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De vez a vez, José Mourinho aproveita as concorridas conferências de imprensa em Madrid para dizer, de forma mais ou menos directa, que tem saudades do futebol inglês. É legítimo que pense assim. ..." /> Mourinho e as saudades de Inglaterra - Olhos de ver - Record

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Mourinho e as saudades de Inglaterra

19 Janeiro, 2012 702 visualizações

De vez a vez, José Mourinho aproveita as concorridas conferências de imprensa em Madrid para dizer, de forma mais ou menos directa, que tem saudades do futebol inglês. É legítimo que pense assim. Afinal, foi nas ilhas britânicas que ascendeu ao galarim, apesar de ter saído do FC Porto já com vários (e importantes) títulos no currículo.

Foi em Inglaterra, com o auxílio precioso do livro de cheques de um russo necessitado de protagonismo à escala global, que Mourinho confirmou ser um técnico de eleição, capaz de construir equipas, motivar os jogadores, entusiasmar os adeptos ou inventar dinâmicas (desportivas e não só) que, hoje e no futuro, serão dissecadas por jornalistas, estudiosos ou simples curiosos.

Não sei se Mourinho é, na actualidade, o melhor treinador de futebol a nível mundial. Nem considero essa análise importante. É um dos melhores. Do momento e da história. Se não se quiser olhar para mais nada, pelo menos que se observe a lista de conquistas e, de imediato, se concluirá que o setubalense está entre os grandes de todos os tempos.

Mourinho não é apenas um excelente treinador de futebol. É um homem inteligente e devidamente apaixonado à sua causa, um vencedor compulsivo. Ganhar é uma necessidade. Tão grande que, quando vence menos vezes que o costume, começa a ter dificuldades em situar-se, a proferir declarações dúbias, a perder a paciência com quem o questiona, a mostrar um lado bélico, a cometer deslizes que, por norma, não são típicos na sua maneira de ser e estar.

Ora, em Madrid, pese ter conseguido colocar os merengues a jogar incomparavelmente melhor que no passado recente… Mourinho sente-se cada vez menos confortável. Razões para isso? É devastador liderar aquela que é quase unanimemente considerada a segunda melhor equipa do planeta, mas isso significar pouco ou nada a nível de títulos. O Real Madrid da actualidade vive o drama de ter de disputar o mesmo campeonato, a mesma taça, quase sempre a mesma supertaça e a mesmíssima Liga dos Campeões que o Barcelona, o melhor conjunto do futebol moderno e, acredito seriamente, aquela que deverá ser, daqui a uns tempos, considerada a equipa das equipas da história da modalidade.

O Barcelona não se limita a ganhar a maioria das vezes e, mercê disso, coleccionar um sem número de troféus. A forma como marca a diferença para os rivais, inclusive para o que está mais próximo do seu valor, é assustadora. Os catalães, até no reduto rival, parecem ter a situação sempre controlada. Agora, imagine-se que até começar os jogos a perder parece ser indiferente. Mais minuto, menos minuto, os pupilos de Guardiola acabam por fazer prevalecer a sua indesmentível superioridade.

Sem este Barcelona, o Real Madrid era, indiscutivelmente, a melhor equipa mundial. E Mourinho o técnico mais importante, ao passo que Ronaldo já teria uma sala de troféus maior que quase todos os clubes mundiais. O problema é que o Barça, Guardiola e Messi existem. Todos nós sabemos disso. E o técnico português melhor que ninguém, razão pela qual sonha com um campeonato onde os outros não entrem. Como eu o compreendo!

PS – Mourinho esteve mal ao abdicar da sua filosofia de jogo no recente embate com o Barcelona. Inventou um novo esquema táctico, tirou jogadores das posições habituais e assumiu que, perante este adversário, tem de vestir o fato de equipa mais débil. Os mais radicais adeptos merengues não lhe perdoam esta declaração de incapacidade. Isso, assim como os 73% de posse de bola dos forasteiros, dói muito mais que a derrota.

PS1 – Durante o jogo fiz questão de, através do “twitter”, dizer o que pensava da maneira de ser de um futebolista sensacional – um dos melhores centrais do planeta – chamado Pepe. Vou repetir a ideia base: é uma vergonha o que ele faz dentro de um campo de futebol. Ter reacções graves num momento, como aconteceu no passado, até se entende, mas o que se viu desta vez é pior. Revela falta de nível, de respeito para com adversários e companheiros de profissão. Sou um incondicional adepto da qualidade futebolística de Pepe, mas tenho vergonha de o ver representar o meu país fazendo coisas como aquelas de quarta-feira.