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Paixão Internacional

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O estranho desafio de Frank de Boer

16 Setembro, 2016 2167 visualizações

Confesso que a notícia do anúncio da chegada de Frank de Boer ao Inter causou-me surpresa. Não pela falta de qualidade do treinador, mas por considerar que a filosofia de trabalho do holandês, que tanto sucesso teve no Ajax, não se enquadrar na complexa mentalidade desportiva que domina na Serie A. E, ao fim de quatro jogos, o renovado Inter só venceu uma vez, tendo somado duas derrotas e um empate. Em Itália, a paciência já começa a esgotar-se e especula-se a saída do treinador, confirmando as minhas piores previsões. “Não tens vergonha Inter?”, é por exemplo a manchete de hoje da “Gazzetta dello Sport”.

Como fiel seguidor do Ajax nos últimos anos, é fácil traçar o perfil de De Boer como treinador. Adepto fervoroso do 4x3x3 e pouco flexível a mudanças táticas (recebeu críticas na Holanda por ser teimoso…), aposta em jovens jogadores e estilo de jogo ofensivo, o antigo jogador foi tetracampeão holandês, devolvendo a hegemonia ao conjunto de Amesterdão. Tudo perfeito. Mas depois daquele trágico final da temporada anterior, em que perdeu o título para o PSV na derradeira jornada, compreendo que este ciclo tivesse terminado. O que não esperava é que o próximo desafio do treinador, apenas o segundo da carreira ao mais alto nível, fosse o Inter, uma equipa inserida num quadro totalmente oposto às suas ideias e princípios futebolísticos. Sem prever o futuro, isto tinha tudo para correr mal. Mas ainda vai a tempo…

Após uma breve pesquisa, encontrei estas declarações de De Boer em 2002 sobre o futebol italiano. “É horrível. É um estilo de jogo aborrecido que pensa apenas em lutas no meio-campo, e onde as equipas procuram marcar apenas em livres ou cantos. É uma questão de cultura, em Itália jogou-se sempre apenas para o resultado”, analisou o holandês, que agora tenta contradizer o seu pensamento, tentando colocar o Inter de novo na ribalta do futebol italiano.

E os primeiros jogos dos nerazzurri foram (de forma algo exagerada) mesmo horríveis. No primeiro jogo frente ao Chievo, De Boer tentou pensar como um treinador italiano, mudou a sua filosofia e apostou num estranho (para ele) 3x5x2, que não teve obviamente bons resultados. Regressou depois ao seu 4x3x3 mas as exibições do Inter estão muito aquém das expetativas, face aos bons jogadores que possui. Um meio-campo com Medel, João Mário e Banega terá a obrigação de render muito mais. Um ataque com Icardi, Candreva e Perisic (Gabigol está a chegar…) terá de ser muito mais letal. Na defesa é que há problemas de construção. As opções titulares de Miranda, Murillo, D’Ambrosio e Santon parecem-me algo curto para a dimensão do clube.

Com apenas quatro pontos ao fim de três jornadas, De Boer não podia ter um teste mais duro para sair desta espécie de crise. Domingo, frente à Juventus, o Inter tem uma grande hipótese de mostrar que está vivo e surpreender todos com um bom resultado. É que desde 2000/01 que o histórico emblema italiano não arrancava com tão poucos pontos como agora. Fico a torcer por De Boer, que consiga construir uma equipa coesa e atrativa que ajude a promover o futebol italiano. Pode ser que João Mário torne-se rapidamente num líder dentro campo, e que Gabigol dê outra técnica ao ataque. Cá estaremos para ver..

Diogo Jesus

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