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Tive o prazer de ver jogar ao vivo Maradona mais que uma vez. E durante muitos anos estive fortemente convicto de que seria impossível deparar com um futebolista tão excepcional, capaz de deliciar..." /> Messi melhor que Maradona - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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Messi melhor que Maradona

8 Março, 2012 742 visualizações

Tive o prazer de ver jogar ao vivo Maradona mais que uma vez. E durante muitos anos estive fortemente convicto de que seria impossível deparar com um futebolista tão excepcional, capaz de deliciar os adeptos com o seu talento, sem esquecer o essencial num jogo de futebol: ajudar a sua equipa a ganhar. Pois bem, chegou o dia em que tenho de dizer, sem rodeios, que já vi alguém melhor que o antigo camisola 10 argentino. Trata-se de um outro astro do país das pampas e que alinha com o mesmo número.

Lionel Messi é simplesmente fabuloso. Podia, naturalmente, estar aqui a descrever a sua imensa capacidade técnica, a facilidade na concretização, o entendimento que parece ter com todos os companheiros, o jeito peculiar para resolver lances aparentemente perdidos ou a forma sublime como consegue rematar em espaços apertados. Só que não me apetece estar com essa conversa. Isso, todos os que se interesam por futebol, sabem há muito. Desta vez, quero apenas realçar que ele é simplesmente fabuloso.

Por ser português, há quem me critique por defender que Messi está uns furos acima de Cristiano Ronaldo. Não consigo entender a observação. Sou português, é verdade, tenho muito orgulho em sê-lo (embora me irritem muitas coisas que por aí se vão passando), mas tenho olhos na cara. O madeirense do Real Madrid é uma autêntica máquina de jogar futebol, um goleador imparável, um dos maiores executantes de todos os tempos, mas teve o azar de ter apanhado na mesma geração com um Messi que, em traços gerais, consegue entusiasmar até quem não gosta do futebol, quem considera que isto de ter jeito para dar uns pontapés na bola é coisa sem qualquer utilidade. O maior elogio que posso fazer ao nosso Ronaldo, a escassos meses de Portugal ir atacar o Europeu da Polónia e Ucrânia, é que ele é, sem discussão, o melhor futebolista da actualidade no Velho Continente. E que à sua frente em todo o planeta… só há o tal argentino!

Messi, pelo que fez (e ajudou a conquistar) em escassos anos de carreira ao serviço da principal equipa do Barcelona – na selecção, é justo dizer, as coisas raramente têm saído bem – já não precisava de protagonizar mais nada de relevante para ficar eternizado na nossa memória. Contudo, o rapaz parece ter o condão especial de conseguir, sempre e sempre, elevar um pouco mais a fasquia. O que se viu na quarta-feira, no “show” particular contra os alemães do Bayer Leverkusen, foi inacreditável. E se os cinco golos obtidos seriam suficientes para lhe dedicar umas linhas – afinal, nunca ninguém tinha cometido tal proeza em duelos da Liga dos Campeões -, faço questão de destacar a forma como rubricou dois dos remates certeiros. Aquilo não é de futebolista, mas sim de artista, provavelmente de escultor.

Recordo-me bem, e com saudade, dos verdadeiros malabarismos de Maradona com uma bola nos pés (inclusive as de ténis!). Fui e serei sempre um admirador confesso de um jogador sensacional, de uma personalidade controversa mas frontal. Ainda assim, nesta altura, tenho de dizer que, aos meus olhos, Messi já é o melhor de sempre. Desculpa Diego: nunca pensei dizer isto!

PS – Por causa de Messi, não dedicarei muitas linhas ao apuramento do Benfica para os quartos-de-final da Liga dos Campeões. Mas, naturalmente, é de elementar justiça destacar o feito encarnado. No meio de uma inesperada crise de resultados internos, sem Aimar e Garay (e com Emerson e Jardel), as águias revelaram coração e confirmaram que o Zenit, sendo uma equipa com elementos de qualidade e matreira, não tem andamento para o Benfica. Estranho foi terem para o FC Porto e a presença de Danny não explica tudo.

PS1 – Nelson Oliveira tem todas as condições para ser não só um avançado de nível internacional, como para dar a Portugal um tipo de dianteiro que não é comum por estas paragens. É preciso é não tentar “espremer” demasiado cedo um talento gigantesco.