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  “Recebeu na direita, ergueu a cabeça e viu o colega desmarcado. Respirou, projetou mentalmente a jogada num milésimo de segundo e depois sim, fez o passe. Limpou uma pinga de suo..." /> Gays e heróis… - Entrada a pés juntos - Record

Entrada a pés juntos

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Gays e heróis…

6 Agosto, 2014 2604 visualizações

 

“Recebeu na direita, ergueu a cabeça e viu o colega desmarcado. Respirou, projetou mentalmente a jogada num milésimo de segundo e depois sim, fez o passe. Limpou uma pinga de suor incómoda do sobrolho direito, correu junto à linha, por entre gritos do banco adversário, e recebeu a redondinha mais à frente. Fintou o central possante que envergava a braçadeira de capitão, voltou a respirar fundo, deu um último olhar ao guarda-redes e rematou forte. Parecia uma bala… Bola no fundo das redes. Foi golo! A bancada poente levanta-se num só salto e o estádio estremeceu. Foi golo! Correu desenfreado com a bandeirola de canto como destino. Deu um salto curto, fintou um colega que o tentava agarrar e chegou onde queria. Levantou a cabeça, olhou o camarote e encontrou a sua alma gémea, que o acompanhava há mais de seis anos. E quando os fotógrafos e todas as objetivas estavam centradas em si, gritou a plenos pulmões – “É para ti meu amor! Amo-te Geraldão!”

Pois… O futebol não é para ***…

“O desporto-rei é feito de homens. Onze irmãos (e não rabichas) que entram em campo como guerreiros de uma das mais duras batalhas da Humanidade – dar pontapés numa bola e mete-la entre dois paus que têm uma rede. Jogam os egos, jogam os corpos e jogam os adeptos. Aqueles que seguem há centenas de anos os seus heróis. Sim, porque trata-se de “primus inter pares”. Aqueles que entram e pisam o relvado são como nós, mas melhores. Por isso são guerreiros, por isso erguem aos céus a nossa bandeira, por isso nos representam em casa e na casa dos outros, na nossa terra e na terra dos outros. E esses outros também são como nós, também são unidos como irmãos e também celebram o facto deste nosso desporto ser igual em todos o lado. Aqui ou na China, o futebol é igual, pelo menos no essencial – Onze homens guerreiros (de barba muito rija) a representar outros homens, menos guerreiros, mas igualmente apaixonados pelos emblema que envergam junto ao peito. Somos assim. Homens e iguais.”

Arrumada que está a questão poética e a questão pseudo intelectual, vamos aos homens que desafiaram tudo e todos.

É praticamente impossível encontrar quem queira assumir que é homossexual no futebol. A pressão mediática que envolve o fenómeno, as críticas e o atraso de mentalidades gritante que ainda existe em todo o Mundo, faz com que sejam poucos os gays a sair do armário rumo à admissão da sua opção sexual. Mas existem heróis. Sim, bravos guerreiros que num mundo machista e homofóbico, tiveram a coragem e o querer de marcar um golo contra a preconceito.

David Testo – Antigo defesa dos Montreal Impact, assumiu a sua homossexualidade em novembro de 2011, tornando-se assim o primeiro atleta da América do Norte a fazê-lo ainda em atividade, enfrentando os adeptos durante alguns meses até terminar carreira.

Marcus Urban – Já escreveu uma brilhante autobiografia, sob o título “Versteck Spieler” (O Jogador Escondido) onde o tema é brilhantemente abordado. Em meados da década de 90 , o então médio do Rot-Weiss Erfurt anuncia o final da carreira de forma prematura e culpa a homofobia. “Tive de escolher entre o futebol e a minha vida”, revelou na altura. “Escolhi viver”.

Anton Hysen – O filho do antigo internacional sueco Glenn Hysen saiu do armário em 2011, quando alinhava no Utsiktens, da 4.ª divisão, onde o pai continua a trablahar como treinador adjunto. Depois da libertação veio o mediatismo que nunca teve como jogador. Tudo porque foi o grande vencedor do programa Dança com as Estrelas, onde bailou até ao triunfo final.

Thomas Berling – O antigo internacional sub-19 norueguês e integrante do plantel do Lyn abandonou o futebol em 2000, depois de ser vítima de uma série de abusos por parte de treinadores e colegas de equipa.

Olivier Rouyer – Internacional francês na década de 70, este avançado esteve no Mundial de 1978. Mais tarde trabalhou como treinador, assumindo apenas a sua opção sexual em 2008.

Heinz Bonn – Defesa do Hamburgo na década de 70, suicidou-se em 1991 e apenas depois da sua morte foi descoberta a sua orientação sexual, revelada por amigos que culparam a pressão homofóbica pela tragédia.

Yoann Lemaire – Jogador amador francês que foi afastado do Chooz, clube onde alinhava, depois de assumir a sua opção. O seu caso recebeu enorme cobertura mediática, o que lhe garantiu um lugar no Variety Club of France, onde por vezes era companheiro de equipa de Alain Giresse e Michel Platini em jogos de estrelas.

John Blakkenstein – Este antigo árbitro internacional holandês, que foi jogador amador, orientou durante muitos anos jogos no principal escalão do futebol europeu, incluindo a final do Europeu de 1992 e a Final da Taça UEFA de 1993.

Justin Fashanu – Provavelmente o caso mais mediático. Foi o primeiro jogador a assumir ser gay no futebol inglês, durante uma entrevista ao “The Sun” em 1990. Custou 1 milhão de libras ao Nottingham Forest, que o resgatou ao Norwich City em 1981. Depois de uma carreira de nómada e sem grande sucesso, suicidou-se em 1998, pouco tempo depois de ser interrogado pelas autoridades norte-americanas após uma queixa por abuso sexual de um menor. Nunca foi acusado.

Anónimo (1) – Um jogador da Bundesliga assumiu em 1992, numa entrevista à revitsa germânica Fluter, diversos temas relacionados com a sua sexualidade. Mas não quis assumir a sua identiade: “Mesmo que quisesse enfrentar os adeptos, a pressão mediática seria horrível”, destacou.

Anónimo (2) – Um jogador grego da Primeira Liga revelou, em entrevista à imprensa holandesa, que é quase impossível alguém ter coragem para assumir. “Chegas a um clube e dizes que és gay. Até corres o risco de ser espancado pelos colegas. Mesmo que alguns dos que te batem tenham os mesmos gostos… Sim, todos os plantéis, tal como todos os partidos políticos e todas as salas de Universidade têm gays”.

Vaclav Drobny [1980-2012] – Capitão da equipa checa que ergueu o ceptro de campeã europeia em 2002. Nesse torneio disputado na Suíça, teve a infelicidade de apenas alinhar em dois jogos, devido a lesão. Mas ainda assim, coibe-lhe a honra de levantar a taça. Na seleção principal somou apenas duas internacionalizações. Retirou-se em 2011 e morreu com 32 anos, num estúpido acidente de bobsleigh.

Emannuel Scheffer [1924-2012] – Foi o homem que levou a seleção de Israel à única presença num Mundial, mais precisamente o de 1970, no México. Antes tinha conduzido o país aos Jogos Olímpicos de 1968.

Ladislau Mazurkiewicz [1945-2013] – Vencedor da Taça Libertadores em 1966 com o Peñarol, também ajudou o Uruguai a chegar às meias finais do Mundial de 1970, no México. E foi eleito o melhor guarda-redes do torneio pela FIFA. Aliás, tornou-se famoso por ser o guardião que foi enganado pela finta de Pelé no encontro das meias-finais.

[View:http://www.youtube.com/watch?v=LFIjXBjsLHs:550:0]
*O exemplo que nos chega do futebol americano, com Michael Sam.