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Confesso que a notícia do anúncio da chegada de Frank de Boer ao Inter causou-me surpresa. Não pela falta de qualidade do treinador, mas por considerar que a filosofia de trabalho do holandês, que ..." /> Paixão Internacional - Record

Paixão Internacional

O estranho desafio de Frank de Boer

16 Setembro, 2016 0

Confesso que a notícia do anúncio da chegada de Frank de Boer ao Inter causou-me surpresa. Não pela falta de qualidade do treinador, mas por considerar que a filosofia de trabalho do holandês, que tanto sucesso teve no Ajax, não se enquadrar na complexa mentalidade desportiva que domina na Serie A. E, ao fim de quatro jogos, o renovado Inter só venceu uma vez, tendo somado duas derrotas e um empate. Em Itália, a paciência já começa a esgotar-se e especula-se a saída do treinador, confirmando as minhas piores previsões. “Não tens vergonha Inter?”, é por exemplo a manchete de hoje da “Gazzetta dello Sport”.

Como fiel seguidor do Ajax nos últimos anos, é fácil traçar o perfil de De Boer como treinador. Adepto fervoroso do 4x3x3 e pouco flexível a mudanças táticas (recebeu críticas na Holanda por ser teimoso…), aposta em jovens jogadores e estilo de jogo ofensivo, o antigo jogador foi tetracampeão holandês, devolvendo a hegemonia ao conjunto de Amesterdão. Tudo perfeito. Mas depois daquele trágico final da temporada anterior, em que perdeu o título para o PSV na derradeira jornada, compreendo que este ciclo tivesse terminado. O que não esperava é que o próximo desafio do treinador, apenas o segundo da carreira ao mais alto nível, fosse o Inter, uma equipa inserida num quadro totalmente oposto às suas ideias e princípios futebolísticos. Sem prever o futuro, isto tinha tudo para correr mal. Mas ainda vai a tempo…

Após uma breve pesquisa, encontrei estas declarações de De Boer em 2002 sobre o futebol italiano. “É horrível. É um estilo de jogo aborrecido que pensa apenas em lutas no meio-campo, e onde as equipas procuram marcar apenas em livres ou cantos. É uma questão de cultura, em Itália jogou-se sempre apenas para o resultado”, analisou o holandês, que agora tenta contradizer o seu pensamento, tentando colocar o Inter de novo na ribalta do futebol italiano.

E os primeiros jogos dos nerazzurri foram (de forma algo exagerada) mesmo horríveis. No primeiro jogo frente ao Chievo, De Boer tentou pensar como um treinador italiano, mudou a sua filosofia e apostou num estranho (para ele) 3x5x2, que não teve obviamente bons resultados. Regressou depois ao seu 4x3x3 mas as exibições do Inter estão muito aquém das expetativas, face aos bons jogadores que possui. Um meio-campo com Medel, João Mário e Banega terá a obrigação de render muito mais. Um ataque com Icardi, Candreva e Perisic (Gabigol está a chegar…) terá de ser muito mais letal. Na defesa é que há problemas de construção. As opções titulares de Miranda, Murillo, D’Ambrosio e Santon parecem-me algo curto para a dimensão do clube.

Com apenas quatro pontos ao fim de três jornadas, De Boer não podia ter um teste mais duro para sair desta espécie de crise. Domingo, frente à Juventus, o Inter tem uma grande hipótese de mostrar que está vivo e surpreender todos com um bom resultado. É que desde 2000/01 que o histórico emblema italiano não arrancava com tão poucos pontos como agora. Fico a torcer por De Boer, que consiga construir uma equipa coesa e atrativa que ajude a promover o futebol italiano. Pode ser que João Mário torne-se rapidamente num líder dentro campo, e que Gabigol dê outra técnica ao ataque. Cá estaremos para ver..

Diogo Jesus

A sorte ainda vai chegar

18 Junho, 2016 0

Dois jogos, dois empates. Exige-se muito mais à Seleção Nacional no Euro’2016, que tinha/tem um grupo acessível. Não se deve contornar a questão que Portugal chega à derradeira jornada ainda sem o apuramento selado. Tudo o que não seja uma vitória frente à Hungria será demasiado triste para os 11 milhões de cá e os muitos outros no estrangeiro, que nunca vacilaram na hora de apoiar Portugal.

 

Cristiano Ronaldo

Criamos oportunidades mas não marcamos. Ronaldo continua a ser a nossa referência e alguma vez há de marcar. A sorte que nos tem faltado ainda estará para chegar. Se os golos decidirem aparecer com naturalidade frente aos magiares, recupera-se a confiança aparentemente perdida e ficamos relançados para a fase a doer da competição, onde podemos vencer a qualquer seleção. Mas primeiro temos de lá chegar…

 

Muitos remates, zero golos

O fenómeno Dele Alli

19 Abril, 2016 0

Na temporada passada andava a marcar golos na 3.ª divisão, ajudando o Milton Keynes Dons a subir ao Championship. E, poucos meses depois, eis que é um dos médios mais promissores da Premier League e é peça fundamental no Tottenham que luta pelo título. Eis Dele Alli, de apenas 20 anos, que já é um fenómeno.

Contratado por cerca de 6,5 milhões de euros, é difícil acertar quanto valerá neste momento o internacional inglês. Com 10 golos na sua época de estreia na Premier League (nada mau…), os adeptos até conseguem perdoar um lance destes.

 

Klopp: Trocar a dúvida pela crença

15 Abril, 2016 0

kloppÉ difícil ficar indiferente à energia que transmite Jürgen Klopp para o relvado. A épica reviravolta do Liverpool frente ao Dortmund, na Liga Europa, deveu-se muito à motivação que o alemão colocou nos seus jogadores, que seguem o seu treinador até à vitória final.

Só com muito carácter é que uma equipa consegue anular uma tamanha desvantagem e, ainda para mais, frente a um adversário considerado (justamente) como o principal candidato à conquista da competição, e que quase todos apreciamos.

As palavras de Thomas Tuchel, técnico do Dortmund, no final da partida, revelam o que todos sentiram naquele momento:  “Não há lógica no que aconteceu, é inexplicável. Foi tudo muito emocional. Quando a partida estava 3-3, todos no estádio acreditavam que a reviravolta estava escrita, que era uma coisa do destino”. E foi mesmo isso.

Se há treinadores que podem mudar radicalmente o estado de espírito de uma equipa é Klopp. O Liverpool não tem um dos melhores plantéis de Inglaterra mas tem no banco o seu principal trunfo. É muito provável que os reds não vão ganhar todos os jogos até ao final da época, mas de falta de comprometimento com o clube os adeptos não se vão queixar.

Com esta garra que vem de fora para dentro (todos nos lembramos da era amorfa de Brendan Rodgers), é legítimo pensar que o Liverpool fica assim muito mais perto de lutar pelos títulos, como já aconteceu na Taça da Liga (derrota nos penáltis na final com o City). Conquistar a Liga Europa não será uma tarefa fácil mas está perfeitamente ao alcance dos ingleses. E o mérito será quase todo de Klopp que, de ‘normal one’ parece ter muito pouco.

Fica assim lançada a dúvida sobre que Liverpool vai aparecer na próxima temporada. Que reforços Klopp vai trazer para Anfield e se conseguirá implementar este estilo de jogo baseado na crença numa competição tão longa como a Premier League. Neste momento, uma das suas promessas parece ganhar forma: “trocar a dúvida pela crença”.

DJ

Como não gostar de Klopp…

6 Abril, 2016 0

Jürgen Klopp, agora treinador do Liverpool, regressa esta quinta-feira a Dortmund em duelo da Liga Europa. O próprio já pediu para os adeptos amarelos não realizarem homenagens, mas como não gostar de Klopp?

 

Gary Neville foi mesmo mau

31 Março, 2016 0

(Mirror Sport)

Ninguém pode ter ficado surpreendido com o despedimento de Gary Neville do Valencia. O treinador inglês, que sucedeu a Nuno Espírito Santo, nunca deu mostras de conseguir tirar o clube espanhol de uma espiral de maus resultados (o plantel não é brilhante mas de certeza que vale muito mais do um 14.º lugar…).

Como a imprensa britânica bem destacou, Gary Neville não esteve à altura de um emblema que está habituado a ficar nos lugares cimeiros. Nem o facto de Neville ser inglês aliviou as críticas nos tablóides, que foram implacáveis ao constatar que ele foi o pior treinador inglês da história da La Liga.

O trabalho de um treinador pode medir-se por vários factores mas, o mais importante, será sempre o desempenho desportivo. E, nisso, o trabalho de Gary Neville no Valencia foi mesmo mau… como mostram os números.

Diogo Jesus

Feyenoord em crise

16 Fevereiro, 2016 0

O Feyenoord atravessa uma temporada histórica… mas pelas piores razões. Nunca o emblemático clube holandês tinha perdido sete (!) jogos consecutivos no campeonato.

Recuando no tempo, há uns meses era notório o entusiasmo e otimismo em redor da formação orientada pelo conhecido mas inexperiente Giovanni van Bronckhorst. A chegada do ídolo Dirk Kuyt (chegou a custo zero do Fenerbahçe) dava esperança. E, com cerca de 12 milhões de euros investidos em reforços, deu a sensação que seria desta que o Feyenoord iria aproximar-se, no mínimo, dos rivais PSV e Ajax, e lutar finalmente por um título que foge há demasiados anos. Foi campeão pela última vez em 1998-99. E a nível europeu, longe vão os tempos em que o Feyenoord era uma equipa temível, como aquela que conquistou a Taça UEFA em 2001/02, frente ao Dortmund.

Depois de reequilibrar as finanças, esperava-se que os resultados desportivos estivessem a chegar. Puro engano. Com o orçamento anual estimado em 45 milhões de euros – muito distante do poderio económico do PSV e Ajax (esta dupla tem orçamentos avaliados em 65 milhões), a equipa de Roterdão não consegue competir a nível interno e dificilmente alcançará o tão ambicionado apuramento para a Liga dos Campeões.

Os recentes resultados provam que o plantel foi, uma vez mais, mal construído. Com a estrela Kuyt a marcar golos (contabiliza 15) mas sem a influência de outros tempos, e com o reforço Eljero Elia a prometer muito no início e a cair rapidamente de produção, a responsabilidade tem recaído nos mais jovens, como o sueco Simon Gustafson ou o sérvio Marko Vejinovic (contratado para substituir Jordy Clasie). O gigante avançado Michiel Kramer, pouco habituado a esta exigência, tem 10 golos mas revela demasiadas limitações colectivas. O turco Basacikoglu, que era craque no Heerenveen, deu boas indicações mas esta época só leva dois remates certeiros e mantém uma irregularidade gritante.

Na Holanda criticam as táticas de Van Bronckhorst, que insiste num estilo de jogo demasiado vertical. O Feyenoord é das equipas que mais cruzamentos efectua durante um jogo, sem efeitos práticos. Do 4x3x3 habitual, o técnico ainda em aprendizagem muda constantemente para o tradicional 4x4x2 (como aconteceu em casa do Ajax), e até já experimentou o 5x3x2 na Taça. Nos duelos fora de casa apostou em algumas ocasiões no 4x5x1. Tudo somado, transmite confusão aos intervenientes. Depois de alguns anos como adjunto, Van Bronckhorst cumpre a primeira temporada como treinador principal. E escreve a imprensa holandesa que já anda pedir conselhos a Ronald Koeman e Fred Rutten, com quem trabalhou, de forma a inverter este ciclo negativo.

Com uma direção que parece estar presa no passado, fruto ao pouco investimento na formação e em condições de treino, os adeptos do Feyenoord não terão razões para festejar no final da temporada. E, como bem disse o capitão Kuyt no final do último jogo, o Feyenoord é neste momento o alvo de chacota em toda a Holanda.

Diogo Jesus