Bola na Área

BnA teve a honra de poder conversar com Jorge Jesus enquanto este se preparava para uma sessão fotográfica da revista GQ, na qual será destaque na próxima edição.

– Jorge, sabes o que quer dizer “GQ”?

– Eh pá, não, dá-me uma ajuda.

– Grande Queirós!

– Acho bem. Também mereces.

– Explica lá essa cena de que só o Rui Costa é que percebe de bola na estrutura do Benfica?

– Agora que eu saí, é o único que sabe desta poda (vê lá como escreves isso). Mas o meu adjunto Raul José também sabe umas coisinhas embora às vezes tenha de empurra-lo quando começa a meter-se nas minhas táticas.

– O presidente do Benfica não sabe nada?

– Tem as suas lacunas (cuidado também com esta). Repara que nunca se atreveu a sentar-se ao meu lado no BES, perdão, no banco.

– O Bruno já te deu alguma dica?

– Não, mas tem sempre uma caixa de chiclas à mão e agora só fuma cigarros eletrónicos.

– Ou seja, sem ti o Benfica ficou nas lonas, com a terra toda queimada…

– Bem, o Benfica é que me deixou. Até me quiseram empurrar para um avião.

– Deu-te alguma gozo especial este três secos na Luz?

– Fui muito bem recebido, os adeptos do Benfica fartaram-se de me mandar mensagens de apoio em aviões de papel e o Raul José recolheu 30 euros em moedas de 10 cêntimos. Foi interessante.

– Ninguém te viu a cumprimentar Rui Vitória?

– Espera pelo V.Guimarães-Sporting.

– O que se passa, afinal, com o software que deixaste na Luz?

– Tá com um bug porque tentaram liga-lo a uma PlayStation.

– Nestes últimos tempos, qual foi o SMS mais giro que te mandaram?

– Olha, foi um do Barbas a dizer-me que continuava a seguir o cherne.

– Tens BTV em casa?

– Vais ter de perguntar isso ao Inácio pois eu não falo com ele.

– Vais ver os jogos do Benfica ao café?!

– Não preciso de ver os jogos do Benfica, sei que que é apenas cada vez menos o Benfica que construí. Vai de desastre em desastre até à derrocada final.

– Está out of box?

– Essa revista não conheço mas sou homem também para fazer uma produção para ela.

– Jota, há um grande mistério sobre as tuas soluções capilares. Queres levantar um pouco de cabelo sobre o assunto?

– Bem, vais ter de telefonar ao Luís Afonso, ele é que é o especialista.

– Qual é o papel do Octávio Machado na tua equipa?

– É o nosso Big Laden. Todos pensam que já morreu mas continuam a ter muito respeitinho por ele. Sabes do que estou a falar.

– O que pensas desta situação do governo?

– Já tinha resolvido o assunto pondo o Portas a jogar nas costas do Passos, dentro de um sistema tático soviético.

– Queres explicar-me o que é um sistema tático soviético para não ter de ligar ao Luís Freitas Lobo ou ao João Malheiro?

– É fácil. Todos jogam pelo bem comum mas uns jogam mais do que outros e no fim ganha o Zenit.

– O que achas desta decisão do tribunal sobre as notícias do Sócrates nas publicações da Cofina?

– Bem, isso vais ter de perguntar ao outro Octávio.

– Queres transmitir alguma mensagem de apoio ao José Mourinho?

– Sim, claro, que ponha os olhos no que está a fazer o Carlos Carvalhal, apesar da periodização tática.

– O que te diz o nome Pedro Guerra?

– É uma versão XXL do Manuel Serrão mas com menos piada.

– Por último, com este visual és candidato ao próximo filme do 007?

– Espera pela segunda volta do campeonato.

Embora tenha sido obrigada a dar a sua sede como garantia de dívidas de clubes no “Totonegócio”, a nova Liga anunciada por Pedro Proença já começa a dar sinais de retoma.

O sorteio da Taça CTT que hoje ali se realizou demonstra que está quase meio caminho andado.

Embora os presidentes dos clubes continuem a ter para com este tipo de eventos a mesma atitude que Ferro Rodrigues teve um dia em relação ao segredo de justiça, a verdade é que é um gosto ver a Liga de novo a fazer tudo direitinho, como aconteceu neste sorteio para os qual foram convidados os jogadores Vítor Vinha, do Famalicão, e Bruno Moreira, do Paços de Ferreira.

Pedro Proença não entrou de chancas e está por apurar o caos que encontrou.

Passo a passo, o novo presidente tem conseguido impor o seu estilo de gestão, uma gestão partilhada mas também responsabilizada.

Sou suspeito para falar do novo diretor de comunicação da Liga, o meu amigo Germano Almeida, mas é preciso que se diga que esta nova imagem da Liga, de novo a assumir-se como player do nosso futebol, se deve muito ao trabalho dele e da sua pequena mas empenhada equipa.

Rui Vitória e Julen Lopetegui andam perdidos nos respetivos labirintos enquanto Jorge Jesus está igual a si próprio e já foi capaz de passar para o Sporting as suas ideias de um futebol positivo e pensativo.

No Benfica, Vitória soma já 3 derrotas no campeonato. Duas frente a rivais diretos, uma fora (FC Porto) e outra em casa (Sporting), a outra frente ao Arouca (em campo neutro).

No FC Porto, Lopetegui, no seu segundo ano, ainda não sofreu golos no Dragão mas já aí perdeu dois dos seis pontos baldados pelo vice-campeão nacional, que fora só conseguiu uma vitória em 3 jogos.

Jesus, pelo seu lado, regista 2 empates (uma em casa – Paços de Ferreira – e um fora – Boavista) mas chega aí na liderança absoluta do campeonato e depois de passar pela Luz.

JJ, lembre-se, começou a época a ganhar a Supertaça ao Benfica e se é verdade que não conseguiu a qualificação para a Champions e não começou bem a Liga Europa, também é certo que ninguém duvida que o ataque ao título é o que realmente conta. E esse ataque está a ser plenamente consumado.

O Benfica caminha para uma dolorosa época de transição e está visto que a política do que tudo o que vier há rede é peixe…é um perigo. No FC Porto, poucos são os que acreditam no génio do treinador e muitos os que vão engolindo sapos só para não o queimarem em lume branco.

É um facto que tudo pode virar de um momento para o outro mas hoje quem tem de fazer pela vida é quem está já a correr atrás do prejuízo face a um Sporting empolgado e no qual os jogadores, bons e menos bons, são espremidos até ao tutano.

JJ tem mais uma vez mérito total mas também pode agradecer a Bruno de Carvalho uma política desportiva e de comunicação igualmente agressiva e a jogar para a frente enquanto o FC Porto joga para o lado e o Benfica vai jogando cada vez mais para trás.

Uma vitória inesperadamente fácil do Sporting perante um Benfica que desde o momento em que sofreu o primeiro golo passou a não existir.

JJ mais uma vez mostrou que domina a ciência da tática perante um Rui Vitória abúlico e sem ideias que entrou com uma equipa cansada e sem surpresas.

O Sporting foi melhor em todos os planos do jogo, sobretudo no psicológico. Esta vitória coloca-o em definitivo na corrida do título. O Benfica, esse, está cada vez mais próximo de ver confirmada uma época, para sermos meiguinhos, apenas de transição.

O Benfica jogou quase toda a partida com medo de sofrer uma goleada maior que o 3-0 final. Fez por merecer mas o Sporting também não quis muito mais. Com 3 de vantagem, podem também dizer, dá para tudo mas há quem não aproveite e os leões souberam aproveitar.

Foi uma grande vitória do Sporting mas também uma grande derrota do Benfica.

Grande momento de Jorge Jesus ao ter uma palavra para os adeptos do Benfica. Grande mesmo.

E amanhã é outro dia…

AQUI FICAM ALGUMAS OPINIÕES BEM ESTRUTURADAS TIRADAS A QUENTE

Jorge Jesus deu nova lição a Rui Vitória e independentemente do que possa acontecer no futuro, fica provado hoje o erro histórico de Vieira em mandar o treinador embora. O presidente cedeu às pressões internas e vai arrepender-se muito de ter dado o braço a torcer. Com JJ na Luz, o Benfica seria claramente o principal candidato ao título, assim vai ficar a ver a luta entre o FC Porto e Sporting.

Rui Teixeira

É assim que onze jogadores ganham a uma equipa

António Carlos Valera

Mais uma lição táctica do melhor treinador português da actualidade.

Concordem com a minha opinião ou não, se há coisa que nunca me poderão acusar é de falta de coerência ou memória selectiva.

Jorge Jesus já teve insucessos como qualquer profissional tem na sua carreira, mas colocou um nível de exigência no Benfica como já não era visto desde a década de 80.

Marco Ferreira disse ao “AS” o que BnA já aqui tinha sugerido, ou seja, que recebeu sempre “enigmáticos” telefonemas de Vítor Pereira antes de apitar jogos do Benfica.

O que BnA não sabe, mas suspeita, é se essas conversas foram ou não gravadas.

Vítor Pereira, o presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, ou explica muito bem o que se passou ou só tem agora um caminho: demitir-se das funções que exerce.

Não é tolerável que o presidente do CA da FPF apenas fale com os árbitros que vão apitar jogos do Benfica, usando um discurso no mínimo ambíguo.

Compete ao Conselho de Disciplina da FPF averiguar se houve aqui uma má prática. Se não houve, o que se conhece é suficientemente grave para impor uma mudança de liderança num Conselho de Arbitragem que venceu as últimas eleições por um voto, devido a uma súbita indisposição de um delegado de Viana do Castelo que veio a calhar muito bem.

O “kit Eusébio” que o Benfica costumava oferecer aos árbitros que apitavam na Luz é uma prenda como muitas outras que se oferecem. A verdade é que todos os clubes, sobretudo os grandes, oferecem sempre camisolas oficiais, que não custam menos de 70 euros, aos árbitros, que têm sempre muitas solicitações de amigos nesse sentido.

Não há aqui qualquer problema.

Onde o ponto bate é nos vouchers para jantar no Terreiro do Paços, pelos vistos apenas usados por observadores e delegados da Liga.

A oferta de jantar é algo que consta da lista proibida. Nem que seja um jantar de cortesia, como parece ser o caso.

No caso originário do Apito Dourado, os jantares patrocinados pelo Gondomar, antes e depois dos jogos, contribuíram para condenar o clube e alguns árbitros que até já tinham passado pela 1.ª categoria.

Ora, um jantar é sempre um jantar.

Não se corrompe um árbitro com um jantar mas um árbitro, sobretudo a este nível, deve rejeitar qualquer oferta nesse sentido, mesmo em forma de voucher.

Por isso, os árbitros que receberem os vouchers e que não reportaram essa oferta ao Conselho de Arbitragem em teoria arriscam uma penalização.

Ou seja, corremos o risco de ficar sem árbitros numa próxima jornada…

É sempre bom regressar ao Mar e verificar que mesmo com pouco e poucos se pode fazer muito.

O Leixões não vive propriamente um bom momento mas disputou a eliminatória com a Arouca até ao último segundo.

O mau tempo vai passar e venham mais golos como este de João Pedro.

A minha singela homenagem a um repórter com quem aprendi muito. 

A Liga apresentou esta semana o que chamou o seu novo posicionamento mas o assunto principal acabou por ser o das prendas do Benfica aos árbitros. A apresentação decorreu no hotel mais in do grande Porto e a representação dos clubes ao mais alto nível esteve longe de ser entusiasmante. Bruno de Carvalho, que até apoiou Proença, faltou, tal como Luís Filipe Vieira, que não o apoiou. Pinto da Costa, esse, mais uma vez disse “presente”, continuando colado ao homem em que apostou.

Já aqui o disse e repito. Acredito que Pedro Proença pode dar à Liga o que nos últimos tempos só lhe tentaram tirar, isto é, a liderança do futebol profissional e do respetivo negócio.

“Futebol com talento” é o novo lema da Liga. É precisamente o que se pede a Proença e à sua equipa.

Os primeiros sinais são positivos e já se podem ver na área da comunicação.

Falta o mais difícil: não permitir interferências e seguir uma linha que conduza à sustentabilidade da Liga de Clube e à sua reafirmação perante o poder cada vez maior da FPF.

Se PP quiser, consegue.

Se não conseguir, fará apenas o que os outros quiserem. E não passará de mais um presidente que passou pela Liga para ficar bem na fotografia ao lado de alguns presidentes e de Joaquim Oliveira.

Para quem andou ontem distraído, a RTP 2 transmitiu dois belos programas à hora do “Prolongamento”. Num deles fiquei a saber algo mais sobre Mark Twain e Lewis Carrol e no outro comecei a embrenhar-me na história da família Krupp. Mas depois cai na tentação de ir ao facebook e percebi a agitação a propósito do abandono do cirurgião Eduardo Barroso do programa da TVI 24.

Não foi propriamente uma surpresa.

O esforço de Barroso para levar com Pedro Guerra estava a ser colossal e o que nos proporcionava algum alívio era apenas o facto de o representante do Sporting não poder levar para o estúdio os seus instrumentos cirúrgicos.

Pedro Guerra, diretor da BTV, é um paineleiro que enche o ecrã e que irrita o mais santo. Mas está lá precisamente para isso e se passou da CMTV para a TVI foi porque funciona em televisão de horário prime time.

Ninguém pode dizer de Guerra que este se fica nas covas e que não se prepara para os debates. Quanto à sua argumentação, bem, é assunto no qual não me meto mas suponho que os benfiquistas adoram e os outros detestam.

Pedro é um peso-pesado da guerra dos programas de paineleiros, assim batizados por um dos primeiros, o senhor Alfredo Farinha, quando “Os Donos da Bola” da SIC não só promovia este folclore como também proporcionava reportagens fora da caixa, que faziam abanar os 7 pilares da sabedoria do nosso futebol, no qual hoje se agarram como lapas antigos detentores da carteira profissional de jornalista.

Só vê estes programas quem os quer ver e quem os critica é precisamente quem mais vê.

Ou seja, os que mais detestam Pedro Guerra e o seu estilo são os que mais o procuram, pouco se importando com o que está a dar nos outros canais. Penso que o próprio Rui Gomes da Silva já deve andar com alguma ciumeira.

Quanto à atitude de Eduardo Barroso, sempre o considerei uma figura simpática e dei desconto ao seus hiper spontinguismo. Mas valha a verdade que nem sempre foi politicamente correto com alguns dos seus colegas de painel. Também não é isso que lhe pedem.

Barroso perdeu esta guerra ao mandar a toalha para o tapete. Podia ter saído melhor, ignorando Guerra, mas mais uma vez não resistiu. Foi um momento triste de televisão mas certamente bom para as audiências.

Tem agora a TVI de encontrar um substituto. O mercado dos paineleiros está prenhe deles e se houver qualquer dificuldade penso que o Sérgio Figueiredo não se importará nada de participar em mais um programa, agora que mudou o seu gabinete para os estúdios da TVI.

Tudo evoluí e a televisão por cabo mudou muita coisa. E não esqueçam que a Alemanha perdeu a Guerra no dia em que Hitler, em Dunquerque, entendeu que não valia a pena ir tomar chá a Londres no dia seguinte. 

PS – Confesso que o que mais custa é ver o Bernardino Barros envolvido nestas guerras. Gostava muito mais dele nos tempos de comentador da TSF e da Rádio Renascença. É verdade que nunca escondeu a sua preferência clubística mas nessa altura era mesmo BB…C.