Estar calado e trabalhar…
Na atualidade benfiquista os nomes de Ezequiel Garay e Nemanja Matic são incontornáveis. Os dois jogadores estão a ser alvo do assédio de gigantes ingleses e podem abandonar o emblema da Luz, seguindo para aquela que considero ser atualmente a melhor liga do Mundo. No que diz respeito ao médio sérvio, admito que fui dos primeiros a torcer o nariz à sua contratação. É certo que tinha um passado ligado ao colosso Chelsea, mas parecia-me um jogador lento e que não conseguiria de modo algum cimentar o seu futebol no clube da águia.
Volvido algum tempo faço mea culpa e penitencio-me pelo meu tremendo erro de avaliação. Matic é um jogador com lugar em qualquer formação de topo do Velho Continente e no tempo que passou em Portugal aproveitou para “beber” da melhor forma os ensinamentos de quem o queria ajudar e fazer dele um elemento determinante na dinâmica da formação encarnada. Há mérito de Jorge Jesus e demais departamento técnico, mas há também mérito do jogador em querer aprender, em querer evoluir e em querer ser um profissional cada vez melhor.
E é neste momento que viro a agulha para o jovem argentino Juan Manuel Iturbe, que parece estar farto de aquecer o banco de suplentes do FC Porto e quer mudar-se em breve para outras paragens. Ora sobre o extremo, aquando da sua chegada ao nosso país, escrevi que era o “Messi Guarani” e que em poucos meses se tornaria num jogador determinante na estrutura azul e branca. O mais veloz dos velozes e um goleador implacável. Não me enganei no que diz respeito às qualidades técnicas do craque sul-americano, mas com o tempo entendeu-se que Iturbe é impaciente e que tem uma terrível tendência para falar por interposta pessoa, de modo a fazer ouvir a sua voz e as suas inquietações sem abrir a boca. E num clube como o FC Porto este tipo de erros pagam-se muito caro.
No futebol e na vida não chega ter muita qualidade para desempenhar determinada função. É necessário entender também qual é o nosso lugar na estrutura e saber estar. Se de um lado temos um sérvio que foi esperando pela sua oportunidade e que soube estar “calado”, aguardando que o futuro fosse mais risonho e que os frutos do seu trabalho acabassem por aparecer, do outro assistimos à exibição de um argentino mal aconselhado e que foi tentando ao longo do tempo “pedinchar” um lugar mais efetivo no plantel de Vítor Pereira. Um acabará certamente num gigante europeu a lutar por grandes conquistas, enquanto o outro irá “estacionar” num emblema sul-americano ou “penar” alguns anos por formações secundárias do Velho Continente.
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