Jardim, Fonseca, Silva, Vitória, um chouriço e… Jesus reconquista a Luz
Antes do último Benfica x Sporting – aquele que vai ficar na história como o dérbi do Capela e não como o do melhor golo da Liga – vi uma coisa inacreditável. À porta do Record, um adepto do Benfica virou, literalmente, dois agentes da PSP. O homem (o agente) estava desarmado (controlava apenas o trânsito) e a mulher polícia que foi em seu auxilio foram derrubados pelo adepto e não o conseguiam imobilizar. Outro grupo de benfiquistas, ao verem a cena, correram para ajudar os agentes da autoridade mas surgiram, de repente, os elementos da polícia especial e aviaram com os cacetetes em todos os presentes na confusão.
Hoje vi o vídeo de Jorge Jesus em Guimarães. O treinador tentou ajudar, à força, os agentes da autoridade a libertarem um adepto do Benfica. Na cena seguinte, vi um polícia a dizer a Jesus para se acalmar. Fico-me por aqui em relação à cena da Cidade Berço mas, quase aposto, com este gesto Jesus reconquistou a plateia da Luz. Estou já curioso de ver como vai ser recebido pelos adeptos no próximo jogo.
Nesta jornada destaco também as palavras de Leonardo Jardim. Já era fan do madeirense, pelos trabalhos no Chaves, no Beira-Mar, em Braga, mas agora ainda sou mais. Um treinador ser prejudicado (em penálti por assinalar) e dizer que acha uma hipocrisia os três grandes falarem dos árbitros merece um louvor. Pode ser que as mentalidades estejam finalmente a mudar no futebol português, pensei depois de ouvir Jardim.
Um dia depois, o meu pensamento caiu por terra. Paulo Fonseca perdeu os primeiros pontos na Liga e culpou o árbitro (até tinha razão no lance do penálti mas…). O treinador do FC Porto, o mesmo que na 1.ª jornada acusou José Mota, do V. Setúbal, de se queixar sempre dos árbitros, queixou-se na primeira oportunidade – falta um pormenor, José Mota nunca treinou nenhum dos grandes.
O responsável pelos dois pontos perdidos pelo FC Porto – ou um ganho, depende das perspetivas – foi o Estoril, com um 2-2 conseguido com grande sacríficio. No final, Marco Silva foi questionado sobre a arbitragem e deu a mesma resposta dos últimos dois anos e meio (desde que é treinador): “Não falo dos árbitros.” Até recordou o jogo da semana anterior, em Braga, no qual não se desculpou com o árbitro após a derrota.
Se um dia Marco Silva treinar um dos grandes e após um resultado negativo se queixar do árbitro, escrevo aqui um post dedicado ao tema – tenho quase a certeza de que nunca o irei escrever.
A fechar, e para não deixar fora disto outro dos grandes treinadores portugueses da atualidade, uma vénia (mais uma) a Rui Vitória. Perdeu com o Benfica e lamentou ter sofrido um “golo de chouriço.” Grande Vitória.
