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Depois de tantos anos a pregar inocência, Lance Armstrong resolveu admitir que, a exemplo de muitas outras falsas estrelas do ciclismo mundial, construiu a sua carreira baseada em mentiras. Dito de..." /> — ler mais..

Depois de tantos anos a pregar inocência, Lance Armstrong resolveu admitir que, a exemplo de muitas outras falsas estrelas do ciclismo mundial, construiu a sua carreira baseada em mentiras. Dito de..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Armstrong deixou cair a máscara

18 Janeiro, 2013 0



Depois de tantos anos a pregar inocência, Lance Armstrong resolveu admitir que, a exemplo de muitas outras falsas estrelas do ciclismo mundial, construiu a sua carreira baseada em mentiras. Dito de maneira diferente: o norte-americano, afinal, não é um exemplo a seguir pelos mais jovens, mas apenas e só uma fraude. Uma das maiores da história do desporto…


Não nasci ontem e ainda criança deixei de acreditar no Pai Natal. Em Lance Armstrong, assumo, sempre vi um ciclista bastante acima da média, provavelmente o melhor de todos os tempos, mas jamais engoli que os seus sensacionais feitos fossem resultado única e exclusivamente do treino, da dedicação, de um potencial físico invulgar. Por muito que isso custe a admitir a quem está ligado à modalidade, só os incrédulos ou distraídos é que continuam a pensar que ser figura de relevo no ciclismo é somente sinónimo de muito trabalho. Sim, não tenho receio das palavras e vou dizê-lo de forma mais clara: é impossível que os grandes nomes do pelotão internacional nas últimas décadas não tenham tido “auxílio”. Uns mais que outros, mas todos prevaricaram. Os que se recusaram, os que tiveram medo… rapidamente saíram de cena.


Durante algum tempo, pensava-se que só os atletas que eram apanhados nos controlos “anti-doping” é que eram batoteiros. Os outros, os que tinham resultados de excelência mas jamais revelavam valores proibidos nas análises ao sangue e/ou urina, eram uns santos. Nunca acreditei nisso. A explicação, no entender de alguns especialistas da matéria, estava na forma avançada como os “médicos” em torno das equipas (verdadeiros criminosos) conseguiam estar sempre um passo à frente das brigadas de vigilância. Aceito, em parte, esta explicação, mas sempre desconfiei que algumas instâncias superiores, movidas por vários interesses, fecharam os olhos a muitas irregularidades. Todos os indícios apontam nesse sentido.


A confissão de Armstrong não me faz ter maior simpatia por ele. Foi batoteiro e, como admitiu sem rodeios, não o foi apenas uma vez, num momento de fraqueza. Sabia bem o que estava a fazer e não se importou de ganhar milhões e construir um império alicerçado em trapaças. Basicamente… olhou à sua volta e resolveu jogar o jogo com as “regras” em vigor. E aqui acrescento uma ideia importante: continuo a pensar que ele era mesmo melhor que os outros. Só lhes ganhou com o recurso ao “doping”? Sim, é verdade, mas tenho a certeza que também venceria se as competições fossem totalmente honestas. Mas, se era assim, qual a razão para usar substâncias dopantes? Resposta fácil: impedir que os outros ganhassem vantagem por correrem com “aditivos”, pois para mim sempre foi claro que todos os nomes sonantes dos últimos anos andavam “mamados”.


Continuo sem perceber o que terá levado Lance a abrir o jogo nesta altura. Mesmo que lhe tirassem títulos e dinheiro, o norte-americano poderia agarrar-se ao facto de nunca ter tido – oficialmente – um controlo positivo. Preferiu assumir o que fez. Resta saber o que essa opção significará na sua totalidade. Acredito que a próxima jogada de Armstrong é arrastar mais gente para o chão. Se alguns o pressionaram ao longo dos anos, creio que agora chegou o momento de responder à letra. Complicado era deixar cair a máscara…


Se o norte-americano estiver, de facto, com vontade de limpar a consciência, muita gente no Mundo vai perder noites de sono. Mas também dinheiro, títulos, medalhas, patrocinadores e respeito. Entre actuais e antigos corredores, passando por directores desportivos, médicos e dirigentes, Armstrong pode provocar uma verdadeira hecatombe na modalidade. Pessoalmente, sem desejar o mal de ninguém (nomeadamente de alguns portugueses que conviveram de perto com ele e que sempre disseram nunca ter visto nada de irregular), gostava que a sua opção passasse mesmo pelo detonar da “bomba”. O ciclismo precisa, de uma vez por todas, de ser reinventado, mesmo que para isso tenha de se sacrificar uma ou duas gerações de corredores. Continuar a assobiar para o lado e deixar tudo na mesma é que não é solução.

PS – A generalização do uso de “doping” é um autêntico cancro no desporto mundial. E a estratégia de luta adoptada pelas diversas instâncias internacionais não levará, seguramente, a resultados muito animadores no futuro. Solução: acabar com as suspensões de meses ou anos para quem for apanhado. Todas as federações nacionais e internacionais deveriam adoptar uma política de tolerância zero: quem acusar… deve ser pura e simplesmente irradiado.

Clássico: FC Porto melhor, Vítor Pereira pior

14 Janeiro, 2013 0

Tinha defendido, num artigo de opinião publicado na edição impressa de Record da passada quinta-feira, que o clássico entre Benfica e FC Porto teria golos e que, muito provavelmente, terminaria empatado. Não tenho nenhum acordo com os adivinhos da moda, mas a verdade é que acertei (antes fosse na chave do Euromilhões…). O futebol, como qualquer outra modalidade, não é uma ciência exacta, mas não tenham dúvidas que os números, as tendências, facilitam imenso na hora de tentar projectar o que poderá acontecer em determinado encontro. Nesse mesmo artigo só não alertei para a possibilidade de, no final do encontro, surgirem umas quantas declarações hipócritas de protagonistas conhecidos. Aí, admito, falhei. Mas foi só por mero esquecimento, pois é sempre isso que acontece. A conversa selectiva, apontado determinados erros dos árbitros mas ignorando outros, é cultural. Não começou, nem terminou na noite de domingo. Infelizmente…

Olhemos então para o jogo jogado e comecemos pelo óbvio: o FC Porto foi melhor. Mesmo sem o James, o seu elemento mais criativo e desequilibrador, os portistas entraram na Luz sem complexos, com vontade de colocar em causa a esperada iniciativa dos encarnados e rapidamente colocaram em sentido o sector recuado da equipa de Jesus onde, mais uma vez desde que o jogo seja “a sério”, se notou a ausência de Luisão.

Defour foi uma das peças que ajudou, logo de entrada, a inclinar a partida para o lado dos visitantes. O belga correu muito, soube ocupar espaços nevrálgicos na zona central, impediu que os médios de transição adversários (Matic e Enzo Pérez) tivessem facilidade em subir no terreno e foi um auxiliar precioso para Lucho e Moutinho. De resto, o FC Porto, com a lição bem estudada, apostou quase sempre em atacar pelo corredor esquerdo. Maxi Pereira não está num bom momento e, a defender, isso é por demais evidente, razão pela qual fez todo o sentido a aposta dos dragões.

A exemplo da forma como selou o triunfo da temporada passada, o FC Porto voltou a saber tirado partido de um livre lateral para, através da subida de um dos centrais, fazer o primeiro golo. Se não tivesse já passado por vários momentos de desvantagem ao longo da época, talvez o Benfica tivesse sofrido um completo KO logo a abrir. Contudo, a nível interno, as águias já perceberam que, mesmo sofrendo um golo, têm condições para, com calma, reagir. Nesta partida fizeram-no não uma vez, mas duas. E num curto período. Assim, não só anularam os feitos alheios, como também lograram ultrapassar os erros próprios, com destaque para a barracada de Artur no golo de Jackson. O brasileiro já tinha estado “de férias” no golo do Estoril na Amoreira e agora voltou a pisar o risco. Contudo, nesta situação, a equipa não estava a ganhar por 3-0…

A partir do 2-2, como inevitavelmente teria de acontecer porque os jogadores não são máquinas, o encontro ficou mais lento, mas nem por isso menos intenso. O FC Porto continuou a gerir melhor a bola, enquanto as águias pretendiam chegar o mais depressa possível à área contrária. O empate, no final, acaba por se aceitar, pois os visitantes não arriscaram tudo nos derradeiros 20 minutos e, bem vistas as coisas, a melhor chance para desfazer a igualdade pertenceu a Cardozo (bela intervenção de Helton).

Findo o encontro, surgiu a “papagaiada” tradicional. E Vítor Pereira ficou com o prémio da intervenção mais desajustada. Vestiu a pele de durão – coisa que em definitivo não lhe assenta -, atirou-se a João Ferreira, exigiu vermelhos em todos os jogos a Maxi Pereira (desconhecia que os via de princípio a fim), apelidou a equipa contrária de vulgar (é o que se diz de alguém que só joga ao pontapé para a frente) e foi deselegante para quem tinha como missão ouvi-lo, mas também fazer perguntas.

O técnico do FC Porto acertou quando falou das deslocações mal assinaladas à sua equipa na primeira parte, teve toda a razão quando apontou um lance em que Matic devia ter visto o segundo amarelo e até aceito que poderá estar certo quando defendeu a expulsão directa de Maxi. Contudo, em todo aquele seu monólogo esqueceu-se de falar de outras coisas, nomeadamente na falta de atitude da sua equipa nos últimos minutos (o FC Porto tinha tudo para encostar o Benfica às cordas), das inúmeras faltas que Moutinho fez até receber o amarelo ou das entradas duras de Mangala e Fernando que, com outro árbitro ou critério, também mereceriam sanção disciplinar. E até podia ter dito que o juiz trocou alguns lançamentos laterais, deixou por assinalar várias faltas de ambos os lados e que, “inventando” situações de offside, também deixou escapar algumas que existiram de facto sem o devido julgamento.

Em suma, Vítor Pereira – como tantos outros portistas, benfiquistas ou sportinguistas têm feito ao longo dos tempos – falou do que lhe deu jeito, revelando alguma falta seriedade na análise (Pinto da Costa secundou-o, enquanto Jesus e Vieira foram um pouco mais comedidos sem também terem sido isentos). Contudo, nem tudo foi mau. Ficámos todos a saber que, desta vez, sentado no mesmo banco da temporada passada, Vítor Pereira discerniu, sem margem para dúvidas, todos os foras-de-jogo e lances susceptíveis da amostragem de cartões. A época passada, recorde-se, a sua visão de lince também lhe permitiu ver Cardozo jogar a bola com a mão sem que o árbitro observasse, mas não chegou para ver um lance importante nos últimos minutos. Pois…

IFFHS brinca com o Sporting

10 Janeiro, 2013 0

Nunca dei muito valor aos prémios e “rankings” que a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS) costuma divulgar de tempos em tempos. Em traços gerais, aquilo jamais me pareceu uma entidade suficientemente credível para merecer uma atenção por aí além. No entanto, até ter a certeza que os seus critérios eram, no mínimo, questionáveis fiz questão de espreitar umas vezes o site oficial da organização em causa. Depois de constatar várias situações sem sentido, pura e simplesmente deixei de ligar a tudo o que dali vinha. Esta quinta-feira, ainda em casa, voltei a ser confrontado com uma notícia inesperada envolvendo a tal IFFHS. Desta vez, as estranhas contas desta gente fizeram com que o Sporting fosse eleito como a melhor equipa portuguesa de 2012, apesar de ter acabado atrás dos poderosos Plezen (Rep. Checa) e Milionários de Bogotá (Colômbia) ou dos sul-coreanos do Pohang Steelers ou do Ulsan.

Pode parecer mentira, mas para a IFFHS o Sporting foi mesmo a melhor formação lusa do ano que acabou há menos de duas semanas. E estamos a falar do Sporting de Alvalade, aquele que durante o ano passado não ganhou nenhum troféu, perdeu a final da Taça de Portugal com a Académica, acabou a Liga 2011/12 em quarto lugar e nos 23 jogos realizados já na temporada 2012/13 somou quatro triunfos. É o mesmo Sporting que tem coleccionado treinadores e dirigentes, que vive mergulhado numa enorme crise desportiva e financeira e que, por esta altura, está mais perto de descer de divisão do que de aceder à próxima edição da Liga Europa.

Por mais que tente ver isto como uma coisa minimamente séria, penso que a IFFHS resolveu brincar com o Sporting. Só assim se compreende ter colocado os leões à frente de FC Porto e Benfica como a melhor equipa lusitana no ano passado, precisamente no ano de 2012… um dos mais negros da história centenária do clube de Alvalade. 

 

Jesualdo já assumiu: falhei por 7 dias

7 Janeiro, 2013 0


No dia 17 de Dezembro escrevi aqui um texto intitulado “Jesualdo: o senhor que se segue”. Nessa altura, defendia que o então “manager” acabaria, mais tarde ou mais cedo, por passar a treinador do Sporting, até porque as declarações do próprio e de Godinho Lopes nunca foram suficientemente capazes de nos fazer duvidar que, independentemente do resto, a contratação visava ter o experiente técnico à frente da equipa na temporada 2013/14. Acertei.

No entanto, como não sou adivinho, nem amigo do Professor Bambo ou de qualquer outro ser que nos tenta fazer crer que sabem o que se vai passar no futuro, errei noutra previsão. A 17 de Dezembro estava convicto de que Vercauteren teria “guia de marcha” se não ganhasse fora, em duelos da Taça da Liga, pelo menos um dos jogos com Marítimo e Rio Ave (embora também referisse que, mesmo assim, uma derrota com o Paços na Liga teria o mesmo efeito… o despedimento). A verdade é que ele não venceu nenhum e ainda foi treinador dos leões durante uma semana. Feitas as contas… falhei por 7 dias. Mas, não fui o único. Ao protelar uma decisão que estava destinada a acontecer, Godinho acabou por “patrocinar” a derrota na Liga com o Paços de Ferreira. Ou ele ainda estava convencido que o belga tinha condições para segurar a equipa? Veucauteren pouco mais mostrou do que ser sério nesta passagem por Portugal, mas de certeza que regressa ao seu país com o sentimento de ter estado num clube onde até o responsável pela sua contratação o deixou “cair de podre”, depois de contratar um “manager” que, como fez questão de salientar, era também o “treinador dos treinadores”.

A última inovação leonina

4 Janeiro, 2013 0

Depois de Jesualdo Ferreira ter sido apresentado por Godinho Lopes como “o treinador dos treinadores” – o anúncio oficial do cargo de “manager” serviu apenas para o ex-técnico de Benfica e FC Porto não tomar conta de imediato de uma equipa em cacos, sofrendo um natural desgaste que o poderia fragilizar tendo em conta a próxima temporada -, agora é  a vez de Rui Patrício passar a capitão de todo o futebol do Sporting, enquanto Schaars e Rinaudo serão “apenas” capitães da equipa principal. Por mais que pense que em Alvalade já aconteceu de tudo, há sempre mais uma cartada, uma derradeira inovação que me deixa atónito e com vontade de fazer, pela enésima vez, a mesma pergunta: qual é a ideia?!

Admito que o guarda-redes tem sido, nos últimos tempos, o melhor futebolista leonino. Patrício será também, muito provavelmente, o melhor activo que a SAD possui. Contudo, como facilmente se percebe face à paupérrima carreira desportiva do clube, o seu passe tem vindo a desvalorizar. Culpa dele? Não, nem um pouco, mas é impossível escapar ileso à sequência de resultados impensáveis. Adiante: entendo, por todas e mais algumas razões, que os responsáveis leoninos pretendam sublinhar o que o guardião tem feito pelo clube e que, com esta decisão, procurem dar-lhe um estatuto diferente, sensibilizando-o para permanecer em Alvalade mais algum tempo, pelo menos enquanto a tempestade não acalmar.

Mas, independentemente de tudo isso, que raio significa ser capitão de todo o futebol do Sporting quando, na prática, na única formação em que alinha, não vai ostentar a braçadeira devido ao facto de estar na baliza? Patrício vai passar a dar palestras aos mais novos, ser obrigado a acompanhar o futebol de formação, escolher para que lado a equipa de juniores ataca na primeira parte ou passará a representar todos os jovens futebolistas junto do clube e da SAD? Não se percebe.

Bom, bem vistas as coisas, esta decisão de difícil entendimento é tão atípica quanto a de anunciar, com toda a pompa, que o clube não tinha um capitão… mas sim cinco. Já faz parte do passado, é certo, mas essa outra raridade só aconteceu há alguns meses. E independentemente das ideias de Jesualdo, tinha de ser alvo de uma qualquer reestruturação, pois Carriço já se foi embora e Elias só aguarda a oficialização do adeus.

O Sporting, que caminha a passos largos para conhecer a pior temporada da sua história, continua sem destino certo, com decisões avulsas, algumas das quais sem qualquer impacto no rendimento dos futebolistas, como aquela de proibir (ou limitar) a actividade dos seus profissionais nas redes sociais. Antigamente, o “blackout” era o remédio para todos os problemas, agora parece que a solução passa por cercear a liberdade individual. Seria bom que a recuperação desportiva ou financeira fosse assim tão simples. Só que todos sabemos que não é. Estas medidas, sem enquadramento adequado, servem apenas para dar uma ideia de organização, disciplina e rigor que, na prática, não existem. Basta ver, por exemplo, a forma como Insúa conseguiu, com um acto tão absurdo quanto reprovável, prejudicar a equipa ou constatar quem é a equipa com mais cartões na Liga…