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Não sei se o árbitro Pedro Proença é adepto do Benfica, FC Porto, Sporting ou Atlético. Tal como todos os outros já ouvi que torce pelo clube A, mas também pelo B e C. Tudo depende da cor clubísti..." /> A agressão a Pedro Proença - Olhos de ver - Record

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A agressão a Pedro Proença

9 Agosto, 2011 681 visualizações

Não sei se o árbitro Pedro Proença é adepto do Benfica, FC Porto, Sporting ou Atlético. Tal como todos os outros já ouvi que torce pelo clube A, mas também pelo B e C. Tudo depende da cor clubística de quem, cheio de certezas, aproveita uma jornada menos feliz do emblema do seu coração para justificar o insucesso com os erros alheios, que é como quem diz com os erros do homem do apito. Em Portugal, por norma, nunca ninguém perde ou empata devido à incompetência própria ou ao mérito alheio. É sempre por causa da cabala que lhe montaram de forma infame ou, na melhor das hipóteses, devido à falta de sorte.

Não sei se o árbitro Pedro Proença é adepto do Benfica, FC Porto,Sporting ou Atlético e, para ser sincero, isso não me interessa minimamente, até porque não é crime pertencer a nenhum. Aliás, estranho seria se, gostando de futebol, não simpatizase mais com este ou aquele clube. Pensando melhor, quase arrisco dizer que é praticamente impossível não ter uma certa “inclinação” para um dos três grandes clubes nacionais. Se quase toda a gente neste país é simpatizante de um de três emblemas, é provável que Proença também o seja. Sim, ele, mais o meu vizinho do lado, o de cima, o homem do talho, o barbeiro, o taxista com quem mais vezes discuto as incidências desportivas ou o empregado de mesa do restaurante onde habitualmente como fora de horas.

Assumo não ter muita paciência para discutir se Pedro Proença é um dos melhores árbitros nacionais. Na óptica de quem dirige o sector em Portugal – assim como a nível internacional -, parece que é bem cotado. Caso contrário, não apareceria tantas vezes a dirigir partidas envolvendo os melhores clubes, nem tão pouco mereceria chamadas para confrontos referentes às competições europeias.

Do meu escasso contacto com Proença, assim como da observação da sua maneira de comunicar, apenas posso dizer que se trata de alguém civilizado, culto e suficientemente capaz de desempenhar a função de árbitro. Alguém muito diferente de uns quantos sujeitos com quem deparei há umas décadas, esses sim visivelmente sem a mínima aptidão para dirigir o que quer que fosse. Significa isto que nunca vi Proença errar? Não, obviamente que não, pois como facilmente se pode imaginar nunca, absolutamente nunca, vi um jogo de futebol – ou de qualquer outra modalidade – em que o juiz não tivesse cometido erros. Os árbitros, como todos os seres humanos, não são infalíveis e erram. Hoje e amanhã, contra e favor deste e daquele clube. Gente perfeita, ao que defendem alguns, só existe no céu. Eu… nem nisso acredito.

Quando um cidadão é agredido na via pública porque um qualquer chico-esperto considera que essa pessoa prejudicou propositadamente a sua equipa num jogo de futebol estamos, com toda a certeza, a viver numa sociedade podre, onde imperam valores que, decididamente, não são aqueles que aprendemos com os nossos pais ou na escola. Temos todos de estar preocupados com esse sinais, pois eles só indiciam que caminhamos, perigosamente, para um dia-a-dia mais instável e turbulento. Se é à cabeçada que se resolvem os diferendos desportivos, imagine-se o que poderá suceder quando em causa estiverem, efectivamente, coisas sérias?

Tirando o facto de ter ouvido que Proença apresentou queixa conta um agressor que terá sido devidamente identificado após o incidente registado no Colombo, não faço ideia da forma como ele irá lidar com este caso. Eu, no lugar dele, trataria de mandar às malvas a paixão pela arbitragem. Mas, mais importante do que isso nesta altura, gostaria era de ter a certeza que o autor deste acto inqualificável fosse, entre outras punições, proibido de voltar a entrar num campo de futebol. Mais: em qualquer recinto desportivo! Está na hora de dar exemplos que ajudem a refrear os ânimos de mais uns quantos energúmenos de cores distintas que por aí vagueiam. Caso contrário, estaremos apenas a potenciar mais episódios do género.

PS – Como não presenciei a cena, não tenho a certeza que o motivo da agressão tenha sido o futebol. No entanto, como já nasci há uns anitos e nunca vi duas pessoas zangarem-se quando uma delas, pelo que se diz, até está a falar ao telefone… deduzo não existir outro motivo.