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O treinador do FC Porto sabe que a sua equipa foi prejudicada em Barcelos, na inesperada derrota (1-3) com o Gil Vicente. Sabe e fez questão de o dizer no “flash interview” e na conferência de imp..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

O que sabe Vítor Pereira

29 Janeiro, 2012 0

O treinador do FC Porto sabe que a sua equipa foi prejudicada em Barcelos, na inesperada derrota (1-3) com o Gil Vicente. Sabe e fez questão de o dizer no “flash interview” e na conferência de imprensa que se seguiram ao embate. Com efeito, teve razão em apontar o dedo ao trabalho da equipa liderada por Bruno Paixão que, entre vários erros, acabou por falhar mais em prejuízo dos azuis e brancos.

O responsável portista sabe também que, durante os primeiros 45 minutos do duelo no Minho, os seus jogadores não jogaram… nada! Vítor Pereira tem tanta certeza disso que, enquanto não levou a conversa para temas secundários (como convém sempre que estamos atrapalhados e sem saber o que dizer em relação ao tema principal), assumiu que o desempenho dos seus futebolistas na primeira etapa foi “apático”, que a equipa não “mostrou nada” e que isso é impróprio para quem “quer ser campeão nacional outra vez”.

Vítor Pereira sabe ainda que, na segunda metade, a equipa melhorou (e muito) de rendimento só que, com uma desvantagem de dois golos da etapa inicial – a que se juntou mais um logo no reatamento -, foi impossível assegurar, pelo menos, a conquista de 1 ponto que, nesta altura, com o Benfica numa sequência de 7 triunfos consecutivos, muito jeito daria para manter a candidatura ao título menos complicada.

Em resumo, o técnico que Pinto da Costa insiste em dizer que foi uma primeira escolha para suceder a André Villas-Boas, o tal que de repente – aos olhos de alguns – teve quase tanta (ou até mais) influência na época de sonho da temporada anterior… sabe muitas coisas. E como convém, assume-as publicamente. É justo.

Curioso é que, sempre que o FC Porto resvala, na exibição, no resultado ou em ambos os casos… o treinador só sabe dizer que a coisa correu mal, que a atitude foi demasiado passiva, etc, etc. Gostava era de o ouvir dizer quais pensa serem as razões para isso. A equipa joga mal por obra de quem? O conjunto tende a melhorar após as substituições devido a quê, à má formação do onze? A falta de atitude deriva da ausência de liderança, de voz de comando?

Vítor Pereira, pelos vistos, sabe (ou desconfia) que as faixas já estão a ser encomendadas para outro lado. Volta a ter razão. Só ainda não percebeu que se isso se verificar, para além do mérito alheio, ficará a dever-se a erros vários da concorrência directa. A maioria com uma assinatura que ele conhece bem…

PS – Inacreditável a forma como Vítor Pereira, num primeiro momento, desrespeitou a sensacional prestação de um Gil que, na Luz, já havia dado bastante trabalho. Pretender resumir o feito dos homens de Paulo Alves a apenas uma exibição “digna” é… absurdo. Felizmente, minutos após o “flash interview”, conseguiu ser um pouco mais… verdadeiro na análise.

PS 1 – Pinto da Costa continua fiel à sua aposta em Vítor Pereira. E ela continua a levá-lo para uma época previsivelmente inversa à anterior. Erros todos cometemos, não aceitar que os fazemos e insistir neles não é próprio de quem tem um passado recheado de sucesso.

PS 2 – Vítor Pereira não foi o único treinador com um mau discurso nesta jornada da Liga. No sábado, em Santa Maria da Feira, Jorge Jesus também só viu o que lhe interessou. E até demonstrou saber, na conversa com os jornalistas, que o Feirense só tinha tido uma oportunidade, aquela que transformou em golo. Tem razão. O golo (mal) anulado e a bola que bateu na trave, por exemplo, não se viram no Marcolino de Castro. Só na minha televisão!

Alvalade a ferro e fogo

20 Janeiro, 2012 0

A época futebolística ainda não acabou. Longe disso, pelo que, efectivamente, o Sporting é a única formação nacional que ainda se pode dar ao luxo de ganhar as quatro competições em que está inserida. No entanto, se por volta do Natal, adeptos, dirigentes e equipa falavam disso com propriedade, agora ninguém se atreve a abordar o tema. De momento, são os seguidores dos clubes rivais que brincam com a questão. E fazem-no porque, sem rodeios, os últimos indicadores apontam para mais uma temporada cinzenta por parte dos leões. Significa isso que, em Alvalade, não vai haver, lá mais para a frente, um único motivo de festa? Não, apenas e só que, por agora, o cenário é duro e que, o “bolo” mais desejado (o campeonato), acabará noutra “mesa”…

O Sporting, pela enésima vez, resolveu mudar de paradigma no derradeiro defeso. Trocou quase tudo, optando por fechar um ciclo que, como tem sido habitual, serviu basicamente para “queimar” treinadores e gastar dinheiro. Compreendi que o fizesse. Mais: acreditava (e ainda sinto isso) que iria recuperar algum terreno em relação a FC Porto e Benfica. Contudo, ao invés de muita rapaziada cheia de boas intenções – ou incapaz de lidar com a realidade -, jamais considerei provável que o título nacional pudesse sair da rota do Dragão ou da Luz.

O Sporting, por culpa principalmente dos seus dirigentes, vive ciclicamente com um problema grave: considera que as equipas ganhadoras se fazem de um dia para o outro, que não é preciso tempo para os técnicos conhecerem os jogadores ou para os atletas encaixarem nos métodos de quem dirige. Basicamente, por aquelas bandas, há muita gente que fala com o coração, mas com pouca razão. Esse é o primeiro passo para tudo ruir ao mínimo abanão. Até porque aqueles que admitem ser necessário dar tempo ao tempo… mudam de opinião após meia dúzia de vitórias consecutivas.

Depois de uma pré-temporada de 8 e 80, os leões entraram mal na Liga. Tanto que ninguém me tira da cabeça que uma eventual derrota em Paços de Ferreira – jogo em que a 15 minutos do fim os lisboetas perdiam por 2-0 – poderia ter precipitado a saída do Domingos. Depois, com algumas exibições positivas, com Rinaudo e Wolfswinkel em alta, mas também com vários jogos em superioridade numérica, a equipa serenou e logo as previsões sem nexo apontavam para uma época histórica. Porém, bastaram aparecer os jogos com os rivais e tudo começou a ficar diferente. Tanto que, por agora, Académica, Nacional ou Moreirense parecem ser Benfica ou FC Porto.

O Sporting tem melhor equipa esta temporada. E está melhor orientado. Mas continua muito longe do poderio (analisando em várias vertentes que não apenas a desportiva) dos rivais. Saber conviver com isso e prosseguir, paulatinamente, o seu caminho era a melhor solução, mas já se percebeu que Godinho Lopes – e não só – não consegue controlar-se. As declarações de optimismo exacerbado, aliadas às denúncias nunca confirmadas sobre atitudes de Luís Filipe Vieira no dia do duelo com o Benfica, passando pela concordância com a colocação de imagens de mau gosto no túnel de acesso ao relvado de Alvalade (na génese até concordo que cada clube pode e deve lá colocar o que bem entender), depois trocadas por uma versão absurda reflecte bem que, para não variar, no reino do leão… reina a confusão. Tanta que até alguém se lembrou de dizer o que as autoridades disseram sobre o tema, ignorando que ninguém as tinha consultado.

O Sporting, é verdade, prossegue em quatro frente mas, por agora, poucos sabem onde está o Norte ou o Sul. E recuperar o passo, perante casos como o de Bojinov, afigura-se complicado.

PS – Vejo na tv as imagens da apresentação do musical do Sporting e fico sem palavras. O gosto da coisa seria sempre questionável, mas apresentá-la horas depois do “filme” do jogo com o Moreirense foi… surreal. Ninguém se lembrou de adiar a cerimónia para data mais oportuna, nem que fosse necessário alegar indisposição de um dos participantes?!

Mourinho e as saudades de Inglaterra

19 Janeiro, 2012 0

De vez a vez, José Mourinho aproveita as concorridas conferências de imprensa em Madrid para dizer, de forma mais ou menos directa, que tem saudades do futebol inglês. É legítimo que pense assim. Afinal, foi nas ilhas britânicas que ascendeu ao galarim, apesar de ter saído do FC Porto já com vários (e importantes) títulos no currículo.

Foi em Inglaterra, com o auxílio precioso do livro de cheques de um russo necessitado de protagonismo à escala global, que Mourinho confirmou ser um técnico de eleição, capaz de construir equipas, motivar os jogadores, entusiasmar os adeptos ou inventar dinâmicas (desportivas e não só) que, hoje e no futuro, serão dissecadas por jornalistas, estudiosos ou simples curiosos.

Não sei se Mourinho é, na actualidade, o melhor treinador de futebol a nível mundial. Nem considero essa análise importante. É um dos melhores. Do momento e da história. Se não se quiser olhar para mais nada, pelo menos que se observe a lista de conquistas e, de imediato, se concluirá que o setubalense está entre os grandes de todos os tempos.

Mourinho não é apenas um excelente treinador de futebol. É um homem inteligente e devidamente apaixonado à sua causa, um vencedor compulsivo. Ganhar é uma necessidade. Tão grande que, quando vence menos vezes que o costume, começa a ter dificuldades em situar-se, a proferir declarações dúbias, a perder a paciência com quem o questiona, a mostrar um lado bélico, a cometer deslizes que, por norma, não são típicos na sua maneira de ser e estar.

Ora, em Madrid, pese ter conseguido colocar os merengues a jogar incomparavelmente melhor que no passado recente… Mourinho sente-se cada vez menos confortável. Razões para isso? É devastador liderar aquela que é quase unanimemente considerada a segunda melhor equipa do planeta, mas isso significar pouco ou nada a nível de títulos. O Real Madrid da actualidade vive o drama de ter de disputar o mesmo campeonato, a mesma taça, quase sempre a mesma supertaça e a mesmíssima Liga dos Campeões que o Barcelona, o melhor conjunto do futebol moderno e, acredito seriamente, aquela que deverá ser, daqui a uns tempos, considerada a equipa das equipas da história da modalidade.

O Barcelona não se limita a ganhar a maioria das vezes e, mercê disso, coleccionar um sem número de troféus. A forma como marca a diferença para os rivais, inclusive para o que está mais próximo do seu valor, é assustadora. Os catalães, até no reduto rival, parecem ter a situação sempre controlada. Agora, imagine-se que até começar os jogos a perder parece ser indiferente. Mais minuto, menos minuto, os pupilos de Guardiola acabam por fazer prevalecer a sua indesmentível superioridade.

Sem este Barcelona, o Real Madrid era, indiscutivelmente, a melhor equipa mundial. E Mourinho o técnico mais importante, ao passo que Ronaldo já teria uma sala de troféus maior que quase todos os clubes mundiais. O problema é que o Barça, Guardiola e Messi existem. Todos nós sabemos disso. E o técnico português melhor que ninguém, razão pela qual sonha com um campeonato onde os outros não entrem. Como eu o compreendo!

PS – Mourinho esteve mal ao abdicar da sua filosofia de jogo no recente embate com o Barcelona. Inventou um novo esquema táctico, tirou jogadores das posições habituais e assumiu que, perante este adversário, tem de vestir o fato de equipa mais débil. Os mais radicais adeptos merengues não lhe perdoam esta declaração de incapacidade. Isso, assim como os 73% de posse de bola dos forasteiros, dói muito mais que a derrota.

PS1 – Durante o jogo fiz questão de, através do “twitter”, dizer o que pensava da maneira de ser de um futebolista sensacional – um dos melhores centrais do planeta – chamado Pepe. Vou repetir a ideia base: é uma vergonha o que ele faz dentro de um campo de futebol. Ter reacções graves num momento, como aconteceu no passado, até se entende, mas o que se viu desta vez é pior. Revela falta de nível, de respeito para com adversários e companheiros de profissão. Sou um incondicional adepto da qualidade futebolística de Pepe, mas tenho vergonha de o ver representar o meu país fazendo coisas como aquelas de quarta-feira.

Messi e os “chicos-espertos”

9 Janeiro, 2012 0

Sem surpresa – e já agora com total justiça -, o argentino Lionel Messi recebeu, segunda-feira, em Zurique, o seu terceiro troféu de melhor futebolista mundial. Trata-se, tão somente, do reconhecimento da invulgar capacidade do jogador do Barcelona que, mais importante do que brilhar nos relvados de forma individual, tem o condão de fazer a sua equipa coleccionar títulos uns atrás dos outros. Para quem anda distraído e gosta de falar sem um mínimo de lógica, convém atentar no seguinte: em 2011, a formação catalã onde pontifica o sul-americano ganhou a Liga dos Campeões, o Campeonato e a Supertaça de Espanha, a Supertaça europeia e o Mundial de Clubes. Coisa pouca!

Ignorar (ou tentar esconder) que Messi foi o melhor futebolista do planeta o ano passado é completamente absurdo. Foi e sem margem para dúvidas, pois a entrega destes troféus visa, naturalmente, distinguir quem joga bem, mas essencialmente quem consegue, com essa qualidade individual, ajudar o seu colectivo a ganhar. Messi quase teve um ano perfeito. Só deixou escapar a Taça de Espanha. E mesmo aí jogou a final. Pelos vistos, para uns quantos entendidos, não chega.

Admito, sem rodeios, que decidir quem é o melhor jogador mundial de actualidade é uma tarefa complicadíssima. O nosso Cristiano Ronaldo é também um predestinado, um futebolista de eleição, daqueles que ficará para sempre na história da modalidade e do desporto. E tem estado numa forma sublime. Contudo, se é legítimo optar pelo português na hora de dizer quem se considera melhor, devia ser impossível não votar em Messi como o melhor de 2011. Ou os títulos deixaram de ser importantes na hora de fazer as contas?

Pois bem, segundo se soube através do site da FIFA, em Portugal há quem tenha coragem para não ver o óbvio e, pior que isso, usar truques para tentar a nossa tradicional “chica-espertice”. Como? Começando por indicar Nuno Gomes como capitão da Selecção Nacional! O avançado do Sp. Braga não é o capitão da equipa de todos nós. Aliás, seria estranho que fosse, pois há muito deixou de ser uma presença assídua nas convocatórias. O capitão, todos sabemos, é Ronaldo. Contudo, se fosse a estrela merengue a votar, nas contas finais teria menos um voto, já que os regulamentos não permitem que o eleitor seja ao mesmo tempo o eleito. Avançando outro capitão… o problema está devidamente driblado.

A tentativa mesquinha de empurrar Ronaldo para uma vitória virtualmente impossível foi tão grande que o “capitão” Nuno Gomes até se esqueceu de votar em Messi. Sim, o argentino não foi o primeiro no critério do dianteiro, nem sequer segundo ou terceiro! Ainda bem que a votação não pedia 5 ou 10 nomes ou, a esta hora, quem reparasse nisso teria de rir de forma descontrolada.

Paulo Bento, valha-nos isso, teve um pouco mais de respeito com a verdade e ainda colocou Messi em terceiro da sua lista. Ainda assim, conseguiu meter Nani (grande ano) à frente do argentino o que, face ao que se viu e ao número de títulos, merece igualmente ser apontado como uma “jogada”.

Messi, diga-se em abono da verdade, também não brilhou ao esquecer-se de Ronaldo na sua votação. Todavia, ao escolher Xavi e Iniesta, defendeu-se bem, pois os companheiros do Barça foram igualmente sensacionais no último ano. Já o voto no compatriota Aguero, pese o óptimo registo desde que chegou ao Manchester City, é igualmente forçado. Ainda assim, a “Pulga” teve a decência de não passar a bola a um capitão de ocasião.

Este tipo de eleições, assim como as galas com que culminam (a paragem para o momento musical é sempre interessante, embora pudessem começar a pensar em desfiles de moda ou algo do género), são cada vez mais desajustadas da realidade. Expostas a votações por interesses faz-me lembrar o antigo Festival da Canção, aquele mega-evento em que, se eu participasse há anos, garantia, antecipadamente 1 ponto por parte dos vizinhos espanhóis. Não sei cantar? E isso interessava para quê?

PS – Se Messi vai em três Bolas de Ouro consecutivas, Xavi igualou o alemão Schuster como o único futebolista da história que mereceu três pódios sem lograr levantar o troféu. O médio espanhol, que passa sem a devida exposição mediática por não marcar muitos golos, é um jogador extraordinário mas, se calhar, andará a carreira inteira sem agarrar algo que merecia. De quem é a culpa? De Messi e de Ronaldo! Ainda assim, convém ter presente que o centrocampista tem ganho o mesmo número de troféus colectivos que Messi e que, pelo meio, ainda juntou os títulos mundial e europeu. Isso, digo eu, vale muito mais que a Bola de Ouro. E ele, de certeza, não trocava.

Clássico sem qualidade

7 Janeiro, 2012 0

No final do duelo de Alvalade, ouvi Vítor Pereira queixar-se de uma eventual expulsão que fora perdoada a Polga e Domingos responder, logo de seguida, alegando que também existiram erros contra a sua equipa e que, por exemplo, João Moutinho podia ter visto o segundo amarelo. Se nunca tivesse sido treinador de um desporto colectivo, creio que desataria a rir. Assim, digo apenas que é normal, quando somos juízes em causa própria, ver com o coração e não com os olhos. Ainda assim, como ambos concordaram que o jogo não foi grande coisa e que o nulo se aceita… menos mal.

Assumindo que o árbitro podia, de facto, ter mandado alguém mais cedo para o balneário, pareceu-me claro que Pedro Proença foi o melhor elemento em campo. Ele não tinha uma liderança para defender, nem a necessidade imperativa de diminuir a desvantagem pontual para, pelo menos, um dos adversários directos na corrida pelo título. Dito de outra forma, o juiz, com um ou outro deslize à mistura, cumpriu a respectiva missão, enquanto dragões e leões se limitaram a jogar para não perder e esperar que, com a ajuda dos deuses, caísse um golito dos céus que lhes proporcionasse a vitória. Essa, decididamente, não é a melhor estratégia para vencer, embora por vezes resulte.

O Sporting, para quem actuava em casa, tinha uma desvantagem considerável na classificação e já perdeu na Luz, não foi uma equipa tão incisiva quanto se esperava. Podia ter marcado, é verdade, mas jamais encostou o adversário à sua baliza, nunca teve o controlo das operações de forma evidente. Em traços gerais, em momento algum exibiu o futebol que tem agradado aos adeptos. Decididamente, Domingos tem de deixar de lado a Cerelac e tratar de inventar outro tipo de “aliementação” para os jogadores. É que assim, pese matematicamente tudo ser possível, a possibilidade real de a equipa chegar ao título é quase zero. Então se o Benfica vencer em Leiria…

Nos leões, entendendo que era complicado optar por outras soluções na maioria dos casos, não percebi a titularidade de Renato Neto. Então o rapaz não servia no início da temporada, passa uns meses na Bélgica e quando regressa precisa apenas de uns treinos para ser titular num clássico? A ideia faria sentido se estivessemos a falar de um craque. Contudo, o jovem brasileiro é apenas uma promessa, sem rotinas com os companheiros, sem conhecimento das dinâmicas, sem noção exacta do tipo de jogo que se pratica na Liga. Lançá-lo assim, em vez do cada vez mais desacreditado André Santos, é não cuidar da sua natural evolução.

Do lado dos dragões, mesmo sabendo que James teve alguns problemas físicos durante a semana, parece-me indiscutível que o colombiano deveria ter sido titular. A menos que não pudesse mesmo jogar. E se fosse assim… também não deveria ter sido suplente utilizado. Adiante. Vítor Pereira escalou uma equipa sem profundidade, apostando quase que exclusivamente em Hulk para fazer a diferença. Mais uma táctica que pode funcionar, mas que não devia ser a primordial.

Em resumo, quando se pensa essencialmente em não perder… raramente se ganha. Foi o que aconteceu a Sporting e FC Porto, perante a natural satisfação do Benfica que, este domingo, tem todas as condições para se isolar na liderança. Basta ganhar. Veremos é se o tal “basta” é assim tão simples. Tem a palavra Jorge Jesus e os seus rapazes… Quanto ao clássico, só mais uma ideia: ainda bem que já acabou. Que desperdício de tempo em frente ao televisor.

Os donos da bola

4 Janeiro, 2012 0

Não, não quero recordar o programa de debate desportivo que, em tempos, a SIC transmitiu. Alertado por um amigo sul-americano, apenas pretendo dar a conhecer um texto interessante do jornalista argentino Ezequiel Fernández Moores que, a propósito do poderio de muitos portugueses nos meandros do futebol internacional (com destaque para o empresário Jorge Mendes), resolveu tentar encaixá-los, acabando por nos fazer olhar com atenção para situações que, isoladas, tendem a passar despercebidas. Por considerar que em castelhano a prosa tem maior valor, resolvi não traduzi-la. Aqui vai então, com a devida vénia ao autor, o texto intitulado “Primer mundo”:

En la torre más alta del mundo, Burj Khalifa, 828 pisos que costaron más de 4000 millones de dólares, los asistentes escucharon que siete millones de niños mueren anualmente de hambre. Una muerte cada cuatro segundos, agregó el informe, leído en el Pavillion Armani, al pie del hotel que está dentro de la torre, y cuyas habitaciones cuestan unos 1000 dólares la noche. La ONG Save the Children recibió aplausos, mientras desde la Fuente de Dubai, que costó 800 millones de dólares, los chorros de agua llegaban hasta el piso 50 de la torre. La subasta de camisetas firmadas por grandes cracks recaudó unos miles de dólares que fueron donados a la ONG que protege a la niñez. La sexta Conferencia del Deporte Internacional cerró la Audi Night Football, el 28 de diciembre en Dubai, con el premio al portugués Jorge Mendes como mejor agente de 2011 por segundo año consecutivo. Los clubes más poderosos del mundo, de Real Madrid a Manchester United, negocian con él. Mendes ya no sólo controla a técnicos y jugadores. Ahora, según las últimas denuncias, maneja clubes a través de fondos de inversión y es investigado por la FIFA. Es el nuevo dueño de la pelota. 

La camiseta que más dinero logró en la subasta de Dubai fue la de Lionel Messi (10.000 dólares). Pero Globe Soccer, organizadora de la velada, premió esa misma noche a Cristiano Ronaldo como mejor futbolista del año. “No tengo dudas de que Ronaldo será el mejor jugador de la historia, más desde que pasó a ser dirigido por José Mourinho, el mejor entrenador de todos los tiempos.” Los elogios de Jorge Mendes se entienden. Representa a ambos. El DT y el crack de Real Madrid lo llamaron del mismo modo cuando Mendes fue premiado en el Globe Soccer de 2010: “Big brother”. Son las dos joyas más preciadas de la escudería de Mendes. No las únicas. También es suyo el colombiano Radamel Falcao, fichaje récord en la historia del fútbol portugués, transferido por 40 millones de euros al Atlético de Madrid. El club, que debe más de 200 millones de euros, desmintió que Falcao haya sido adquirido con dinero del Doyen Group, un fondo de inversión que en España casi todos vinculan con Mendes. Al fondo le abrió las puertas para otras operaciones Miguel Ángel Gil Marín, hijo del ex presidente Jesús Gil y Gil y máximo accionista del Atlético. Al Porto no le importa quién paga. Su éxito, al fin y al cabo, “está en el mercado”. Lo dijo, también en Dubai, Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente del club, que debe a Mendes casi todas sus operaciones. Ya lejos de “Silbato Dorado”, una denuncia de compra de árbitros en la temporada 2003-04 de la que finalmente fue sobreseído, Pinto da Costa ganó esa misma noche el premio a la trayectoria como dirigente deportivo. En la edición de 2010 ese premio había sido para Gil Marín. Los hinchas del Atlético todavía se ríen. 

Futbolista mediocre, Mendes vio que a la cancha del Lanheses, un equipo de la tercera división portuguesa, le faltaba publicidad estática. Dejó la pelota y se dedicó a los negocios. Antonio Alberto, ex compañero de equipo y socio en un videoclub, fue su primer representado. Y su socio en la discoteca Alfandega, el arquero Nuno, fue su primera operación. Lo vendió al Deportivo La Coruña de su amigo el presidente Augusto Lendoiro, miembro del jurado que premió a Mendes en Dubai. Mendes entró en las “Grandes Ligas” en agosto de 2003, cuando Manchester United pagó algo más de 18 millones de euros por Cristiano Ronaldo, que tenía entonces 18 años. La operación derivó en una demanda por estafa que aún hoy se ventila en los tribunales ingleses. La agencia de representación inglesa Formation acusa a Gestifute, la firma de Mendes, con la que tenía un acuerdo de reciprocidad, de haber omitido que cobró una comisión de 1,8 millones de euros. El expediente judicial -según publicó The Guardian- desnudó de qué modo transfiere futbolistas el Primer Mundo: que Formation fue casi “obligada” por el club Sporting Lisboa a asociarse con Mendes cuando averiguó por Cristiano Ronaldo que Ronaldo estaba casi transferido al Arsenal por 9 millones de euros y que casi todo el dinero de la comisión oficial pagado por el United fue a manos de Umberto Branchini, un agente italiano amigo de Mendes, también miembro del jurado de Dubai que votó por el portugués. 

Al año siguiente, con Mourinho DT de Chelsea, Mendes ubicó en el club inglés del magnate ruso Roman Abramovich a los jugadores Ricardo Carvalho, Tiago Mendes y Paulo Ferreira por algo más de 50 millones. Ganó una comisión de 2,9 millones de euros. Formation tampoco pudo recibir allí su mitad. Descubrió que Mendes había cobrado casi toda su comisión a través de una segunda Gestifute. Gestifute International Limited, con sede en Irlanda. Formation ya no hacía falta. Al Manchester United, al que Mendes le vendió a Nani y Anderson, le colocó en 2010 al desconocido Bebé por 9 millones de euros, más de un tercio de los cuales fueron para su bolsillo. Bebé no jugó casi nunca y fue prestado al turco Besiktas. Mendes convirtió al fútbol portugués en su formidable centro de negocios. Allí llegan también cracks de América del Sur que luego son vendidos por cifras mucho mayores que los grandes de Europa. El gran dinero, sin embargo, no va exactamente para los clubes, sino para los fondos de inversión que compran y venden esos jugadores. Global Soccer Investment (GSI), Global Soccer Agency (GSA), Soccer Fund Invest, Benfica Stars Fund son sólo algunos de los nombres de fondos mayoritariamente asentados en paraísos fiscales y de composición desconocida, aunque bajo sospecha de que entre sus integrantes hay dirigentes que benefician su bolsillo y no la tesorería del club. 

Panenka , una nueva e interesante revista de fútbol en España, escribió en su primer número de octubre, en un amplio informe sobre Mendes, que “la Argentina fue pionera” en el tema. ¿Cómo olvidar la venta de Gonzalo Higuaín vía el club suizo Locarno a Real Madrid, un negocio fabuloso para la firma HAZ del empresario israelí Pini Zahavi y no para River Plate? ¿Y cuando el fondo MSI, con sede en las Islas Vírgenes Británicas, compró a Carlitos Tevez a Boca Juniors? En un brillante artículo de agosto pasado, el periodista David Conn publicó documentos que desnudan la batalla judicial que libran en los tribunales de Londres oligarcas beneficiados con las privatizaciones en Rusia y que en su momento compartían la ficha de Carlitos. Tevez, cuyo último contrato con Manchester City le reportaba 250.000 dólares por semana, pero ahora busca nuevo club, es un negocio que Boris Berezhovsky, exiliado en Londres, reclama a la familia del fallecido millonario georgiano Arkadi “Badri” Patarkatsihvili, a la que acusa de haberlo estafado, junto con el iraní Kia Joorabchian, agente de Tevez. Berezhovsky también demandó en Londres por otra estafa al famoso dueño del Chelsea, Abramovich. Cuentan que el desfile de abogados de poder, guardaespaldas y autos de lujo el día de audiencia en el tribunal hizo recordar a la película Promesas del Este. 

Su amigo Mourinho ya no está en el Chelsea sino en el Real Madrid de Florentino Pérez. Del oligarca ruso Mendes pasó a la Casa Blanca. La compra de Ronaldo por 94 millones de euros fue la cumbre. Pero también ubicó allí a Pepe, Carvalho, Angel Di María y, último fichaje, Fabio Coentrao, un lateral portugués que costó 30 millones. Su último juguete, el fondo Quality Sport Investment (QSI), le provocó problemas. La FIFA anunció una investigación después de que el QSI compró al Benfica al arquero Roberto por 8,6 millones de euros para cederlo al Zaragoza, que tiene una deuda de 134 millones. Mendes salió a aclarar que sólo es asesor del fondo, algunos de cuyos miembros, según trascendió, serían dirigentes de clubes españoles. Un miembro seguro es Peter Kenyon, ex dirigente de Chelsea, y la sede del fondo es Islas Jersey, uno de los tantos paraísos que, según economistas, sirven a la City inglesa para enviar las finanzas-basura que han hecho estallar la economía mundial. El quincenario español Diagonal pidió en su último numero imaginar que los clubes son los partidos políticos; los fondos, los bancos, y los futbolistas, los miles de millones de euros. “Obtendremos las razones por las que esta democracia -cerró el artículo- está tan secuestrada como el propio fútbol.”