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Olhos de ver

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Armstrong deixou cair a máscara

18 Janeiro, 2013 640 visualizações



Depois de tantos anos a pregar inocência, Lance Armstrong resolveu admitir que, a exemplo de muitas outras falsas estrelas do ciclismo mundial, construiu a sua carreira baseada em mentiras. Dito de maneira diferente: o norte-americano, afinal, não é um exemplo a seguir pelos mais jovens, mas apenas e só uma fraude. Uma das maiores da história do desporto…


Não nasci ontem e ainda criança deixei de acreditar no Pai Natal. Em Lance Armstrong, assumo, sempre vi um ciclista bastante acima da média, provavelmente o melhor de todos os tempos, mas jamais engoli que os seus sensacionais feitos fossem resultado única e exclusivamente do treino, da dedicação, de um potencial físico invulgar. Por muito que isso custe a admitir a quem está ligado à modalidade, só os incrédulos ou distraídos é que continuam a pensar que ser figura de relevo no ciclismo é somente sinónimo de muito trabalho. Sim, não tenho receio das palavras e vou dizê-lo de forma mais clara: é impossível que os grandes nomes do pelotão internacional nas últimas décadas não tenham tido “auxílio”. Uns mais que outros, mas todos prevaricaram. Os que se recusaram, os que tiveram medo… rapidamente saíram de cena.


Durante algum tempo, pensava-se que só os atletas que eram apanhados nos controlos “anti-doping” é que eram batoteiros. Os outros, os que tinham resultados de excelência mas jamais revelavam valores proibidos nas análises ao sangue e/ou urina, eram uns santos. Nunca acreditei nisso. A explicação, no entender de alguns especialistas da matéria, estava na forma avançada como os “médicos” em torno das equipas (verdadeiros criminosos) conseguiam estar sempre um passo à frente das brigadas de vigilância. Aceito, em parte, esta explicação, mas sempre desconfiei que algumas instâncias superiores, movidas por vários interesses, fecharam os olhos a muitas irregularidades. Todos os indícios apontam nesse sentido.


A confissão de Armstrong não me faz ter maior simpatia por ele. Foi batoteiro e, como admitiu sem rodeios, não o foi apenas uma vez, num momento de fraqueza. Sabia bem o que estava a fazer e não se importou de ganhar milhões e construir um império alicerçado em trapaças. Basicamente… olhou à sua volta e resolveu jogar o jogo com as “regras” em vigor. E aqui acrescento uma ideia importante: continuo a pensar que ele era mesmo melhor que os outros. Só lhes ganhou com o recurso ao “doping”? Sim, é verdade, mas tenho a certeza que também venceria se as competições fossem totalmente honestas. Mas, se era assim, qual a razão para usar substâncias dopantes? Resposta fácil: impedir que os outros ganhassem vantagem por correrem com “aditivos”, pois para mim sempre foi claro que todos os nomes sonantes dos últimos anos andavam “mamados”.


Continuo sem perceber o que terá levado Lance a abrir o jogo nesta altura. Mesmo que lhe tirassem títulos e dinheiro, o norte-americano poderia agarrar-se ao facto de nunca ter tido – oficialmente – um controlo positivo. Preferiu assumir o que fez. Resta saber o que essa opção significará na sua totalidade. Acredito que a próxima jogada de Armstrong é arrastar mais gente para o chão. Se alguns o pressionaram ao longo dos anos, creio que agora chegou o momento de responder à letra. Complicado era deixar cair a máscara…


Se o norte-americano estiver, de facto, com vontade de limpar a consciência, muita gente no Mundo vai perder noites de sono. Mas também dinheiro, títulos, medalhas, patrocinadores e respeito. Entre actuais e antigos corredores, passando por directores desportivos, médicos e dirigentes, Armstrong pode provocar uma verdadeira hecatombe na modalidade. Pessoalmente, sem desejar o mal de ninguém (nomeadamente de alguns portugueses que conviveram de perto com ele e que sempre disseram nunca ter visto nada de irregular), gostava que a sua opção passasse mesmo pelo detonar da “bomba”. O ciclismo precisa, de uma vez por todas, de ser reinventado, mesmo que para isso tenha de se sacrificar uma ou duas gerações de corredores. Continuar a assobiar para o lado e deixar tudo na mesma é que não é solução.

PS – A generalização do uso de “doping” é um autêntico cancro no desporto mundial. E a estratégia de luta adoptada pelas diversas instâncias internacionais não levará, seguramente, a resultados muito animadores no futuro. Solução: acabar com as suspensões de meses ou anos para quem for apanhado. Todas as federações nacionais e internacionais deveriam adoptar uma política de tolerância zero: quem acusar… deve ser pura e simplesmente irradiado.