eleger um presidente a coisa possa ser feito apenas com 36%.

E para terminar uma observação muito pessoal. Só eu é que acho estranha esta ideia dos associados com mais anos de filiação terem direito a um número maior de votos? Esta política, seguida pelo Sporting e por muitos mais clubes, só contribui para arranjar confusão, como esta de Bruno de Carvalho ter perdido umas eleições em que mereceu a confiança de mais eleitores. Imaginem o que seria o meu voto para as legislativas valer menos que o do meu vizinho por ele ser “cidadão” há mais anos. Nos clubes, quem tem mais anos de sócios, deve receber emblemas comemorativos disso mesmo, mas jamais deveria ter direito a maior número de votos. Pelo menos, é o que a minha noção de democracia me diz…

Sporting: acabou a festa

25 Março, 2011 0

Sinto-me triste. O dia das eleições do Sporting está a chgar. Quer isto dizer que estamos a poucas horas de ver terminar uma campanha eleitoral histórica, recheada de momentos tão hilariantes que, com toda a certeza, dariam um belo argumento para uma comédia. Pior: com a chamada às urnas dos associados leoninos desaparecem, num ápice, dezenas de milhões de euros; técnicos de nomeada que serviriam para orientar a equipa principal, a (eventual) B e os escalões de formação; dirigentes com as melhores ideias do planeta e uma quantidade tal de futebolistas de reconhecida valia que, no mínimo, o clube poderia dar-se ao luxo de utilizar jogadores diferentes em cada competição em que participasse. Resta saber se, pelo menos, se confirmarão as “ofertas” do candidato vencedor. Tenho as minhas dúvidas!

Esta campanha foi mesmo ímpar. E uma das principais novidades foi constatar que os candidatos – seis que entretanto passaram a cinco, o que constituiu uma machadada tremenda no “espectáculo” face à saída de cena do homem que tratava por tu os árbitros todos – pouco ou nenhum tempo tiveram para falar directamente ao eleitorado, pois estavam sempre enfiados num qualquer estúdio em debate. Bom, a expressão debate talvez não seja a mais adequada, pois quando cinco pessoas resolvem passar o tempo a lançar calúnias, suspeições e farpas de todo o género é capaz de ser exagerado apelidar isso de debate. Visto de outra prisma, se esta gente é assim com os da sua cor, imaginem quando tiverem de enfrentar os dirigentes de Benfica e FC Porto…

Falemos mais a sério: não deixa de ser curioso ver aparecer tantos interessados em gerir os destinos do clube quando, objectivamente, a situação é de extrema gravidade. Desportiva e economicamente, o Sporting está nas ruas da amargura. Ao longo dos últimos anos – e perante a serenidade dos associados – foram cometidos disparates de toda a ordem que empurraram os leões para um buraco mais pequeno que o do país, mas igualmente gigantesco. A conversa de ser diferente, de ter uma Academia (que muito jeito tem dado a Benfica, FC Porto e não só), do ecletismo (como é possível falar disto sem ter um pavilhão e equipas de basquetebol e voleibol ou o hóquei em patins na divisão principal?) e dos milhões de títulos no passado só serve para animar os mais distraídos. E mesmo esses, na sua maioria, já acordaram para a triste realidade.

Tenho ouvido por aí muita gente dizer que o aparecimento de tantas listas é sinal de vitalidade. Não concordo. Parece-me mais indício claro de desespero, de guerrilhas individuais, de interesses pouco perceptíveis. E também estranho ter visto em confronto pessoas que, durante muito anos, pareciam estar na mesma onda de pensamento. É verdade que todos temos o direito e a capacidade de, a qualquer altura, mudar de ideias, mas tanto é de desconfiar.

E quem é que vai ganhar? Acredito que será Bruno de Carvalho. E isso será bom para o clube? Não faço a mínima ideia, até porque, com toda a sinceridade, não me lembro de ter ouvido falar da personagem antes desta campanha eleitoral. Aliás, nem sei se alguém será capaz de recuperar o clube tal o estado a que ele chegou. O que sei é que o homem – que aparentemente corria por fora – esteve muito forte nos debates, nomeadamente no primeiro. Foi aí que se mostrou em grande forma, que “aviou” toda a concorrência com uma facilidade tremenda, desmontando os opositores que, penso eu, jamais acreditaram estar ali um potencial vencedor.

Bruno de Carvalho sabe falar e teve o mérito de conseguir mostrar os tais investidores russos e Marco Van Basten. Para muitos tal não passa de uma trapaça, mas a verdade é que aquilo que prometeu… exibiu. E isso, num emblema à deriva, pode ser suficiente. Depois… logo se vê. E em caso de vitória teremos a garantia de mais “shows” a ter em conta. Alguém imagina uma Assembleia Geral liderada pelo cirurgião dos gritos alucinados e das frases assassinas para o seu próprio candidato? Tenho para mim que se Bruno de Carvalho perder saberá rapidamente quem o tramou.

Sem olhar às várias sondagens e inquéritos realizados, tenho dificuldade em dizer quem é o grande opositor de Bruno de Carvalho. Com excepção de Abrantes Mendes (o mais simpático, divertido e – por vezes – realista dos candidatos, embora sistematicamente condenado a votações residuais por se recusar a dizer o que povo quer ouvir), os restantes três podem surpreender. Pessoalmente, creio que Pedro Baltazar é o que estará mais longe da disputa. E porquê? Devido à habitual postura que combina algo de arrogância com agressividade e à falta de jeito para falar em público. Dizem-me que o homem é o melhor gestor de todos. Admito que sim, mas confesso que sempre que olho para ele fico com a ideia de que vai esbofetear alguém no minuto seguinte. De resto, também exibe alguns tiques snobs, algo que o adepto comum do Sporting (sim, eles também existem…) já teve a sua dose.

Godinho Lopes, à primeira vista, parecia ter o assunto controlado. Por mais que o tente desmentir, é o rosto da continuidade (como se fosse possível prosseguir algo que, analisando bem, não era praticamente nada), dos interesses exteriores, da elite que, ao longo dos anos, delapidou o clube. Confesso que me fartei de rir quando o ouvi dizer, vezes sem conta, que com ele o Sporting foi campeão. A forma como o afirmou quase indiciava que tinha marcado 25 golos. Ou, no mínimo, que tinha feito as contratações e/ou as substituições. E vê-lo colocar em causa a honorabilidade dos outros também teve a sua piada…

Resta Dias Ferreira. O eterno candidato a candidato, desta vez, foi mesmo a votos (sem ninguém lhe dar uns tabefes) e fê-lo renegando um passado de colagem a tanta gente que, afinal, não era assim tão útil ao clube. Como sempre, contudo, revelou falta de sentido táctico. A sua campanha começou demasiado cedo e secou quando era necessário estar nas bocas do mundo. Já em desespero lançou o tudo por tudo com Futre a anunciar um ror de aquisições e ideias mirabolantes num momento também ele para a história. Não chega.

Bom, o grave é que domingo a festa acabou e o clube continuará a ser uma sombra daquilo que foi no passado. Será possível recuperar o estatuto anterior? Claro, mas para tal será preciso mais clarividência, consciência e paciência. E uns trocados. Muitos, de preferência. Ressurgir em pleno demorará vários anos. Estragar é rápido, construir é que não…

Eu “show” Futre!

Paulo Futre é um nome incontornável da história do futebol português. Tive a oportunidade de o ver jogar inúmeras vezes e, por isso mesmo, não tenho qualquer dúvida em dizer que se tratava de um verdadeiro fora de série, um artista, um predestinado a que só a dedicação extrema ao Atlético Madrid – e a falta de sorte com as lesões – impediu de somar ainda mais vitórias, títulos e prémios individuais. Mas, não foi apenas a sua excepcional qualidade futebolística que mereceu a minha atenção ao longo de anos. Futre foi também das pessoas mais espectaculares que encontrei neste mundo pretensamente dourado mas onde, repetidas vezes, deparamos com gente que, em bom português, não interessa a ninguém. Por cá, em Espanha, em Itália ou em França testemunhei inúmeros episódios que me fazem apelidá-lo de “gajo porreiro”.

Futre é um homem simples, sistematicamente bem-disposto, apaixonado pelo futebol, francamente optimista e eterno sonhador. E foi com esses valores que se lançou, ao lado de Dias Ferreira, para as mais disputadas eleições de sempre do Sporting, o clube do seu coração.

Na quinta-feira, numa das derradeiras tentativas para convencer os associados leoninos, Futre anunciou o nome de vários potenciais reforços, o modelo táctico que Rijkaard pretende introduzir em Alvalade, o tipo de plantel e até a surpreendente aposta no mercado chinês. E fez isto com o seu cunho pessoal, cheio de empenho e emoção, os seus trunfos para minorar a menor capacidade para se exprimir, consequência normal de quem (por causa do futebol) deixou de estudar aos 12 anos.

Tenho quase a certeza que Dias Ferreira não vai vencer as eleições, mas Futre – fiel ao seu estilo desconcertante – deu um “show” na hora de apresentar alguns dos trunfos da lista.

Veja os vídeos:

Portugal tem de abrir a boca

24 Março, 2011 0

José Sócrates demitiu-se. Ninguém foi apanhado de surpresa, pois já todos sabíamos que a última versão do PEC ia ser rejeitada na Assembleia da República e que, como consequência disso, o Primeiro Ministro iria abdicar. Complicado, agora, é adivinhar o que vai acontecer, sendo certo que, para não variar, vamos continuar num período de imensa instabilidade social, com a economia em recessão e o desemprego a galgar para patamares cada vez mais assustadores.

Legalmente, Cavaco Silva tem o poder de, sem a consulta do povo, tentar encontrar uma solução governativa. Contudo, não creio que o futuro imediato passe por aí. Agendar um acto eleitoral será, sem dúvida, a medida mais lógica, embora não me pareça que isso seja suficiente para mudar grande coisa. Da mesma forma, também é relativamente fácil antever a entrada do “papão” FMI no país. E isso, bem mais que as eleições, é que está a assustar muita gente. Pessoalmente, assumo, já estou por tudo. Em condições normais, seria dos primeiros a estar contra a possibilidade de instâncias internacionais decidirem o que fazer no meu próprio país. No entanto, já percebi há muito que Portugal tem sido governado exactamente sobre os pressupostos lá de fora, sejam eles oriundos do FMI, da chanceler alemã ou de qualquer outra proveniência. Não só nas questões económicas, mas em tantas outras, Portugal – assim como várias outras nações – deixou de fazer aquilo que considera melhor ou mais adequado, sendo obrigado a trilhar os caminhos indicados pelos “amigos”. Exactamente aqueles que, directa ou indirectamente, nos ajudaram a cair nesta delicada situação.

Portugal está, decididamente, dentro de um buraco enorme e sendo certo que os problemas alheios não resolvem (nem minoram) os nossos, é capaz de ter chegado a hora de, juntamente com outros países em situação de aflição, abrir a boca e, de uma vez por todas, tentar travar o processo que nos está a levar para a bancarrota.

Sem ignorar que os nossos governantes são culpados de muitos disparates internos – e atenção que José Sócrates (e o PS) não foi o único a descarrilar, pois convém não esquecer que agora também estamos a levar com a factura dos deslizes cometidos por pessoas e partidos que, de momento, falam como se não tivessem nada a ver com a questão -, a verdade é que Portugal (tal como a Grécia e Irlanda) está a ser sugado por um autêntico cartel bancário internacional que, tão depressa solicita ajuda aos governos, como semanas depois apresenta lucros pornográficos. A Alemanha, por exemplo, tem recuperado rapidamente da crise financeira à custa da desgraça alheia. Não quero com isto dizer que os germânicos não tiveram mérito nas medidas económicas que aplicaram no seu país, no entanto, se não beneficiassem do aperto dos outros, demorariam muito mais tempo a ressurgir.

Não é por acaso que, nos últimos meses, as taxas de juros da dívida nacional não pararam de subir, independentemente da aprovação do Orçamento, da aplicação de medidas suplementares, etc, etc. Por muito que se faça ou não, o desfecho é sempre o mesmo. A conversa esgotada da “instabilidade dos mercados” reflecte, muito bem, o que nos andam a fazer muitos dos pretensos “amigos”. Para os alemães (e não só), o melhor que lhes pode acontecer é os países mais pobres estarem cada vez mais endividados e a pagar juros sempre maiores.

Posto isto, creio que chegou a hora dos mais fracos (Espanha, Bélgica e Itália podem alinhar com Portugal, Irlanda e Grécia visto terem a perfeita noção que a sua hora de cair no buraco está cada vez mais próxima) juntarem forças e recusarem este sistema em que só “engordam” os poderosos. Só abrindo a boca e ameaçando a moeda única, os chamados países periféricos podem travar o esquema. Uma crise geral na Europa, e não apenas nas nações com menor poder, deixará Alemanha, França e Inglaterra em situação de alerta, pois tal significará, quase de imediato, uma quebra de influência económica perante os Estados Unidos e os emergentes chineses. E aí, claro, a táctica terá forçosamente de passar a ser outra. Muito provavelmente… mais justa e honesta.

O encanto do basquetebol

21 Março, 2011 0

Ao longo da vida, no trabalho e junto de amigos, muitas vezes fui questionado sobre as razões da minha paixão pelo basquetebol. Sempre tentei encontrar as justificações mais óbvias, aquelas que mais facilmente pudessem ser “absorvidas” por quem não sentia o mesmo entusiasmo que eu. No entanto, admito, falhei em diversas situações. Em algumas, é verdade, face à inflexibilidade dos interlocutores, mas em muitas outras apenas e só por culpa própria. Basicamente, por ser incapaz de encontrar as palavras adequadas para transmitir a emoção que a modalidade transmite com regularidade.. Hoje, vou apresentar um vídeo – do último fim-de-semana, referente ao embate entre Unicaja e Real Madrid, respeitante ao principalmete campeonato espanhol – que talvez tenha o condão de dizer muito… sem precisar de palavras. Observe e diga se isto é espectacular ou não…

Djokovic em estado de graça

Sempre fui um admirador confesso das qualidades tenísticas de Roger Federer e Rafael Nadal mas, de momento, não existe ninguém a jogar tanto (e tão bem) quanto Novak Djokovic. O triunfo de domingo em Indian Wells, no torneio mais importante do planeta depois dos quatro Grand Slams, provou que o rapaz está – finalmente – a mostrar a regularidade exibicional que lhe faltou no passado. Imbatível em 2011, o sérvio é o alvo a abater por parte de toda a concorrência. O problema é que, até à data, ninguém parece reunir arsenal suficiente para o incomodar seriamente. Aliás, há já muita gente a defender que Djokovic vai mesmo conseguir chegar ao trono do “ranking” mundial nos próximos tempos. Duvido que seja assim tão fácil mas, naturalmente, o seu destino passará por aí.

Entretanto, reveja alguns dos melhores momentos da final de Indian Wells – onde o sérvio derrotou Nadal, em três “sets”, com parciais de 4-6, 6-3 e 6-2 – e espreite também a notável sequência de êxitos de Djokovic em 2011:

RESULTADOS EM 2011 

 
  Hopman Cup (Perth, Australia) | 01.01.2011. – 08.01.2011. | Exhibition

 Round

Opponent

Rank

Score

RR

Andrey Golubev (KAZ)

36

4:6 6:3 6:1

RR

Lleyton Hewitt (AUS)

54

6:2 6:4

RR

Ruben Bemelmans (BEL)

178

6:3 6:2

  Australian Open (Melbourne, Australia) | 17.01.2011. – 30.01.2011. | Grand Slam

 Round

Opponent

Rank

Score

R128

Marcel Granollers (ESP)

42

6:1 6:3 6:1

R64

Ivan Dodig (CRO)

81

7:5 6:7 (8:10) 6:0 6:2

R32

Viktor Troicki (SRB)

27

6:2 Troicki retired

R16

Nicolas Almagro (ESP)

14

6:3 6:4 6:0

Q

Tomas Berdych (CZE)

6

6:1 7:6 (7:5) 6:1

S

Roger Federer (SUI)

2

7:6 (7:3) 7:5 6:4

W

Andy Murray (GBR)

5

6:4 6:2 6:3

  Dubai Tennis Champ. (Dubai, U.A.E.) | 21.02.2011. – 27.02.2011. | ATP 500

 Round

Opponent

Rank

Score

R32

Michael Llodra (FRA)

23

6:3 6:3

R16

Feliciano Lopez (ESP)

41

6:3 2:6 6:4

Q

Florian Mayer (GER)

38

7:5 6:1

S

Tomas Berdych (CZE)

7

6:7 6:2 4:2 Berdych retired

W

Roger Federer (SUI)

2

6:3 6:3

  BNP Paribas Open (Indian Wells, U.S.A.) | 10.03.2011. – 20.03.2011. | ATP 1000

 Round

Opponent

Rank

Score

R64

Andrey Golubev (KAZ)

39

6:0 6:4

R32

Ernests Gulbis (LAT)

34

6:0 6:1

R16

Viktor Troicki (SRB)

18

6:0 6:1

Q

Richard Gasquet (FRA)

21

6:2 6:4

S

Roger Federer (SUI)

2

6:3 3:6 6:2

F

Rafael Nadal (ESP)

1

4:6 6:3 6:2

Obama não é diferente

20 Março, 2011 0

1 – Nunca fiz parte do extenso rol de pessoas, espalhadas pelos mais diversos locais, que um dia acordaram a pensar que Barack Obama era o salvador do mundo. No entanto, confesso, apreciei a sua entrada em cena. Educado, divertido, sereno, dono de um discurso inovador e – bastante importante – apaixonado por basquetebol e mais especificamente pelos Chicago Bulls, duas “causas” que também subscrevo. Em suma, acreditei que os Estados Unidos iriam passar a ter um líder com dois dedos de testa, depois dos tempos conturbados com um paranóico à frente da nação.

A popularidade de Obama, contudo, tem decrescido de forma evidente. Dentro e fora dos “States”. Aceito, claro, que ele não é culpado de tudo o que lhe apontam, mas mentiria se dissesse que, aqui e ali, não dei comigo a torcer o nariz a determinadas decisões ou declarações. Mas, decididamente, nunca tinha ficado tão distante das suas políticas até o ver, nas últimas horas, a mandar bombardear a Líbia.

Não vou discutir se Kadhafi é um bom rapaz. Apenas faço questão de recordar que, há uns meses, quando em Lisboa ou Roma recebia abraços e elogios, não era melhor ou pior que hoje. Não discuto também se qualquer pessoa normal fica angustiada por saber que determinado líder resolveu atacar o seu próprio povo. Mais: parece-me perfeitamente lógico que a comunidade internacional defenda – sempre e em qualquer circunstância – os fracos e oprimidos e que tenha palavras críticas com todos os que se esqueçam de cumprir as mais elementares regras de civismo. O que não suporto é a hipocrisia que, sistematicamente, se observa nestes casos.

A principal justificação que o pretenso “eixo do bem” encontrou para atacar a Líbia é que Kadhafi estava a bombardear populações indefesas. O argumento parece válido, só que esbarra numa contradição óbvia. As bombas aliadas são inteligentes? Sabem exactamente onde caem e, mais importante, quem está nesses alvos? Atirar com mais de 100 mísseis para cima de qualquer cidade é um crime contra a humanidade, pois por mais avanços tecnológicos que se utilizem é impossível não matar ou ferir pessoas que nada têm a ver com o assunto. E não podemos falar somente de quem sofre no corpo as consequências desses actos. Quantas casas de família são destruídas? E escolas e hospitais?

O Ocidente devia perceber, de uma vez por todas, que não é a impor a sua força militar que contribui para um mundo melhor. A menos que continuem a considerar, por exemplo, que Iraque e Afeganistão estão, de momento, melhor que no passado. Antes, por culpa dos seus líderes, existiam lá muitos problemas? É verdade, mas agora a situação não melhorou. Bem pelo contrário. E nem sequer me vou pronunciar sobre as práticas inacreditáveis de muitos soldados ditos “civilizados”, baseio a minha opinião somente nos dados objectivos, que é como quem diz nos números actuais de mortos, feridos, desalojados ou desempregados.

2 – Estava eu a pensar escrever estas linhas quando, nem de propósito, vi uma reportagem do programa “60 Minutos” sobre o aumento brutal do número de famílias pobres nos Estados Unidos, mais concretamente na zona de Orlando, Florida, até agora considerada uma região abastada e local onde já estive várias vezes (em trabalho e de férias) e com a qual simpatizo imenso. Muitos dos que recentemente faziam parte da classe média norte-americana estão, agora, sem trabalho e sem dinheiro. Fiquei estarrecido ao ver dezenas de crianças, aparentemente oriundas de camadas sociais relativamente abastadas, a confirmar, com lágrimas nos olhos, que passam dias inteiros sem comer, que dormem em carrinhas ou motéis de berma de estrada, que se lavam em balneários públicos, que ficaram sem os seus brinquedos ou roupas. Tudo por que os pais perderam o emprego e, alguns meses depois, deixaram de conseguir honrar os respectivos compromissos com os bancos.

A crise, decididamente, não é um exclusivo português ou europeu, nem tão-pouco dos países asiáticos e africanos que, nas últimas semanas, resolveram marcar a agenda internacional. O poderoso gigante norte-americano está a contas com problemas tremendos. Diariamente, milhares de famílias são obrigadas a abandonar as suas casas e engrossam as estatísticas dos sem-abrigo. Mas, perante isto, o que é que Obama faz? Ordena o despejo de 110 mísseis “tomahawks” sobre a Líbia. Se tivermos em conta que cada “brinquedo” destes custa 750 mil dólares, só no sábado os Estados Unidos torrou 82 milhões! Tal soma, astronómica, não podia ser aplicada de melhor maneira, ajudando verdadeiramente alguém? Eu acho que sim…

 

Murray exibe cuecas… no “court”

18 Março, 2011 0

O britânico Andy Murray não teve um desempenho feliz em Indian Wells, num dos torneios mais prestigiados do circuito mundial de ténis. Mas, nem por isso deixou de ser um dos principais protagonistas da prova. Como? Mudando, sem qualquer complexo, de calções em pleno “court”, durante um duelo na variante de pares. O público não evitou as gragalhadas perante a tranquilidade do escocês e até a jovem “apanha bolas” que surge na foto foi incapaz de não esboçar o sorriso. Será que este comportamento vai tornar-se moda ou a maioria dos tenistas irá continuar a preferir o recato do balneário para proceder a estas alterações de indumentária?