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Hoje estive na Luz, em trabalho, a acompanhar a seleção da Suécia. Durante pouco mais de uma hora percebi, embora não precisasse de ter lá estado para chegar a esta conclusão, que se em alguns aspe..." /> Stromberg e a mentalidade dos suecos - Honores liga - Record

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Stromberg e a mentalidade dos suecos

15 Novembro, 2013 1773 visualizações

Hoje estive na Luz, em trabalho, a acompanhar a seleção da Suécia. Durante pouco mais de uma hora percebi, embora não precisasse de ter lá estado para chegar a esta conclusão, que se em alguns aspetos os portugueses fossem mais parecidos com os adversários de amanhã podíamos ser um pouco mais felizes.

Para começar, um pormenor curioso: depois de Zlatan Ibrahimovic entrar no relvado – dez minutos depois dos outros jogadores, porque as estrelas são assim mesmo – os cerca de 100 adeptos levantaram-se a aplaudir. O craque não agradeceu, nem olhou para trás, ignorou simplesmente. Pouco depois, o selecionador Erik Hamrén foi à bancada, literalmente. Subiu uns degraus e parou para falar com os adeptos que, entretanto, se chegaram perto do técnico.

Uns cinco ou dez minutos depois voltou ao relvado e um simpático repórter fotográfico sueco explicou-nos: ele foi pedir para não aplaudirem apenas o Zlatan, para apoiarem toda a seleção porque é chato para os outros jogadores. Vocês, estimados leitores, estão a imaginar o Paulo Bento (ou qualquer outro selecionador português) a subir a uma bancada para, no meio dos índios, lhes pedir para não aplaudirem só Cristiano Ronaldo? Pois, eu também não.

Na bancada estava também Glenn Stromberg.


Para quem não sabe, ou para os mais novos, Stromberg foi um médio do Benfica, entre 1982 e 1984, para mim, e penso que a opinião será unânime, um dos melhores estrangeiros do futebol português.

Fomos ter com o homem, eu e o colega da concorrência, e a conversa revelou mais aspetos da mentalidade sueca. Pediu desculpa por já não falar português – só porque não pratica – mas entendia as perguntas feitas na língua de Camões. Passada a parte da explicação sobre a sua presença – é comentador de um canal sueco – diz o antigo médio: “Se as duas seleções estiverem a 100 por cento, Portugal é melhor. O problema da equipa portuguesa é ser muito de altos e baixos enquanto a sueca não é tão boa mas joga sempre ao mesmo nível.”

Pois, o problema, digo eu, é que os suecos sabem disso, conhecem as suas limitações e jogam sempre no máximo. Calharam no grupo da Alemanha e, talvez só por isso, foram obrigados a disputar este playoff mas deram sempre o máximo. Já nós, não conseguimos ganhar a Israel e perdemos dois pontos com a Irlanda do Norte.

Friamente, os suecos merecem mais do que nós este Mundial. Obviamente, não é esse o meu desejo, quero Portugal no Brasil, mas só desculpo os nossos jogadores portugueses também nasci por cá e percebo bem a nossa forma de estar. “Vamos todos dar o máximo nestes dois jogos, queremos estar no Mundial”, disse Nani (mais ou menos por estas palavras) esta semana. Pois querem mas só se lembraram disso agora?

Somos assim e não há nada a fazer, só reagimos quando estamos encostados às cordas. É a nossa mentalidade.

Depois, o simpático Stromberg – é engraçado como sabemos que algumas pessoas são simpáticas mesmo antes de as conhecermos – ainda contou como continua a sentir Portugal, mesmo passados 30 anos. “Mal saí do avião respirei este ar, que bom!”, disse o sueco. Vêm cá três ou quatro vezes por ano e, apesar de já não ser o seu estádio, vai à Luz. Depois, para reviver, passeia a pé na zona de Benfica. “O estádio não é o mesmo mas a zona é a de sempre. É bom ir aos cafés que conheço, beber uma cerveja e continuar a pagar só 1 euro, nunca aumenta o preço? Eu sei que em Cascais pago 3€ por uma cerveja mas aqui em Benfica continua tudo barato”, terminou.

“Afinal, ainda tem coisas de português”, disse-lhe à despedida.

“Sim, eu sou um gajo meio português”, respondeu em bom português.

Adeus, senhor Stromberg, foi um prazer, devia ter-lhe dito.

Ah, já agora, acho que Portugal vai ao Mundial, com maior ou menor dificuldade.