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A Selecção Nacional confirmou a qualificação para a fase final do Europeu de 2012. Só podia! No futebol, como em qualquer outra modalidade, não existem vencedores antecipados mas, por muito que se..." /> Portugal mereceu. E a Bósnia também! - Olhos de ver - Record

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Portugal mereceu. E a Bósnia também!

16 Novembro, 2011 610 visualizações

A Selecção Nacional confirmou a qualificação para a fase final do Europeu de 2012. Só podia! No futebol, como em qualquer outra modalidade, não existem vencedores antecipados mas, por muito que se respeite os adversários, continuo sem perceber a razão que levou tanta gente, aquando do sorteio do “playoff”, a considerar a tarefa ciclópica. Conforme disse antes e depois do primeiro jogo, o favoritismo pendia de forma mais que evidente para o nosso lado. “Só” faltava colocar a bola na baliza contrária. Em Zenica, ninguém acertou, mas na Luz foi uma festa. Acabou por ser uma dose inesperada, é certo, mas até podia ter sido mais ampla caso o rapaz do apito (e respectivos auxiliares) fossem mais honestos ou, em alternativa, não apresentassem sérios problemas de visão. Adiante.

Se uma equipa como a portuguesa – que acaba de selar o apuramento para a sétima fase final consecutiva de uma grande competição – não era favorita num duelo a duas mãos com a Bósnia (jovem país que ainda não sabe o que chegar a esses palcos), teríamos de rever muitos conceitos futebolísticos.

Para quem ainda não reparou, tem andado distraído ou possui dúvidas: Portugal, mesmo sem nunca ter vencido um Europeu ou Mundial no escalão sénior, pertence (há mais de uma década) à elite do futebol internacional. Já a Bósnia, com somente dois executantes de nível elevado (Dzeko e Pjanic) e depois um grupo de jogadores interessantes, figura numa terceira linha europeia. Sim, não estou a exagerar. Espanha, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Itália e França estão com Portugal no bloco da frente, mas antes da esforçada formação orientada (vai deixar de ser…) por Susic ainda há conjuntos como Rússia, Dinamarca, Rep. Checa, Suécia ou Grécia. Ignorar isto é estranho, mas nós somos um povo de 8 ou 80. Por isso é que, agora, muitos dos que diziam que não tínhamos favoritismo algum já gritam bem alto que somos os mais sérios candidatos ao título. Típico!

Quando se ganha, tal como quando se perde, é injusto olhar apenas para uma parte do grupo. Ainda assim, e salientado que outros nomes mereciam palavras elogiosas (Pepe, por exemplo), faço questão de enaltecer três figuras:

Paulo Bento – Não concordo com todas as suas opções. Por exemplo: não gostei da forma como procurou gerir o jogo na Dinamarca; não entendo a contínua chamada de jogadores que não jogam com regularidade mínima nos seus clubes; não vislumbro o que o leva a ter tantos atritos com futebolistas e discordo completamente que feche a porta de forma absoluta a uma eventual reintegração de elementos como Bosingwa e Ricardo Carvalho. Mas, naturalmente, não é por isso que deixo de lhe reconhecer méritos e capacidades. Foi ele quem logrou acalmar a maioria do grupo após a saída de Queiroz. E foi ele também que, no lançamento dos jogos deste “playoff”, soube falar com total propriedade, assumindo que Portugal era muito melhor e que tinha de ir “para cima” do adversário. Foi no discurso que Portugal começou a carimbar o apuramento. Com tranquilidade, mas com competência.

Cristiano Ronaldo – É um dos melhores futebolistas mundiais. Mas, claro, não é por isso que deixa de errar, de jogar menos bem, de ter atitudes ou de proferir palavras infelizes. Mas, sendo justo dizer que na Selecção raramente brilha ao nível do que consegue no Real Madrid, ninguém pode acusá-lo de falta de aplicação. Na Luz, esteve fantástico. Guiou a equipa como um capitão deve fazer, marcou golos, mereceu palmas de quem já o assobiou e respondeu da forma correcta aos insultos e parvoíces de que foi alvo na Bósnia.

Hélder Postiga – Sou dos poucos portugueses que sempre apreciou a maneira de jogar do agora avançado do Saragoça. Tal como sou dos poucos que nunca regateou elogios a Nuno Gomes. Falham muitos golos? É verdade, mas também marcam muitos. Todos temos direito a opinar, mas quando isso é feito sem olhar para os números corremos o risco de estar a ser injustos. Estes dois avançados são do melhor que o futebol português alguma vez teve. Vejam o total de golos e, já agora, observem as médias de minutos de utilização, pois esse é um rácio essencial na abordagem. De resto, não sendo o futebol uma modalidade como o basquetebol (onde os ressaltos, as assistências, as bolas recuperadas e os desarmes de lançamento podem ser tão importantes como os pontos marcados), também é bom ver o desgaste que os avançados provocam nas defesas contrárias, os livres que provocam, os penáltis que conquistam, os cantos que ganham, as assistências que fazem, os espaços que abrem…

PS – Sensacional o ambiente que se viu na Luz. Antes, durante e depois do jogo, provando que é no estádio maior e mais emblemático que se devem disputar os duelos de decisão. Os bósnios quiseram preparar-nos um inferno, mas quem o viveu foram eles. Bem sei que não é bonito dizer isto, mas quem não quer colher tempestades, não devia semear ventos. Se a festa lusa foi merecida, a saída cabisbaixa dos adversários… também!