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Vai por aí um grande barulho em relação ao número de participantes nas duas principais ligas de futebol a partir da próxima época. E a coisa, para além de bastante discutível, parece não ter fácil..." /> Alargamento cozinhado à maneira - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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Alargamento cozinhado à maneira

13 Março, 2012 659 visualizações

Vai por aí um grande barulho em relação ao número de participantes nas duas principais ligas de futebol a partir da próxima época. E a coisa, para além de bastante discutível, parece não ter fácil solução. Basicamente porque, como é tradição neste país, poucos estão verdadeiramente empenhados em discutir a questão ou, dito de outra forma, apenas sentem necessidade de levantar a voz para defender aquilo que, de momento, serve os interesses da sua cor. A coerência, a justiça das medidas ou a desejada adequação dos quadros competitivos não passam de meros pormenores que são ajustados como dá jeito.

Ponto prévio: sou a favor do alargamento do escalão principal. E sou porque não vejo que a qualidade do futebol praticado seja melhor com 16 emblemas em vez de 18. O que sei, comprovado pelos números, é que o Campeonato Nacional é cada vez mais equilibrado, ao ponto de, todas as épocas, os chamados grandes perderem cada vez mais pontos com os restantes participantes, inclusive com aqueles que, feitas as contas, acabam relegados (ou, melhor dizendo, em postos de despromoção). E não me falem na sobrecarga de jogos. Em Inglaterra e Espanha, por exemplo, as ligas são bem maiores, existem mais emblemas nas competições europeias e até às restantes provas caseiras exigem maior número de jogos. Qual é o problema? Nenhum! Se calhar convém é não ter férias na altura do Natal, período em que até é mais fácil as pessoas se deslocarem aos estádios…

Sou a favor do alargamento também porque considero positivo, ainda por cima em tempos de crise, que mais clubes possam defrontar Benfica, FC Porto e Sporting; que mais emblemas recebam uma verba aceitável dos direitos televisivos, em contraste com a miséria que auferem na Liga Orangina. Se para muitos, maior número de jogos significa somente despesa mais avultada, eu vejo de outra forma: mais oportunidades para facturar na bilheteira, para angariar publicidade, para vender a marca, para fidelizar sócios e adeptos.

Dito isto, não me causa qualquer dor de cabeça saber que a edição 2012/13 das duas Ligas possa ter mais clubes. O que me aflige seriamente é saber que, para alguns espertos, a melhor maneira de realizar um alargamento é não ter descidas esta época. Não concordo e, pior, considero um convite à ilegalidade, às jogadas de bastidores. Quando se pretende moralizar o futebol, medidas destas surgem em sentido contrário.

Quem fica em lugares de descida… deve descer. Da mesma maneira, também não sustento a ideia de que devem ser despromovidos os dois últimos da liga principal para subirem quatro emblemas da Orangina – o que até poderia ser simpático para o meu Atlético. Se quando a época se iniciou só estavam previstos ascender dois clubes, parece ilógico que subam mais.

Penso que a melhor solução, por ser mais racional, ponderada e a única que, decididamente, não colocará em causa a verdade desportiva, é acertar agora o alargamento mas, só na temporada 2013/14 efectivá-lo. Para entrar em vigor já na próxima época, como defendia o novo presidente da Liga, só mesmo com a realização de uma liguilha (entre os dois últimos da Liga e os terceiro e quarto colocados da Orangina), solução entretanto rejeitada.

PS – Aqueles que consideram que, a meia dúzia de jogos do final da época, não há qualquer problema em anunciar que não teremos descidas estão, ainda que indirectamente, a dizer a vários emblemas para antecipar o fim de alguns contratos; para se “esquecerem” de cumprir os vínculos com os seus profissionais; para equacionar faltas de comparência quando uma deslocação for consideravelmente mais dispendiosa que uma multa e até a encorajar a “negociação” de resultados nos embates com os poucos clubes que ainda ficam a lutar por alguma coisa (título e acesso à Europa, na Liga; promoção, na Orangina), etc, etc. Não perceber isto é grave. Não admitir que tal seja possível… é pior.