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Nunca fui adepto dos jogos de futebol repletos de interrupções. Não conheço, aliás, ninguém que goste de assistir a partidas em que a bola está mais tempo parada do que em movimento. Assim sendo, ..." /> Mundial com novas regras - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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Mundial com novas regras

6 Julho, 2014 860 visualizações

Nunca fui adepto dos jogos de futebol repletos de interrupções. Não conheço, aliás, ninguém que goste de assistir a partidas em que a bola está mais tempo parada do que em movimento. Assim sendo, também não aprecio árbitros que sentem necessidade de apitar por tudo e por nada, que se esquecem que o futebol é uma modalidade de contacto e onde – dentro de determinados parâmetros – a agressividade é não só permitida como elogiada. Mas, convenhamos, preferir jogos mexidos, com considerável tempo útil de jogo, é uma coisa, mas elogiar desempenhos onde vale praticamente tudo sem que os juízes intervenham, é outra. Bem diferente.

O Mundial do Brasil tem sido, na ótica da maioria, uma prova sensacional. Não alinho muito nessa ideia, pois se é verdade que várias seleções de segunda e terceira linha revelaram evolução, os “pesos-pesados” – incluindo os que ainda estão na luta pelo título – não têm praticado um futebol particularmente vistoso, ao ponto de terem tido muita sorte (e algumas ajudas “extra”) em determinados embates. Há mais equilíbrio do que habitualmente, mas com o nivelamento a ser feito por baixo. O poder físico tem prevalecido sobre a técnica.

Mas, deixando a qualidade exibicional para segundo plano, o que tem sido incrível é observar a forma como a maioria dos árbitros tem dirigido os jogos do ponto de vista disciplinar. A menos que as regras tenham sido alteradas e só os juízes presentes no Brasil saibam disso, os constantes atropelos aos regulamentos e às determinações tradicionais merecem reflexão. Quantas entradas duras passaram sem qualquer castigo? Quantas situações suscetíveis de amostragem de cartões mereceram apenas a indicação de falta? Quantas simulações foram entendidas como lances comuns? Quantas agressões (sem bola ou em entradas por detrás) foram ignoradas ou apelidadas de jogadas normais, como por exemplo a cotovelada do francês Sakho no equatoriano Mindia?

A FIFA, hoje como quase sempre, tem dois pesos e duas medidas. Pensar que todos são tratados por igual, que as regras são as mesmas para todos, é a mesma coisa que, já adultos, insistirmos em acreditar que o Pai Natal é quem nos oferece os brinquedos ou que as crianças são transportadas pelas cegonhas. Era bom, era…

(artigo publicado na edição impressa do Jornal Record de 6 de Julho de 2014)