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Tinha defendido, num artigo de opinião publicado na edição impressa de Record da passada quinta-feira, que o clássico entre Benfica e FC Porto teria golos e que, muito provavelmente, terminaria e..." /> Clássico: FC Porto melhor, Vítor Pereira pior - Olhos de ver - Record

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Clássico: FC Porto melhor, Vítor Pereira pior

14 Janeiro, 2013 707 visualizações

Tinha defendido, num artigo de opinião publicado na edição impressa de Record da passada quinta-feira, que o clássico entre Benfica e FC Porto teria golos e que, muito provavelmente, terminaria empatado. Não tenho nenhum acordo com os adivinhos da moda, mas a verdade é que acertei (antes fosse na chave do Euromilhões…). O futebol, como qualquer outra modalidade, não é uma ciência exacta, mas não tenham dúvidas que os números, as tendências, facilitam imenso na hora de tentar projectar o que poderá acontecer em determinado encontro. Nesse mesmo artigo só não alertei para a possibilidade de, no final do encontro, surgirem umas quantas declarações hipócritas de protagonistas conhecidos. Aí, admito, falhei. Mas foi só por mero esquecimento, pois é sempre isso que acontece. A conversa selectiva, apontado determinados erros dos árbitros mas ignorando outros, é cultural. Não começou, nem terminou na noite de domingo. Infelizmente…

Olhemos então para o jogo jogado e comecemos pelo óbvio: o FC Porto foi melhor. Mesmo sem o James, o seu elemento mais criativo e desequilibrador, os portistas entraram na Luz sem complexos, com vontade de colocar em causa a esperada iniciativa dos encarnados e rapidamente colocaram em sentido o sector recuado da equipa de Jesus onde, mais uma vez desde que o jogo seja “a sério”, se notou a ausência de Luisão.

Defour foi uma das peças que ajudou, logo de entrada, a inclinar a partida para o lado dos visitantes. O belga correu muito, soube ocupar espaços nevrálgicos na zona central, impediu que os médios de transição adversários (Matic e Enzo Pérez) tivessem facilidade em subir no terreno e foi um auxiliar precioso para Lucho e Moutinho. De resto, o FC Porto, com a lição bem estudada, apostou quase sempre em atacar pelo corredor esquerdo. Maxi Pereira não está num bom momento e, a defender, isso é por demais evidente, razão pela qual fez todo o sentido a aposta dos dragões.

A exemplo da forma como selou o triunfo da temporada passada, o FC Porto voltou a saber tirado partido de um livre lateral para, através da subida de um dos centrais, fazer o primeiro golo. Se não tivesse já passado por vários momentos de desvantagem ao longo da época, talvez o Benfica tivesse sofrido um completo KO logo a abrir. Contudo, a nível interno, as águias já perceberam que, mesmo sofrendo um golo, têm condições para, com calma, reagir. Nesta partida fizeram-no não uma vez, mas duas. E num curto período. Assim, não só anularam os feitos alheios, como também lograram ultrapassar os erros próprios, com destaque para a barracada de Artur no golo de Jackson. O brasileiro já tinha estado “de férias” no golo do Estoril na Amoreira e agora voltou a pisar o risco. Contudo, nesta situação, a equipa não estava a ganhar por 3-0…

A partir do 2-2, como inevitavelmente teria de acontecer porque os jogadores não são máquinas, o encontro ficou mais lento, mas nem por isso menos intenso. O FC Porto continuou a gerir melhor a bola, enquanto as águias pretendiam chegar o mais depressa possível à área contrária. O empate, no final, acaba por se aceitar, pois os visitantes não arriscaram tudo nos derradeiros 20 minutos e, bem vistas as coisas, a melhor chance para desfazer a igualdade pertenceu a Cardozo (bela intervenção de Helton).

Findo o encontro, surgiu a “papagaiada” tradicional. E Vítor Pereira ficou com o prémio da intervenção mais desajustada. Vestiu a pele de durão – coisa que em definitivo não lhe assenta -, atirou-se a João Ferreira, exigiu vermelhos em todos os jogos a Maxi Pereira (desconhecia que os via de princípio a fim), apelidou a equipa contrária de vulgar (é o que se diz de alguém que só joga ao pontapé para a frente) e foi deselegante para quem tinha como missão ouvi-lo, mas também fazer perguntas.

O técnico do FC Porto acertou quando falou das deslocações mal assinaladas à sua equipa na primeira parte, teve toda a razão quando apontou um lance em que Matic devia ter visto o segundo amarelo e até aceito que poderá estar certo quando defendeu a expulsão directa de Maxi. Contudo, em todo aquele seu monólogo esqueceu-se de falar de outras coisas, nomeadamente na falta de atitude da sua equipa nos últimos minutos (o FC Porto tinha tudo para encostar o Benfica às cordas), das inúmeras faltas que Moutinho fez até receber o amarelo ou das entradas duras de Mangala e Fernando que, com outro árbitro ou critério, também mereceriam sanção disciplinar. E até podia ter dito que o juiz trocou alguns lançamentos laterais, deixou por assinalar várias faltas de ambos os lados e que, “inventando” situações de offside, também deixou escapar algumas que existiram de facto sem o devido julgamento.

Em suma, Vítor Pereira – como tantos outros portistas, benfiquistas ou sportinguistas têm feito ao longo dos tempos – falou do que lhe deu jeito, revelando alguma falta seriedade na análise (Pinto da Costa secundou-o, enquanto Jesus e Vieira foram um pouco mais comedidos sem também terem sido isentos). Contudo, nem tudo foi mau. Ficámos todos a saber que, desta vez, sentado no mesmo banco da temporada passada, Vítor Pereira discerniu, sem margem para dúvidas, todos os foras-de-jogo e lances susceptíveis da amostragem de cartões. A época passada, recorde-se, a sua visão de lince também lhe permitiu ver Cardozo jogar a bola com a mão sem que o árbitro observasse, mas não chegou para ver um lance importante nos últimos minutos. Pois…