— ler mais..

A 6 de Outubro de 2010, depois de tantas vezes hesitar, escrevi aqui um artigo intitulado “Peixeiradas televisivas”. Na altura, realçando o facto de todos terem direito à sua opinião, manifestei-m..." /> — ler mais..

A 6 de Outubro de 2010, depois de tantas vezes hesitar, escrevi aqui um artigo intitulado “Peixeiradas televisivas”. Na altura, realçando o facto de todos terem direito à sua opinião, manifestei-m..." /> Advogados da estiva - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Voltar ao blog

Advogados da estiva

16 Agosto, 2011 598 visualizações

A 6 de Outubro de 2010, depois de tantas vezes hesitar, escrevi aqui um artigo intitulado “Peixeiradas televisivas”. Na altura, realçando o facto de todos terem direito à sua opinião, manifestei-me contra a opção editorial das televisões generalistas em convidar figuras públicas de vários quadrantes para o posto de comentadores desportivos ou, dito de forma mais correcta, para comentadores de futebol. Considerava (e irei continuar a pensar assim) que não se percebe de futebol só pelo facto de acompanhar a equipa do coração. Se fosse assim tão simples, todos estaríamos em condições de falar de culinária, pois salvo uma ou outra excepção comemos diariamente… Por outras palavras, deviam – segundo o meu conceito – ser os verdadeiros entendidos da matéria (treinadores, jogadores, árbitros, ex-praticantes ou jornalistas especializados) a pronunciar-se sobre a mesma. Adiante.

O facto de não ter a mínima paciência para assistir a programas repetitivos, pouco ou nada didácticos e onde a maioria dos intervenientes fala com uma sobranceria absurda não me permite, contudo, atacar a opção das televisões. Elas é que definem a sua programação, devem saber o que interessa ao público e, claro, possuem total liberdade para convidar/contratar quem bem entendem para executar a tarefa. Eu tenho apenas o direito de não gostar e, naturalmente, não ver.

Acontece que, tal como expliquei há uns meses, por vezes acabo por ”chocar de frente” com as repetições madrugadoras desses programas. E é aí, por nem sempre ter uma opção interessante à disposição, que sou atingido por declarações e atitudes completamente ridículas que, evidentemente, não abonam nada quem as protagoniza. Nas tascas de Norte a Sul, a discussão acalorada cumpre os requisitos do povo, pois o que interessa é ir passando o tempo e ter um pretexto suplementar para mandar vir mais imperiais e petiscos. Quando os participantes nas querelas são doutores somos levados a pensar que o nível da discussão será mais elevado. Mentira.

Gastar uns minutos a ver umas figuras de fato a teorizar sobre futebol é inenarrável. Ficamos tão esclarecidos quanto perguntar a três peixeiras qual delas tem o peixe mais fresco. A gritaria é a mesma e o resultado prático também: nenhum. As piadas sem sal, as acusações infundadas e até a ordinarice primária (como aquela de considerar que muita gente tem inveja do “i” dos paineleiros) abundam. Com a curiosidade de, pelo meio, se sentirem ofendidos por alguém os criticar. Coitadinhos!

Colocar facciosos perante determinados lances polémicos só serve para perder tempo. Basicamente só vêem o que lhes e quando interessa. Aliás, estes “entendidos” conseguem manifestar tremenda ignorância em relação a determinadas leis do jogo, comentam partidas que começam por dizer que não viram e até se dão ao luxo de dizer que, sobre determinado assunto que mais toca ao seu clube, não comentam por aquele não ser o espaço indicado. Um verdadeiro espectáculo, ainda por mais quando se sabe que são pagos para… comentar.

Na madrugada de terça-feira, imagine-se, ainda ouvi um desses seres superiores dizer que “… os jornalistas de profissão, sobretudo na área desportiva, também só o são porque existem os campeonatos. Senão iam trabalhar para a estiva…”. Logo de seguida, outro acrescentou que “a comunicação social, por vezes, incentiva à violência”.

Não sou corporativista da minha classe, mas também não tenho qualquer problema em defendê-la quando é atacada sem qualquer fundamento. Só tenho pena que o moderador do pretenso debate, que conheço há muitos anos, não tenha colocado um pouco de ordem nestes “intelectuais”. E que não os tivesse colocado perante uma realidade tão óbvia: se a Comunicação Social é assim tão mazinha, qual a razão para tão distintas personagens se aproveitarem dela para ganhar uns cobres?

Quanto a trabalhar na estiva, há que começar por dizer que é uma profissão tão digna quanto outra qualquer. Aliás, não conheço nenhuma anedota sobre a mesma e sei várias envolvendo advogados.