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Uma das razões que sempre me fez gostar de futebol é saber que, ao contrário do que acontece na maioria das modalidades, neste desporto as surpresas surgem com regularidade. No espectáculo que mai..." /> O sortilégio do futebol - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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O sortilégio do futebol

26 Abril, 2012 699 visualizações

Uma das razões que sempre me fez gostar de futebol é saber que, ao contrário do que acontece na maioria das modalidades, neste desporto as surpresas surgem com regularidade. No espectáculo que mais adeptos tem espalhados pelo planeta, tantas e tantas vezes as melhores equipas não ganham. E não falo apenas naquelas que são superiores no plano teórico. Estou a pensar também nas que, em determinado jogo, possuem maior posse de bola; rematam mais; conquistam um número superior de cantos e livres perigosos; beneficiam de um ror de oportunidades flagrantes; falham penáltis; acertam no poste e na trave e ainda têm razões de queixa da arbitragem.

No futebol, com azar, raras vezes se vence, enquanto com a chamada estrelinha ao lado é sempre possível chegar ao fim dos 90 minutos (ou 120) com motivos para sorrir. Isto é o sortilégio do futebol.

Vem isto a propósito das emocionantes meias-finais da Liga dos Campeões desta temporada. Poucos acreditavam que o Barcelona não ultrapassasse o Chelsea mais acessível dos últimos anos; da mesma forma que também não eram muitos os que admitiam que os alemães do Bayern Munique fossem capazes de travar o Real Madrid. Estavam enganados. Eles e eu. Jamais me passou pela cabeça que os catalães não deixassem pelo caminho os britânicos que, recorde-se, podiam perfeitamente ter sido eliminados pelo Benfica nos “quartos” ou até pelo Nápoles nos “oitavos”. De resto, considerando que os bávaros são uma das equipas que melhor futebol estão a praticar nos últimos tempos, também duvidava que os pupilos de José Mourinho – até pelo facto de disputarem a segunda mão em casa – não lograssem passar à final.

Depois de ver os jogos, creio ser justo dizer que o Chelsea foi feliz na qualificação e que o Bayern foi competente ao alcançá-la. Sim, eu sei que os germânicos seguiram em frente após o desempate da marca das grandes penalidades. Contudo, ao invés do que leio e escuto por aí, não me parece que ganhar nos penáltis seja apenas obra do acaso. Acertar aqueles pontapés é uma arte tão nobre quanto ser efectivo nos livres directos, nos cantos ou em qualquer outra área do jogo. Por alguma razão uns falham menos que outros. Basicamente… é por mostrarem maior qualidade nessa função. Esta análise, aliás, serve também para os guarda-redes. Só eu sabia que Neuer era especialista em suster penáltis?

Regressemos à análise subjectiva. Para mim, a melhor equipa da Europa (e do Mundo) não vai estar na decisão de Munique. Contudo, a ausência do Barcelona não deve ser encarada com dramatismo. Continuo a considerar que são o conjunto mais forte do globo mas, a verdade, é que este ano não vão vencer a “Champions”, nem a Liga espanhola. Acontece. Como também sucede ver os “reis” de várias modalidades falhar de vez a vez.

O que me faz confusão, como já referi em situações anteriores, é saber que o próximo campeão europeu não ganhou o respectivo campeonato nacional na época anterior. Percebo tudo o que esteve na origem de uma prova com as características da “Champions”, sei muito bem que televisões, patrocinadores, entidades oficiais, clubes principais e até os adeptos apoiam este modelo, mas sou incapaz – pensando apenas na questão desportiva – de subscrevê-lo. Para mim, uma prova que se chama Liga… dos Campeões só deveria albergar detentores dos títulos nacionais. O que temos, por agora, é uma espécie de Superliga. Mas, se o futuro passa por aí há que ter coragem de fechar a prova, juntando sempre os mais fortes do Velho Continente (ao estilo da NBA). E saber mudar o nome da coisa…