— ler mais..

Confesso que tinha sérias dúvidas em relação à capacidade futebolística da Selecção Nacional Sub-20. A fase de preparação, com exibições pouco conseguidas e uma tremenda dificuldade em marcar golo..." /> — ler mais..

Confesso que tinha sérias dúvidas em relação à capacidade futebolística da Selecção Nacional Sub-20. A fase de preparação, com exibições pouco conseguidas e uma tremenda dificuldade em marcar golo..." /> Sub-20: Selecção à rasca - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Voltar ao blog

Sub-20: Selecção à rasca

18 Agosto, 2011 534 visualizações

Confesso que tinha sérias dúvidas em relação à capacidade futebolística da Selecção Nacional Sub-20. A fase de preparação, com exibições pouco conseguidas e uma tremenda dificuldade em marcar golos, deixou-me com escassa esperança de ver a equipa brilhar na Colômbia. E quando ouvi o treinador dizer que o nosso grupo era muito forte e que, para além dos esperados problemas com Uruguai e Camarões, teríamos de contar com a Nova Zelândia… admito ter pensado o pior.

Mas, felizmente, enganei-me. Eu, praticamente todos os portugueses que acompanham as incidências do desporto-rei e, já agora, até o próprio Ilídio Vale que, pelos vistos, também mudou a sua análise, já que, de momento, não tem qualquer problema em anunciar que Portugal pode derrotar qualquer adversário.

Depois de ultrapassada a primeira fase, a RTP acordou para a competição e lembrou-se do que é serviço público, passando a transmitir em directo os jogos da equipa. Por mera coincidência, o que todo o país viu logo de entrada foi uma exibição medíocre com a igualmente medíocre Guatemala (muito provavelmente a pior equipa da prova), nos oitavos-de-final. Na manhã seguinte, aqui e ali, vários comentadores apressaram-se a dizer que a equipa jogava pouco, que não tinha fio de jogo, que faltava classe à maioria dos futebolistas, etc, etc. Por outras palavras, tínhamos a sentença marcada para os “quartos”, indpendentemente do opositor.

Pois bem, a Argentina já ficou pelo caminho e a França (essa nação que tantas vezes  “engana” as nossas selecções) também. Portugal está na final e, de repente, passou a ser uma equipa guerreira, organizada, trabalhadora, segura e confiante. Acontece…

Admito, depois de ter visto todos os jogos com excepção do disputado com a Argentina, que este grupo não tem o talento individual da selecção que, em 1991, brilhantemente conquistou o Mundial realizado no nosso país. Todavia, convém ter presente que não é todos os dias que se consegue formar um grupo que inclua gente da qualidade de Figo, Rui Costa ou João Vieira Pinto. E se esse trio era simplesmente fabuloso, temos de acrescentar que Jorge Costa, Rui Bento, Abel Xavier, Capucho, Nélson, Paulo Torres, Brassard, Peixe, Tulipa, João Oliveira Pinto, Toni e Gil estavam longe de ser jogadores vulgares.

Contudo, se recuarmos até 1989, ano do triunfo no Mundial da Arábia Saudita, encontramos muitas semelhanças com a actual equipa. João Vieira Pinto já era um caso à parte, mas de resto o que fazia a diferença era uma defesa muito sólida que não se limitava a ter centrais e laterais seguros (Fernando Couto, Paulo Madeira, Valido, Abel e Morgado), mas também um meio-campo de luta, muito certinho, com elementos como Hélio, Tó Zé, Filipe e Paulo Sousa.

Regressemos à actualidade. O que mais surpreende neste momento nem é o facto de Portugal ter conseguido chegar à final (onde medirá forças com o Brasil, como aconteceu no embate decisivo de 1991). Verdadeiramente notável é perceber que, em princípio, só Mika e Nelson Oliveira (Roderick também poderá sonhar com isso) deverão conseguir fazer parte do plantel de um dos principais emblemas nacionais, no caso o Benfica. E mesmo que isso se verifique, ambos terão tremendas dificuldades em jogar. Ao mesmo tempo, os grandes cá da terra gastam milhões e milhões a comprar jovens jogadores de 18, 19 e 20 anos. Se isto não é estranho, pelo menos é confuso…

Estes rapazes portugueses, que jogam com uma alma tremenda (confirmando que muitas vezes, no futebol como na vida, é mais importante ter atitude e vontade do que algum jeito), não fazem apenas parte da denominada “geração rasca”, estão efectivamente à rasca. É que, pelos vistos, não basta apresentar resultados para convencer a maioria dos técnicos e dirigentes. Por outras palavras, estando bem perto de conquistar o título mundial, a maioria não tem espaço para alinhar nos clubes que os formaram.

PS – Sempre fui adepto do futebol espectáculo. Gosto de ver uma equipa ganhar e, de preferência, praticar um jogo vistoso. No entanto, quando se chega aos grandes momentos, confesso que já deixei de ser esquisito, pois ganhar é que conta. No Euro'2004, todos viram quem era a selecção que melhor futebol praticava e todos sabem onde é que a taça foi parar…

PS 1 -Não deixa de ter piada ler as opiniões que nos chegam desde França em relação ao embate das meias-finais do Mundial Sub-20. Os gauleses, conhecidos por serem “pouco” chauvinistas, dizem que Portugal não joga nada e que passou a partida inteira a defender. Devem ter razão. Afinal de contas, o primeiro golo luso creio que resultou de um alívio dos nossos centrais e o segundo de uma defesa de Mika. Coitadinhos!

PS 2 – Por falar em Mika, que não é o único responsável pelo sensacional desempenho defensivo da equipa, apetece perguntar: quanto valerá este jovem sabendo que um guarda-redes espanhol foi recentemente negociado por 8,6 milhões?