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Olhos de ver

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Sá Pinto continua na corda bamba

25 Setembro, 2012 661 visualizações

Caso o Gil Vicente tivesse saído de Alvalade com pontos, muito dificilmente Sá Pinto ainda seria técnico do Sporting. No entanto, a situação do treinador dos leões não se alterou significativamente com a suada vitória perante os gilistas. Apenas ganhou algum tempo (o facto do próximo jogo ser em casa com o Estoril também pode ajudar). A sua saída, a menos que a equipa desate a ganhar todos os jogos, será uma questão de tempo.

A passagem de Sá Pinto a técnico da equipa sénior do Sporting foi uma medida arriscada de Godinho Lopes (acreditando que a decisão terá sido sua). Não só por se tratar de alguém com pouca experiência como treinador, mas também por estar em causa uma pessoa com um passado atribulado no clube. Enquanto futebolista, o nortenho foi figura importante da história recente do emblema de Alvalade, mas a verdade é que deixou o clube de forma pouco famosa quando a carreira de jogador caminhava para o final e, de seguida, ainda teve uma vivência mais complicada na pele de dirigente (director desportivo).

Nunca percebi, aliás, a grande admiração que Sá Pinto conquistou junto da maioria dos sportinguistas. Ninguém pode colocar em causa a sua dedicação, mas aquilo que lhe sobrou sempre em empenho, muitas vezes lhe faltou em discernimento. Aliás, duvido que muitos dirigentes saiam de um clube depois de agredir um jogador e, mais tarde, regressem para treinar jovens e, de seguida, a equipa principal. No entanto, nesta altura, o seu estado de graça já terminou. A Juventude Leonina ainda pode estar com ele, mas nos gabinetes são bem mais os que equacionam a sua saída do que aqueles que o apoiam.

Sá Pinto, no lançamento do jogo com o Gil Vicente, fez a sua defesa e criticou a imprensa. Está no seu direito. Mas, naturalmente, sabe bem que ninguém fora do Sporting resolveu combinar uma estratégia para afirmar que o seu cargo estaria em causa. Qualquer pessoa minimamente atenta percebeu que a informação saiu de dentro do clube, mais propriamente das altas-esferas, aquelas que se “esqueceram” de defender o treinador, deixando-o abandonado à sua sorte, provavelmente admitindo que o embate com o Gil traria mais um desgosto.

Na qualidade de técnico, pelo menos até ver, Sá Pinto tem tido um comportamento exemplar. Surpreendentemente, as declarações têm sido algo estranhas. Considero mesmo que o treinador tem sido a única pessoa a ver o Sporting realizar constantemente grandes exibições, a constatar que a equipa está “fortíssima”. De resto, no jogo com o Gil, o técnico fez um autêntico “harakiri”. A forma como o Sporting alinhou quase toda a segunda parte foi de loucos. Na ânsia de virar o resultado – que conseguiu, com justiça, face ao domínio exercido -, Sá Pinto “partiu” a equipa, inventou uma táctica impossível e correu riscos que, com outro adversário, teria tido consequências bem nefastas.

Mas, o arranque de temporada sofrível não se deve única e exclusivamente ao treinador. O que está a suceder com Sá Pinto não é muito diferente do que, recentemente, aconteceu com Carvalhal, Paulo Sérgio, Couceiro ou Domingos. Em Alvalade, invariavelmente, os treinadores (e muitos jogadores) são vítimas de uma incapacidade gritante por parte das sucessivas direcções. O Sporting queixa-se muito da falta de dinheiro  – e esse é um problema gravíssimo -, mas ignora o pior dos males: a escassa visão dos seus responsáveis.

O Sporting não tem dinheiro, mas não vende; não tem capacidade para recrutar grandes estrelas, mas não aposta decididamente nos produtos da Academia e continua a comprar estrangeiros; repete vezes sem conta que FC Porto e Benfica gastam mais (para justificar o facto de nas três últimas épocas ter ficado sempre atrás dos rivais), mas ignora que dispende verbas muito maiores que o Sp. Braga, bem como todos os restantes participantes na Liga. De resto, se fosse apenas o valor dos orçamentos a decidir os jogos, a final da Taça de Portugal da época transacta não tinha sido ganha pela Académica, nem os leões começariam a época 2012/13 a empatar em Guimarães, a perder em casa com o Rio Ave ou a sair do duelo fora com o Marítimo com nova igualdade.

Enquanto o Sporting não encontrar dirigentes capazes de falar verdade aos sócios e simpatizantes; de encontrar uma linha racional e não utópica; de concentrar forças em prol da recuperação do clube e não em guerras internas, em vinganças particulares e em práticas no mínimo duvidosas… dificilmente o clube deixará de estar na actual situação. Ou dito de outra forma: mudará… para pior.

PS – Seguindo o (mau) exemplo dos rivais, o Sporting não perdeu tempo em criticar a actuação do árbitro do jogo com o Gil Vicente. Em causa estava a expulsão (absurda) de Labyad. Desta vez, porém, não se falou em grandes penalidades. Provavelmente ninguém viu nenhuma…