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Não vi o jogo com o Chipre e assisti, em directo, apenas aos derradeiros 20 minutos do embate na Noruega. Por isso, o que sei sobre esse duelos resulta essencialmente dos resumos televisivos e da l..." /> Queiroz é culpado. E os outros? - Olhos de ver - Record

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Queiroz é culpado. E os outros?

8 Setembro, 2010 630 visualizações

Não vi o jogo com o Chipre e assisti, em directo, apenas aos derradeiros 20 minutos do embate na Noruega. Por isso, o que sei sobre esse duelos resulta essencialmente dos resumos televisivos e da leitura de jornais. Mas, mesmo assim, concordo com a ideia geral: a Selecção está cada vez mais afastada do nível desejado, perdeu a magia do passado e, mais grave de tudo, exibe uma tremenda falta de confiança, resultante da ausência de algumas pedras influentes, de um líder indiscutível em campo e do facto de ser dirigida via telemóvel. Perante este cenário, e tendo em conta que já “voaram” 5 pontos em 6 disputados, a presença no Europeu de 2012 é, por agora, improvável.

Se já era praticamente impossível que Carlos Queiroz se mantivesse no posto de seleccionador, estes recentes resultados negativos vieram acelerar um processo que, todos sabemos, mais tarde ou mais cedo iria acabar com o seu afastamento. Pelos vistos, o divórcio está definitivamente agendado para quinta-feira, após a reunião da Federação Portuguesa de Futebol.

Aquando do fim da participação lusa no Mundial da África do Sul defendi que, pese não concordar com várias opções de Queiroz (lista de convocados, onzes apresentados, modelo de jogo, substituições e seus “timings”, por exemplo), existiam condições para seguir no posto. A Federação considerou o mesmo, confirmando que estar na fase final, passar a fase de grupos (na “poule” mais complicada do evento) e ser afastado pela campeã da Europa e, à altura, futura campeã do Mundo não sendo brilhante… não era desprestigiante. Depois, face às continuadas e desajustadas acções, posições, declarações e intervenções do treinador… mudei de opinião. Queiroz não podia continuar. Mas, para que conste, convém acrescentar que se o Professor tem tido uma postura mais recatada o desfecho seria o mesmo. O Governo, através de Laurentino Dias, há muito decretara o seu despedimento. Só faltava encontrar a fórmula ideal para o consumar.

Por estes dias, Queiroz é o culpado de tudo o que de errado sucede na Selecção, mas também no País. Essa ideia, contudo, é redutora e injusta. E se a única cabeça que rolar após esta “novela” for a sua, daqui a uns meses estaremos, tarde como sempre, a perceber isso mesmo.

Queiroz tem de partir, é certo, mas outros actores devem ser igualmente responsabilizados e afastados. Desde logo Gilberto Madaíl. Reconheço que o seu nome ficará, para sempre, ligado a momentos altos da história do futebol nacional, mas o que de bom se fez no passado não pode servir para justificar, eternamente, decisões erradas. O líder federativo tem sido exímio em assobiar para o lado, em adiar decisões obrigatórias. O desgaste da sua imagem é óbvio. Tanto quanto o físico. Devia sair pelo seu pé, antes que seja empurrado.

Na Federação, no entanto, há mais gente dispensável. Técnicos e não só. Amândio de Carvalho é um deles. Não sei se ele é cabeça de polvo algum, mas sei que está em funções há demasiado tempo, que tem sido conivente (mais que não seja por inépcia) com várias decisões erradas e que, a ser verdade o que Queiroz afirmou (não li nenhum desmentido sobre isso), jamais poderia seguir no seu posto depois de ter assumido não acreditar no seleccionador nacional. No mínimo, devia deixar de liderar as comitivas da Selecção.

Mas, fora do edifício da FPF também há gente com responsabilidades no caos em que mergulhou o futebol nacional. Laurentino Dias mexeu directamente com um assunto que só competia aos responsáveis federativos. Fez algo que a FIFA proíbe de forma clara. Vamos ver, daqui a uns tempos, o resultado dessa intervenção. Desconfio que nos vai custar muito caro. Mas, independentemente disso, triste é observar um político preocupado com uma ou outra questão mas ignorar outras tão ou mais importantes. O que é que ele fez para os clubes portugueses não estarem repletos de jogadores estrangeiros? Que posições tomou perante a avalanche de não portugueses nos escalões de formação dos principais clubes nacionais? Tomou alguma medida para colocar travão às naturalizações a granel que, já se viu, não serviram para nada?Que opinião tem sobre os campeonatos de futebol que começam com uma fórmula de disputa e acabam com outra? Que pensa sobre a existência (única a nível mundial, acredito) de competições de divisões inferiores em que o vencedor (mesmo sem sofrer um golo) pode não subir? Como é que se mostra tão implacável na retirada do estatuto de utilidade pública a algumas federações, mas deixa a FPF navegar à sua vontade? Como é que concordou com a implementação de modelos inacreditáveis para a eleição da direcção das federações?

Enfim… nem tudo é mau. Por esta altura, os médicos da Adop parecem estar quase libertos de efectuar um controlo anti-doping matinal na Covilhã (ou noutro qualquer local) antes do Europeu de 2012. Ninguém os vai importunar se ficarmos de fora da prova. Nem ofender a mãe de Luís Horta…

Neste “filme de terror”, muita gente olhou apenas e só para o seu umbigo, esquecendo o mais importante: a Selecção Nacional, os interesses do futebol português, o País. É triste, mas é verdade. E se falharam até aqui, era de bom tom “acordarem” agora. É que ainda estão a tempo de ir dar uma volta!