Lado B

Há muita coisa a mexer

18 Agosto, 2011 0

AOS JOGOS A SÉRIO NA LIGA NACIONAL JUNTA-SE UM MERCADO FERVILHANTE. E TAMBÉM BASTIDORES, COMO NÃO?

O campeonato já rola, as competições europeias também, mas o mercado continua a fervilhar e com entradas e saídas para todos os gostos. O FC_Porto vende o melhor ponta-de-lança e um dos responsáveis por uma época de sonho, o Sp. Braga faz mais um negócio à Jorge Mendes com PIzzi e o Benfica parece decidido a transferir meia equipa para Granada, tantos são ainda os excedentes das compras desenfreadas na Luz. Concordo com Vítor Pereira, quando afirmava que o mercado devia fechar mais cedo. Não é bom para as competições, para a verdade desportiva ou para o espetáculo assistirmos ainda a tão frenética dança de cadeiras quando já se joga a sério há mais de 15 dias. No caso do treinador portista simpatizo com a preocupação legítima. Para quem tinha um plantel de sonho há uma semana, a saída de Falcão e quem sabe de Ruben Micael, Fernando e Alvaro Pereira, não são boas notícias. Desportivamente a equipa estava fortíssima e já tinha escrito que o mercado podia ser o pior inimigo dos dragões. Mantenho. Os reforços que vêm podem ser muito bons. Ou não.

Hoje é dia de Liga Europa para Sporting, V. Guimarães, Sp. Braga e Nacional. Compromissos de dificuldades diferentes mas de importância semelhante para os emblemas envolvidos. Os leões com ambição de vencer após o empate caseiro de estreia na Liga, os vimaranenses com tarefa duríssima em Madrid mas ambição legítima, os guerreiros com vontade de resolver já no Minho e o Nacional contra um incomodativo Birmingham, representante menor mas perigoso de um dos campeonatos mais espetaculares do globo.

Em Alvalade, apesar de metido o chip Liga Europa, não se descura o que se vai passando cá dentro. E a nomeação de João Ferreira – a que se soma Pais António, o assistente da mão de Ronny, da final da Taça da Liga de Lucílio e do jogo em que António Costa deixou os leões foram da Champions no tempo de Peseiro… – caiu mal. Com Duque e Freitas este leão pode cair como caiu desde o título conquistado por Bölöni. Mas vai voltar a fazer barulho como fazia com Bento. Acabou-se o tempo da vassalagem ao sistema e ao poder do norte.

Peter Murphy em Portugal

17 Agosto, 2011 0

O britânico Peter Murphy vem a Portugal para dois concertos, dia 1 de Outurbro no Hard Club e dia 2 de Outubro no Coliseu de Lisboa, onde irá apresentar o novo álbum de originais, “Ninth”, editado em Junho deste ano. Os bilhetes estão à venda a partir de amanhã, às 10h00, nos locais habituais.

É impossível falar da história da música sem referir o nome de Peter Murphy, seja pelo seu trabalho com os influentes Bauhaus ou pela não menos importante carreira a solo. No total, Peter Murphy conta já com 13 álbuns editados (5 com os Bauhaus e 8 a solo).

Após o fim dos Bauhaus em 1983, Peter Murphy enveredou por uma carreira a solo recheada de grandes êxitos, como “Indigo Eyes”, “Cuts You Up” ou “The Sweetest Drop”. O mais recente disco de originais, “Ninth” (2011), foi muito bem recebido pela crítica especializada e serve de base aos dois concertos em Portugal.

Hard Club (1 de Outubro)
Abertura de Portas * 20h00
Início do Espectáculo * 21h00

Coliseu de Lisboa (2 de Outubro)
Abertura de Portas * 20h00
Início do Espectáculo * 21h00

Não quero este País

16 Agosto, 2011 0

Saio de casa e aborda-me um puto, de 13 anos anos, bom aspecto, bem vestido, lavadinho: “Desculpe, pode dar-me uma moeda para comer um bolo?”. Até penso que percebo mal. “Não, desculpa, estou com pressa”. Mas páro. “Porque andas a pedir, não tomaste pequeno-almoço?”. “Sim, mas os meus pais estão desempregados e não me deixaram almoço. Só os vejo ao jantar”. Levo-o à pastelaria mais próxima, pago-lhe um bolo e uma sandes para mais tarde. Agradece, sem vergonha, e deixa-me, de sorriso feliz nos labios. Eu, com dinheiro no bolso, fico. Infeliz, de lágrima no olho, a pensar que não é este o País que quero para o miúdo. Este, os meus ou os vossos.

A incompetência regressa

SPORTING PODE QUEIXAR-SE DO ÁRBITRO, SIM, POIS FOI MAU DEMAIS. MAS TAMBÉM DE SI PRÓPRIO. HOJE DRAGÃO PODE SORRIR…

É cedo para deixar os árbitros assumirem as despesas das discussões pós-fim-de-semana e casos como os de Pedro Proença obrigam-nos a ter cuidado nas palavras utilizadas quando falamos dos que ajuízam, semana após semana, os jogos de futebol. Mas exibições como a de Carlos Xistra ontem em Alvalade são extremamente prejudiciais para o desporto. Porque levam as pessoas a deixar de acreditar no espetáculo e levantam questões de difícil resposta que nem a justiça consegue resolver. Como ficou provado no caso Apito Dourado.

O Sporting pode queixar-se do árbitro, sim, pois um golo mal anulado e um penálti por marcar é coisa que mancha mesmo a verdade desportiva. Tudo isto somado ao perdão nas expulsões a Jeffren e Cauê colocam Xistra em ponto de mira. Para que tudo não fique na mesma e para que jogadores, treinadores e dirigentes não sejam os únicos castigados da Liga, incompetentes como este têm de passar um longo período de secura. E avaliar-se pelos meios possíveis a origem da incompetência. Merecemos um desporto limpo.

Esquecendo o caos Xistra, o leão mostrou francas melhorias em relação a exibições recentes e não fosse o empate os adeptos que se deslocaram a Alvalade teriam dado por bem gasto o seu tempo. Mas também há problemas nos índices de eficácia. Jogar com Postiga sozinho no eixo num esquema de 4x3x3 é capaz de não ser a melhor receita para que os golos apareçam. O ponta é craque mas não goleador. Há muito que se percebeu isso. Se os outros não ajudarem a resolver, será preciso mudar. Sistema ou jogador. Dirá Domingos.

A perda de pontos de Sporting e Benfica deverá transmitir ao Dragão ainda maior ambição na abordagem à deslocação a Guimarães. Não será um jogo fácil, pois no berço isso raramente acontece, mas terá desta vez Manuel Machado um antídoto para travar um FC Porto tão poderoso quanto eficaz? Não será fácil. Pelo que se viu na Supertaça a supremacia portista é clara e nomes como Hulk, Falcão, Moutinho ou até um herói acidental como Rolando poderão fazer a diferença. Mas a Liga segue só com empates. Como será então?

Texto escrito no sábado, 13 agosto de 2011

Benfica: Um arranque sobranceiro

13 Agosto, 2011 0

BENFICA ESTEVE A GANHAR 2-0 E ACABOU POR PERDER 2 PONTOS. BOM JOGO DOS GILISTAS E LAIONEL. MAS HÁ MAIS. E COISAS A CORRIGIR.

Quando uma equipa como o Benfica se vê a ganhar por 2-0 em Barcelos aos 20 minutos algo de estranho se passa se acaba por perder dois pontos. Não que os gilistas não tenham feito bela exibição e que Laionel não mereça todos os elogios, mas o investimento realizado pelos encarnados e as ambições que mantêm na Liga obrigam a mais. Muito mais mesmo.

O Benfica acabou por exibir alguma sobranceria e uma ausência de “killer instinct” que apenas não é mais preocupante porque o campeonato vai no início e Jesus ainda tem tempo para retificar. Mas fica por perceber como não se consegue gerir um jogo, parecendo cair no mesmo erro da época passada, em que o controlodas operações nunca foi ponto forte.

Entre o exército de jogadores contratados no defeso, o Benfica adquiriu alguns muito bons. Aliás, Jesus tem um plantel riquíssimo para o ataque à Liga. Mas custa perceber como pode Jardel ser titular numa equipa que comprou tanto. E aos que não gostam de Cardozo não terá este jogo dado algumas indicações? Resta ao Benfica levantar já a cabeça e pensar no próximo, 3.ª feira, frente ao Twente de Co Adriaanse, que promete não ser pera doce.

Em Alvalade o Sporting de Domingos estreia-se hoje. À euforia desmesurada dos primeiros jogos, seguiu-se uma desconfiança exagerada. Duas épocas arrasadoras para a autoestima dos adeptos leoninos levaram-nos a uma espécie de esquizofrenia que só pode fazer mal à equipa. É óbvio que o trabalho do técnico não está consolidado e que o grupo vai ter algumas paragens cerebrais, mas cobrar tanto e em jogos particulares chega a ser ridículo. Salta à vista que a equipa foi reforçada e ainda faltam Matías e Aguiar, jogadores de provas dadas em Portugal. E se o leão bater o Olhanense fica com dois pontos de vantagem sobre a águia. Tão cedo, nada mau.

Bruno Carvalho, o tal que ainda não desistiu de ser presidente, não arranjou um dia melhor para arrasar a gestão de Godinho Lopes do que… ontem. Com adeptos assim o Sporting não precisa de inimigos. O que passa pela cabeça de gente assim não sei, mas não são os interesses do clube.

Só mercado pode atrapalhar

9 Agosto, 2011 0

FC PORTO MOSTROU NA SUPERTAÇA ESTAR COM VONTADE DE REPETIR A ÉPOCA PASSADA. MAS A INCERTEZA NO PLANTEL IRRITA.

O FC Porto de Vítor Pereira começou a época como terminou o de Villas-Boas: a ganhar títulos. E com direito a distinção. Golos como o primeiro dos dragões são obras-primas que merecem todo o destaque que se lhes puder dar. De parabéns dirigentes, treinadores, jogadores e adeptos como sempre acontece nestas alturas. Apesar da saída do jovem técnico para o Chelsea e do abalo causado, Pinto da Costa soube, uma vez mais, reorganizar o futebol e já conta mais um título no papo. Quem sabe, dos mais saborosos. Desta vez acabaram as dúvidas e o FCPorto tornou-se definitivamente no clube mais titulado do país, ultrapassando o Benfica. Um marco histórico de enorme relevância para o clube portista e o seu presidente. Quem o conhece sabe que é um dos maiores prazeres que tira da vida.

Ainda sem perder qualquer dos craques relevantes e com contratações dignas de registo, apesar de os maiores investimentos terem sido feitos a médio e longo prazo e não para já, o FC Porto é o maior candidato à conquista do título nacional. Benfica e Sporting tudo farão para travar os dragões e o Sp. Braga também tentará atrapalhar, mas mantendo Hulk, Moutinho e Falcão, Vítor Pereira terá matéria-prima para encarar com otimismo os desafios que se lhe colocam.

Assim se percebem ainda melhor as palavras do técnico portista no lançamento da Supertaça, quando expressou que o maior desejo era que o mercado já tivesse encerrado. Percebo a angústia. Não saber nesta altura se ainda vai perder algumas das principais joias é o maior fator de desestabilização do plantel. É que há jogadores, independentemente do seu valor, que podem ser substituídos com maior ou menor dificuldade. Mas isso não acontece com o trio de ouro – Hulk, Moutinho e Falcão. E aí, por muita maestria que Antero Henrique e Pinto da Costa demonstrem em termos de mercado e Vítor Pereira na condução de homens, há imponderáveis que um clube português não consegue controlar. A ambição portista é enorme e uma imagem de marca que nenhum dos rivais iguala. Parece que só o mercado pode estragar os planos a este dragão glutão.

 

 

 

 

Não será melhor agir?

8 Agosto, 2011 0

OS JOVENS PORTUGUESES TÊM CADA VEZ O CAMINHO MAIS TAPADO. A SELEÇÃO VAI PAGAR BEM CARO. E NÃO SÓ.

O Benfica fez na Turquia o primeiro jogo da história completo sem um português no onze titular. Nada a recriminar ao clube da Luz, nem ao seu treinador. Se entendem não ser necessário ter jogadores nacionais na equipa, esse é um direito legítimo que lhes assiste. O problema é que esta tendência tem vindo a agravar-se nos últimos anos e se olharmos às equipas principais dos três grandes e ao panorama em toda a Primeira Liga, rapidamente percebemos que estamos perante um problema maior e cuja gravidade será tão maior quanto demorem a reagir as instituições com poder para alterar o estado de coisas.

Se olharmos para a política de contratações do Sporting esta temporada e para o campo de recrutamento hoje habitualmente utilizado pelo FC Porto, rapidamente percebemos que estes dois antigos bastiões de jogadores portugueses correm, também eles, o risco de verem os seus onzes invadidos por estrangeiros. Tal como o Benfica, com toda a legitimidade para o fazer, mas criando um problema ainda maior ao futebol português em termos de Seleção.

Hoje, basta olhar às convocatórias de Rui Jorge nos Sub-21 para perceber que os jovens cá do burgo estão com muitas dificuldades para se afirmar na Primeira Liga e, pior do que isso, com entrada praticamente vedada nos grandes clubes nacionais.

Quem pode mudar o atual estado de coisas? A Federação Portuguesa de Futebol, claro. Infelizmente, essa parece uma instituição moribunda e parada no tempo, em que Paulo Bento insuflou algum ar na equipa principal após os graves estragos infligidos pela era Carlos Queiroz, mas onde Gilberto Madaíl há muito que não passa de um gestor distante e incapaz de promover uma mudança de comportamentos e leis necessária à regeneração de calendários, campeonatos e regulamentos capaz de alterar para melhor o que vai mal. É óbvio que este problema devia tirar o sono a quem ocupa a cadeira mais importante da FPF, mas a verdade é que raramente ouvimos o presidente falar sobre isto.

Seja quem for que ganhe as próximas eleições, em que FC_Porto, Benfica e Sporting estão ativamente empenhados, temo que não pelas melhores razões, espero que se interesse pelo tema e possa garantir maior espaço ao jogador português. É preciso legislar sobre o tema e limitar o número de estrangeiros nos escalões jovens. Não pensar em proibir, atenção. Travar no entanto uma invasão muitas vezes de qualidade duvidosa e atacar depois o escalão principal, onde é necessário garantir mais espaço ao produto nacional.

Fazê-lo será não só defender o futuro do futebol português e das seleções, mas também útil para os clubes, pois a formação de jogadores nacionais de qualidade será sempre um negócio interessante para os grandes clubes. Sporting e FC_Porto sabem-no bem, pois nas suas contas existem muitos milhões ganhos com jogadores nados e criados nas suas escolas, mas com um trabalho sério e estruturado também o Benfica chegará lá um dia. Veja-se o caso de miúdos como Nélson Oliveira. Será pior do que Kardec ou Weldon? Não, claro que não. Não dará, é verdade, azo a transações empresariais e ao fluxo de dinheiros hoje tão importante no futebol. Mas não será tempo de parar para pensar e agir quanto antes?