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Olhos de ver

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Jesus em fim de prazo

13 Abril, 2012 645 visualizações

Tenho lido por aí, desde a derrota do Benfica em Alvalade, várias notícias que apontam no sentido de Jorge Jesus estar perto de abandonar a Luz. E, mesmo sabendo, que o técnico tem mais um ano de contrato – o que ditará indemnização bastante interessante em caso de despedimento -, acredito que esse é o cenário mais provável. Então se os encarnados, no sábado, falham a conquista da Taça da Liga… nem há mais discussão.

Mas será, de facto, correcto Luís Filipe Vieira indicar a porta de saída ao treinador? Penso que sim. Aliás, sem consultar os registos, duvido que o clube tenha mantido pela quarta temporada consecutiva um técnico que, nas três anteriores, tenha arrebatado só um Campeonato Nacional, sem sequer atingir uma final da Taça de Portugal. Isto, admitindo que o FC Porto vai conseguir, em breve, algo impensável: ser campeão… “sem” treinador.


Bem sei que, oficialmente, Jesus também guiou a formação da Luz à conquista de duas Taças da Liga e que, provavelmente, estará a horas de embolsar mais uma. E recordo ainda que, nas competições europeias, o desempenho benfiquista tem sido simpático nos últimos tempos, com vários resultados importantes. O problema é que a Taça da Liga é uma prova que, em traços gerais, conta pouco ou quase nada (daí o facto dos principais emblemas aproveitaram para utilizar quase sempre suplentes) e na UEFA não se pode propriamente falar em feitos quando se falha um acesso à decisão da Liga Europa aos pés do Sp. Braga e que, esta época, com ou sem erros arbitrais, não é brilhante ficar pelo caminho perante um Chelsea relativamente acessível.


Jesus, é verdade, pode queixar-se da falta de sorte em determinados jogos; de algumas decisões erradas dos homens do apito e até de lesões e castigos que apareceram nos momentos menos convenientes. Contudo, tudo isso são contingências próprias do futebol. Sucedem a todos os emblemas. De resto, o técnico, sempre célere a justificar desaires com questões exteriores ao seu desempenho, raras vezes falou nas vitórias que somou com felicidade (refiro, recentemente, o êxito em Paços de Ferreira e, em casa, com o Sp. Braga), não se lembrou de apontar erros arbitrais a favor dos seus homens (viu, por exemplo, o fora-de-jogo no golo de Maicon na vitória portista na Luz, mas ignorou o penálti cometido por Cardozo na mesma partida) e só pontualmente vislumbrou a sua equipa a jogar pouco ou menos que o opositor.


Jesus, que é um treinador com qualidade sem ser nenhum mago da bola, tem problemas quando quer elaborar meia dúzia de ideias mais compostas. Isso, contudo, não é grave. Bem pior é sua constante queda para se colocar em bicos de pés quando vence ou para sacudir a água do capote quando escorrega; a mania de espremer 12-13 jogadores até ao limite (vejam-se as boas sequências a meio das épocas e a queda evidente quando se decidem as competições); o ser alérgico a uma rotatividade (mínima que seja) necessária quando se joga para ganhar em várias frentes; o ter fixações incompreensíveis com elementos vulgares como Roberto ou Emerson (não é contratá-los ou escalá-los para titulares que merece crítica, mas sim manter a opção sem razões objectivas para tal); formar um plantel com inúmeras soluções para determinados postos e não considerar importante ter um substituto natural para Aimar; atrasar-se muitas vezes a fazer substituições e, claro, lidar muito mal com a crítica (relembro o episódio que protagonizou num “flash interview” por não conseguir explicar a razão para a equipa sofrer tantos golos em casa).


O Benfica não tem o melhor plantel da Europa, mas é provável que possua o mais forte de Portugal. Assim sendo, nesta altura, devia estar perto de ganhar algo relevante. Contudo, está é bem próximo de somar mais uma temporada com vários pontos altos, mas em que o saldo final será… mau. Jesus, é verdade, contribuiu para que os adeptos encarnados voltassem a assistir a algumas exibições de grande nível. No entanto, o que fica na história são os troféus. Os que contam a sério. E é por falhar nessa contabilidade que Jesus só pode estar de saída da Luz…


PS – Estou curioso para ver, no final da época, o balanço que Luís Filipe Vieira fará da temporada. Será que, desta vez, voltaram a existir erros por parte de quem comanda o futebol encarnado?