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Sem surpresa – e já agora com total justiça -, o argentino Lionel Messi recebeu, segunda-feira, em Zurique, o seu terceiro troféu de melhor futebolista mundial. Trata-se, tão somente, do re..." /> — ler mais..

Sem surpresa – e já agora com total justiça -, o argentino Lionel Messi recebeu, segunda-feira, em Zurique, o seu terceiro troféu de melhor futebolista mundial. Trata-se, tão somente, do re..." /> Messi e os “chicos-espertos” - Olhos de ver - Record

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Messi e os “chicos-espertos”

9 Janeiro, 2012 589 visualizações

Sem surpresa – e já agora com total justiça -, o argentino Lionel Messi recebeu, segunda-feira, em Zurique, o seu terceiro troféu de melhor futebolista mundial. Trata-se, tão somente, do reconhecimento da invulgar capacidade do jogador do Barcelona que, mais importante do que brilhar nos relvados de forma individual, tem o condão de fazer a sua equipa coleccionar títulos uns atrás dos outros. Para quem anda distraído e gosta de falar sem um mínimo de lógica, convém atentar no seguinte: em 2011, a formação catalã onde pontifica o sul-americano ganhou a Liga dos Campeões, o Campeonato e a Supertaça de Espanha, a Supertaça europeia e o Mundial de Clubes. Coisa pouca!

Ignorar (ou tentar esconder) que Messi foi o melhor futebolista do planeta o ano passado é completamente absurdo. Foi e sem margem para dúvidas, pois a entrega destes troféus visa, naturalmente, distinguir quem joga bem, mas essencialmente quem consegue, com essa qualidade individual, ajudar o seu colectivo a ganhar. Messi quase teve um ano perfeito. Só deixou escapar a Taça de Espanha. E mesmo aí jogou a final. Pelos vistos, para uns quantos entendidos, não chega.

Admito, sem rodeios, que decidir quem é o melhor jogador mundial de actualidade é uma tarefa complicadíssima. O nosso Cristiano Ronaldo é também um predestinado, um futebolista de eleição, daqueles que ficará para sempre na história da modalidade e do desporto. E tem estado numa forma sublime. Contudo, se é legítimo optar pelo português na hora de dizer quem se considera melhor, devia ser impossível não votar em Messi como o melhor de 2011. Ou os títulos deixaram de ser importantes na hora de fazer as contas?

Pois bem, segundo se soube através do site da FIFA, em Portugal há quem tenha coragem para não ver o óbvio e, pior que isso, usar truques para tentar a nossa tradicional “chica-espertice”. Como? Começando por indicar Nuno Gomes como capitão da Selecção Nacional! O avançado do Sp. Braga não é o capitão da equipa de todos nós. Aliás, seria estranho que fosse, pois há muito deixou de ser uma presença assídua nas convocatórias. O capitão, todos sabemos, é Ronaldo. Contudo, se fosse a estrela merengue a votar, nas contas finais teria menos um voto, já que os regulamentos não permitem que o eleitor seja ao mesmo tempo o eleito. Avançando outro capitão… o problema está devidamente driblado.

A tentativa mesquinha de empurrar Ronaldo para uma vitória virtualmente impossível foi tão grande que o “capitão” Nuno Gomes até se esqueceu de votar em Messi. Sim, o argentino não foi o primeiro no critério do dianteiro, nem sequer segundo ou terceiro! Ainda bem que a votação não pedia 5 ou 10 nomes ou, a esta hora, quem reparasse nisso teria de rir de forma descontrolada.

Paulo Bento, valha-nos isso, teve um pouco mais de respeito com a verdade e ainda colocou Messi em terceiro da sua lista. Ainda assim, conseguiu meter Nani (grande ano) à frente do argentino o que, face ao que se viu e ao número de títulos, merece igualmente ser apontado como uma “jogada”.

Messi, diga-se em abono da verdade, também não brilhou ao esquecer-se de Ronaldo na sua votação. Todavia, ao escolher Xavi e Iniesta, defendeu-se bem, pois os companheiros do Barça foram igualmente sensacionais no último ano. Já o voto no compatriota Aguero, pese o óptimo registo desde que chegou ao Manchester City, é igualmente forçado. Ainda assim, a “Pulga” teve a decência de não passar a bola a um capitão de ocasião.

Este tipo de eleições, assim como as galas com que culminam (a paragem para o momento musical é sempre interessante, embora pudessem começar a pensar em desfiles de moda ou algo do género), são cada vez mais desajustadas da realidade. Expostas a votações por interesses faz-me lembrar o antigo Festival da Canção, aquele mega-evento em que, se eu participasse há anos, garantia, antecipadamente 1 ponto por parte dos vizinhos espanhóis. Não sei cantar? E isso interessava para quê?

PS – Se Messi vai em três Bolas de Ouro consecutivas, Xavi igualou o alemão Schuster como o único futebolista da história que mereceu três pódios sem lograr levantar o troféu. O médio espanhol, que passa sem a devida exposição mediática por não marcar muitos golos, é um jogador extraordinário mas, se calhar, andará a carreira inteira sem agarrar algo que merecia. De quem é a culpa? De Messi e de Ronaldo! Ainda assim, convém ter presente que o centrocampista tem ganho o mesmo número de troféus colectivos que Messi e que, pelo meio, ainda juntou os títulos mundial e europeu. Isso, digo eu, vale muito mais que a Bola de Ouro. E ele, de certeza, não trocava.