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Já conhecia a fama de a companhia aérea israelita ser a mais segura do mundo. Até já estava preparado para ser interrogado no aeroporto de Lisboa, antes de voar para Israel, de onde escrevo. Não es..." /> — ler mais..

Já conhecia a fama de a companhia aérea israelita ser a mais segura do mundo. Até já estava preparado para ser interrogado no aeroporto de Lisboa, antes de voar para Israel, de onde escrevo. Não es..." /> De certeza que há jogo? (e muitas outras perguntas) - Honores liga - Record

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De certeza que há jogo? (e muitas outras perguntas)

7 Agosto, 2013 606 visualizações

Já conhecia a fama de a companhia aérea israelita ser a mais segura do mundo. Até já estava preparado para ser interrogado no aeroporto de Lisboa, antes de voar para Israel, de onde escrevo. Não esperava era um número tão grande de perguntas, algumas delas… Enfim.

Antes de embarcarmos, eu e o companheiro de trabalho de outro jornal, fomos abordados por um agente (à paisana) da segurança israelita. Depois de saberem que éramos jornalistas, separaram-nos e os interrogatórios foram feitos por pessoas diferentes. Calhou-me um senhor com um ar sério, dos seus 50 e muitos anos, pronto para descobrir, num inglês ao qual, algumas vezes, faltou vocabulário, se eu era mesmo jornalista.

– O que vai fazer a Israel?

– Vou em trabalho, sou jornalista e há um jogo de futebol.

– Que jogo?

– Hapoel Ramat Gan-Estoril.

– Quando é esse jogo?

– 5.ª feira à noite.

– Não ouvi falar de nada. De certeza que há jogo?

– Sim, é a 2.ª mão, é uma eliminatória da UEFA.

Não vou escrever todas as perguntas e respostas. Porque não sei se me lembro de todas e para não tornar o post maçador. Salto, por isso, várias questões, algumas até questões engraçadas, como “tem alguma faca ou pistola na sua mala?”, feitas sempre com o ar mais sério do mundo, por alguém que parecia incapaz de sorrir.

Mostrei a edição do Record com o jogo da 1.ª mão, para provar que trabalho num jornal, mas não o devia ter feito.

– Se você é jornalista, porque não está aqui o seu nome neste jogo?

– Não trabalhei nesse dia?

– Não trabalhou? Porquê?

– Estava de folga.

– De folga? Quantos dias você folga por semana?

Lá íamos nós outra vez…

– Bom, então se você conhece bem esta equipa do Estoril, qual é o melhor jogador?

– Há varios bons, é subjetivo dizer qual é o melhor.

– Não entendi. Qual é o melhor?

– Ok, é o Carlitos.

– Carlitos? Qual é o número dele?

– 70.

– 70? De certeza?

– Ah, espere, 70 era na época passada, agora acho que é o 20.

– Hum…

Senti-me como num concurso de televisão, confiante de estar a vencer mas a considerar as perguntas cada vez mais forçadas. A pedido do agente, abri o computador e mostrei emails trocados entre o Record, a SAD do Estoril e um assessor de imprensa do Ramat Gan. Ficou convencido. Eu era mesmo um jornalista para fazer a reportagem do tal jogo estranho. 

– Perguntei: Está tudo bem? Posso seguir?

– Sim, desculpe, é o nosso trabalho, respondeu sem mudar de feição.

Meia hora depois, à entrada do avião, o mesmo senhor. Já com um ar despreocupado, provocou: “Ramat Gan vai passar… Agora a sério, aproveitem e vão a um rastaurante muito bom –  disse depois um nome impercetível. Vão lá? Vou telefonar ao dono e dizer para colocar algo na vossa comida, para vocês escreverem que o Ramat Gan é melhor do que o Estoril”, rematou com o seu único sorriso do dia. “Não me parece…”, respondi.

Tel Aviv, 8 horas depois. À chegada ao hotel, o rececionista estranhou ver ali um português.

– Vem de férias?

– Não, em trabalho.

– Qual é o trabalho?

– Sou jornalista,venho fazer reportagem do jogo de 5.ª feira; Hapoel Ramat Gan x Estoril, de Portugal.

– Que jogo é esse?

– Amigo, desculpe, mas não quero falar disso…