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Chegou com pouco estatuto e partiu sem nenhum. Desportivamente falando ninguém, daqui a umas décadas, irá recordar a passagem de Roberto por Portugal. Bom, talvez um ou outro, com boa memória, se ..." /> O histórico negócio de Roberto - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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O histórico negócio de Roberto

2 Agosto, 2011 603 visualizações

Chegou com pouco estatuto e partiu sem nenhum. Desportivamente falando ninguém, daqui a umas décadas, irá recordar a passagem de Roberto por Portugal. Bom, talvez um ou outro, com boa memória, se lembrem de um dos seus vários deslizes. Decididamente, contudo, o guarda-redes não entrou para a história. Sem ironias – e até atendendo ao facto de ter apenas 25 anos – talvez isso ainda seja possível. Pessoalmente… duvido imenso. E tenho essa sensação não apenas pelos “frangos” que observei. Para mim, desde o primeiro momento, Roberto não revela a escola necessária para ser um jogador acima da média. Adiante…

Apesar de Jorge Jesus sempre ter defendido Roberto como se estivesse a falar de Casillas, Cech ou Buffon – dando a ideia, por vezes, que todos os portugueses andavam distraídos e não conseguiam vislumbrar o talento do espanhol -, há muito se sabia que o guarda-redes não ia fazer parte do plantel dos encarnados para a época 2011/12. Da falta de rendimento à desconfiança dos adeptos; do elevado salário auferido para um previsível suplente até ao facto de ocupar uma vaga de estrangeiro (tão necessária para os mais que muitos que as águias possuem)… nada contribuía para a possibilidade do antigo “keeper” do Atlético Madrid prosseguir a carreira na Luz. Nesse sentido, aliás, chamar o atleta para subir ao palanque no embate de apresentação foi uma ideia sem qualquer nexo. Nessa altura já se sabia que o seu destino era o Saragoça.

Emprestar ou vender eram as soluções para o caso de Roberto. E face ao elevado preço pago pelos encarnados (uma exorbitância quando Eduardo – curiosamente hoje na Luz – podia ter sido adquirido, no máximo, por metade do preço), nem a venda por uma verba minimamente satisfatória parecia possível. Acredito, aliás, que ninguém criticaria Luís Filipe Vieira se, na tarde da última segunda-feira, se soubesse que o Benfica tinha negociado o passe do guardião por qualquer coisa em torno dos 4 milhões. Seria, naturalmente, um negócio infeliz para o clube mas, no mundo do futebol, nem sempre se conseguem valorizações espectaculares. Por vezes, as apostas saem furadas e é preciso assumir a perda de uns milhões de modo a evitar um prejuízo consideravelmente superior. E se o presidente das águias tem acertado em cheio várias vezes, também tem direito a errar. Ele como todos os dirigentes.

Contudo, perante a surpresa geral, o Benfica não só arranjou comprador para Roberto, como anunciou tê-lo negociado por 8,6 milhões de euros! Mesmo com a transacção a ser comunicada à CMVM (que consta pretender esclarecimentos adicionais sobre o negócio), o que mais se ouve por aí são pessoas a duvidar das verbas envolvidas. Com toda a sinceridade, e não colocando em causa a honestidade dos dirigentes envolvidos, há de facto aqui muita coisa que não bate certo. Por isso, mesmo longe da Luz, Roberto vai continuar a ser falado nos próximos dias.

Se alguém pagar 8,6 milhões por Roberto neste momento é surreal (já o era há um ano), mais estranho se torna o caso quando o comprador é o Saragoça, equipa sem grande expressão no actual contexto do futebol espanhol e que, pior, está atolada em dívidas (fala-se em 110 milhões). Como é que um emblema que deve dinheiro a tanta gente resolve gastar uma fortuna num jogador? E esse futebolista, para além de estar em baixa no mercado, ainda por cima não marca golos… evita-os. Ou tenta. Tudo isto é tão enigmático que, em Espanha, a estupefacção não pára de aumentar. Só nas últimas horas, li notícias que davam conta da indignação do Corunha (clube que defende a descida na secretaria do Saragoça), da Associação dos Futebolistas Espanhóis e da própria Liga Espanhola que, perante este “filme”, parece ter recusado ajudar o clube a resolver os seus muitos problemas junto dos credores.

Para além dos factos, do outro lado da fronteira também se noticia, de forma mais ou menos clara, uma série de movimentações esquisitas que podem ajudar a compreender melhor todo este negócio envolvendo Roberto. Não sei se existe algum fundo de verdade nisso. Pessoalmente só tenho imensas dificuldades em acreditar que o Saragoça tenha pago 8.6 milhões por Roberto. E se o fez, então percebo a razão de o clube estar à beira da falência…