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E pronto… a saída de Sá Pinto do comando do Sporting está confirmada. Sem surpresas. Tal como defendi aquando da suada vitória caseira perante o Gil Vicente, o divórcio apenas tinha sido ad..." /> Sá Pinto: um réu que foi vítima - Olhos de ver - Record

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Sá Pinto: um réu que foi vítima

5 Outubro, 2012 682 visualizações

E pronto… a saída de Sá Pinto do comando do Sporting está confirmada. Sem surpresas. Tal como defendi aquando da suada vitória caseira perante o Gil Vicente, o divórcio apenas tinha sido adiado. Restava saber até quando, pois a única maneira do adeus não se consumar era a equipa de Alvalade desatar a ganhar jogos uns atrás dos outros. E isso, adivinhava-se facilmente, não iria suceder.

Sá Pinto, como qualquer outro treinador que apresente um saldo fraquinho ao nível das vitórias, foi afastado por causa dos resultados. Contudo, no clube verde e branco, há muito se percebeu que, pese os eventuais erros próprios de quem tem de gerir um grupo de futebolistas, de escolher o melhor onze ou a táctica ideal… o maior problema nunca é o treinador. Mais que não seja porque, se o eleito confirma não ser o indicado para o cargo, a responsabilidade maior dever ser atribuída a quem o escolheu.

Sempre tive muitas dúvidas que Sá Pinto fosse capaz de desempenhar com sucesso esta missão. Sei bem que existem inúmeros casos de ex-futebolistas que, quase sem experiência, assumem o comando de formações de topo e a coisa corre bem. No entanto, defendo (e sempre defenderei) que o caminho adequado é um treinador ganhar tarimba durante vários anos até chegar a uma formação sénior com objectivos elevados. Passar pelo futebol juvenil de forma consistente ou ganhar calo nos escalões secundários são, em meu entender, os caminhos mais normais. As excepções devem continuar a ser vistas como algo que não sucede com regularidade. Sá Pinto “queimou” demasiadas etapas e acabou “queimado”. A garra, o espírito lutador e a dedicação ajudam, mas não são decisivas no alto rendimento.

Não tenho dúvidas que Sá Pinto cometeu muitos erros, sendo que o maior de todos talvez tenha sido a incapacidade para encontrar, esta época, um onze base. As trocas foram sempre muitas e, em alguns casos, sem se entenderem. O exemplo mais flagrante sucedeu precisamente no último jogo do seu consulado. Que raio de ideia lhe passou pela cabeça para poupar vários elementos diante do Videoton? Se a partida fosse em casa, se o Sporting tivesse derrotado o Basileia na estreia na Liga Europa, se o encontro já não possuisse qualquer interesse competitivo… talvez se entendesse a opção. Mas não, a lógica de Sá Pinto foi uma batata. Começou demasiado cedo a pensar na deslocação ao Dragão e pagou um preço caro. Daqui a uns dias ficaremos a saber se o clube ainda ganhará alguma coisa com a opção. Sinceramente… acho que não.

Mas, não olhemos apenas para Sá Pinto que, acrescente-se, de repente pareceu completamente perdido, com intervenções próprias de quem não estava a ver rigorosamente nada do que se passava à sua volta. Nem dentro do campo com a equipa, nem fora dele com aqueles que o deviam escudar de certos embates. Sá Pinto foi o menos culpado deste filme que, como todos sabem, não é muito diferente do enredo que também apanhou Paulo Bento (embora tenha resistido mais tempo e conseguido vários feitos importantes), Paulo Sérgio, Carvalhal, Couceiro ou Domingos. Em Alvalade, qualquer treinador tem de se preocupar com as questões normais da sua profissão, mas também com a falta de liderança, estratégia e gestão dos dirigentes, a começar por quem ocupa o cargo mais alto da estrutura.

Enquanto o Sporting não tiver um presidente (e mais dois ou três dirigentes) firme, decidido, com capacidade para traçar um rumo claro para o clube e corajoso para dizer apenas as verdades (mesmo as dolorosas) aos sócios e adeptos, a probabilidade de o emblema sair do marasmo é diminuta. Hoje em dia, por exemplo, ninguém entende se o Sporting quer apostar na formação ou se vai manter a compra desenfreada de estrangeiros; se vai aumentar a massa salarial com a contratação de jogadores experientes quando a falta de verbas aconselha precisamente o inverso; se vai continuar a dizer que rejeita propostas quando, invariavelmente, o segurar determinadas pedras não chega para atingir os títulos desejados.

Em Alvalade, desde há muitos anos, as derrotas começam fora do terreno de jogo. E o mais preocupante é que poucos parecem reparar nisso ou – pior – limitam-se a deixar andar. Por isso, nesta altura, mais que encontrar o treinador certo, penso que o clube deveria tratar de descobrir os dirigentes necessários. Ainda assim, no que ao cargo de técnico diz respeito, é capaz de ser bom optar por alguém experiente, com provas dadas, dono de uma personalidade forte e, já agora, estrangeiro. Não possuir ligações a este ou aquele clube (inclusive ao Sporting) pode evitar mais uns quantos problemas.

PS – A confirmar-se que o Sporting ofereceu o cargo de treinador da equipa B a Sá Pinto nem sei o que dizer. Entendo que o clube procure forçar uma rescisão amigável ou que não queira pagar a mais um treinador que não esteja a desempenhar funções, mas avançar com algo deste género é completamente ridículo.

PS1 – Resta perceber se Godinho Lopes irá conseguir escapar pelos intervalos da chuva e mais este momento corturbado. O seu espaço de manobra é cada vez mais diminuto. E pedir desculpas, um dia, não será suficiente para acalmar os adeptos mais exigentes.