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Não sou especialista em ténis de mesa. Na vertente teórica e muito menos na prática, embora ainda me recorde de, por vezes, na juventude, ter ganho umas partidas a quem pensava ter nascido para a ..." /> Tiago Apolónia: um ás do ténis de mesa - Olhos de ver - Record

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Tiago Apolónia: um ás do ténis de mesa

25 Outubro, 2010 633 visualizações

Não sou especialista em ténis de mesa. Na vertente teórica e muito menos na prática, embora ainda me recorde de, por vezes, na juventude, ter ganho umas partidas a quem pensava ter nascido para a prática da modalidade… Mas, mesmo não estando muito atento aos meandros de um desporto que, em Portugal, é carinhosamente tratado por “ping pong” (já devo estar a irritar algumas pessoas, pois já me explicaram que os verdadeiros apaixonados pela modalidade não apreciam esta designação), sempre sei que o nosso país, não se tratando de uma potência mundial, possui vários atletas de qualidade internacional, dos quais se destaca o trio formado por Tiago Apolónia, João Monteiro e Marcos Freitas.

Pois bem, no domingo, sentado no sofá, tive oportunidade de assistir ao maior feito da história do ténis de mesa nacional. Tiago Apolónia, de forma surpreendente, venceu o Open da Áustria – um dos mais conceituados certames do circuito internacional – e fê-lo depois de derrotar, na final, o alemão Timo Boll, “somente” o melhor especialista europeu da modalidade e actual número 2 do planeta.

Mesmo sabendo que o atleta luso ocupava um honroso 32.º posto na hierarquia mundial, confesso que tive sérias dúvidas que conseguisse ganhar este duelo. O adversário tem uma qualidade assombrosa, possui uma experiência de anos e anos ao mais alto nível, está mais que habituado a jogar as decisões das principais competições e, na Áustria, alinhava praticamente em casa. Depois de ver Apolónia ceder o primeiro parcial apenas nas vantagens e de ter ganho o segundo com toda classe, animei um pouco. Porém, quando o germânico elevou o nível do seu jogo e disparou para uma vantagem de 3-1, pensei que o assunto estava arrumado. E se assim fosse, acrescente-se, continuaria a ser uma prestação notável por parte do nosso representante. Contudo, nestas coisas do desporto, se ser segundo é muito bom, acabar em primeiro é que fica para a história. E o jovem da Amadora também sabe isso muito bem. E como estava mesmo no seu dia, foi á procura de ser feliz.

Tiago Apolónia, perante o espanto do público austríaco (e o meu), não se intimidou com o cenário que parecia feito à medida do opositor e, com uma classe irrepreensível, fechou três “sets” consecutivos, acabando por selar um triunfo fantástico que, tenho a certeza, vale muito mais que os pontos do “ranking” ou os 16 mil dólares de prémio. Ganhar daquela forma a um dos nomes mais sonantes da modalidade faz com que Tiago Apolónia passe, em definitivo, a ser encarado com um dos grandes deste desporto. E possibilita-lhe, ao mesmo tempo, um justo reconhecimento em Portugal. É que, até à data, ser o 32.º jogador do Mundo não era suficiente para o tirar do anonimato.

PS – Não tendo conhecimentos técnicos que me permitam, através de palavras, explicar a forma impressionante como o português jogou esta final (com destaque para os três derradeiros parciais), digo apenas que, em determinados lances, o vi fazer defesas e contra-ataques que, até agora, pensava só estarem ao alcance dos espantosos chineses e de mais meia dúzia de eleitos. Bom, se calhar é mesmo assim, a questão é que eu (e não serei o único) ainda não tinha percebido que o Tiago Apolónia é um desses ases! Mas, veja com os seus olhos, e diga lá se o rapaz não nasceu mesmo para isto…