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Muita gente duvidava da presença de André Villas-Boas na cerimónia da entrega dos Dragões de Ouro e também não eram poucos aqueles que equacionavam a forma como a “nação portista” iria..." /> Pinto da Costa e a paixão pelo ?traidor? - Olhos de ver - Record

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Pinto da Costa e a paixão pelo ?traidor?

25 Outubro, 2011 808 visualizações

Muita gente duvidava da presença de André Villas-Boas na cerimónia da entrega dos Dragões de Ouro e também não eram poucos aqueles que equacionavam a forma como a “nação portista” iria reagir caso o anterior técnico confirmasse a ida à festa. Nunca entendi estas interrogações. O actual treinador do Chelsea só tinha de estar no Coliseu da Invicta para receber um galardão justíssimo e a plateia só o podia acolher de uma forma: de pé, batendo palmas a quem, recentemente, realizou uma temporada fenomenal à frente do clube, recheada de vitórias, títulos e futebol de elevada qualidade.

Se nunca me passou pela cabeça que Villas-Boas ignorasse a chamada ou que a maioria dos portistas acatasse sugestões ilógicas perante quem tanto lhes deu em tão pouco tempo, não imaginava que Pinto da Costa o recebesse com tanta pompa e circunstância.

Assumo que o líder portista me surpreendeu. Pela forma exuberante como abraçou Villas-Boas, pelo discurso emotivo em que mais parecia um pai a receber um filho desaparecido há muito, pela admiração que, genuinamente, deixou transparecer pelo profissional que, há uns meses, o deixou encostado à parede, sem soluções efectivas para encontrar um substituto a escassas horas do arranque da actual época.

Aquando da “deserção” para o Chelsea, Villas-Boas foi criticado por muitos portistas. E Pinto da Costa, sem o dizer publicamente, não conseguiu esconder algum enfado pela decisão de quem, dias antes, tinha jurado fidelidade eterna. Nunca entendi estas reacções que, basicamente, só se compreendem por terem sido protagonizadas a quente. Nem os adeptos, nem os dirigentes, acreditavam que alguém se apresentasse no Porto com a firme disposição de levar o técnico. Mas foi isso precisamente que aconteceu. Os ingleses prontificaram-se a bater a cláusula de rescisão existente no contrato do técnico e, tão ou mais importante, acenaram com um proposta financeira irrecusável. Villas-Boas fez o que qualquer outro faria no seu lugar. E, claro, não deixou de ser portista por causa disso. Foi profissional e não traidor, da mesma forma que, no passado, por exemplo, técnicos assumidamente benfiquistas como Fernando Santos ou Jesualdo Ferreira acederam a orientar o FC Porto.

Num evento em que FC Porto e Villas-Boas estiveram muito bem, não deixei de registar a forma escondida, de sorriso algo amarelo, com que Vítor Pereira assistiu a tudo isto. Se dúvidas existissem, o actual timoneiro da nau azul e branca deve ter percebido que os portistas têm imensas saudades do treinador da época passada. E se o respeito pela obra feita seria suficiente para que sócios e simpatizantes recordassem Villas-Boas, creio que ninguém duvida que essa paixão é mais sentida porque, ao mesmo tempo, olham com imensa desconfiança para o sucessor. O tal que, decididamente, se sentou numa cadeira de sonho, mas onde não consegue acomodar-se convenientemente. Pelo menos por enquanto.