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Uma visão de um especialista, SANDRO VELOSO, sobre o novo jogo da Santa Casa. A Santa Casa lançou esta quarta-feira o seu novo jogo de azar: chama-se Placard, é de apostas desportivas e tem como o..." /> Placard, o novo jogo da Santa Casa - Bola na Área - Record

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Placard, o novo jogo da Santa Casa

9 Setembro, 2015 2456 visualizações

Uma visão de um especialista, SANDRO VELOSO, sobre o novo jogo da Santa Casa.

A Santa Casa lançou esta quarta-feira o seu novo jogo de azar: chama-se Placard, é de apostas desportivas e tem como objectivo atingir receitas no valor de 250 milhões de euros por ano. O segredo passa por aplicar comissões exorbitantemente mais altas do que todos os corretores mundiais.

Qualquer casa de apostas possui um corretor de apostas, obtendo lucro através da oferta de probabilidades que não representam as probabilidades reais de um determinado evento, designando-se essa diferença por “margem”. A variação dessas margens determina o lucro potencial para um apostador, ou seja, quanto maior for a margem para a casa de apostas, menor será o valor para o apostador. A fórmula seguinte permite calcular essas margens: (1/Probabilidades decimais Opção A)x100 + (1/Probabilidades decimais Opção B)x100 + (1/Probabilidades decimais Opção C)x100.

Basta uma pesquisa rápida pelas casas de apostas mundialmente conhecidas ou por qualquer site de comparação de probabilidades, para se reparar na “virtude” patente no serviço oferecido pelo novo jogo social da Santa Casa. No mercado 1X2, o mais conhecido pelos portugueses e que está presente no Totobola, a margem média do sector é de 6%, variando entre os 2% e os 10.5%.

Peguemos no jogo inaugural da 4ª jornada da Primeira Liga Portuguesa, entre Benfica e Belenenses, em futebol, que se irá realizar esta sexta-feira. As quotas oferecidas pelo Placard são as seguintes: 1.15 em caso de vitória do Benfica, 5.50 se o jogo terminar empatado e 12.00 numa hipotética vitória do Belenenses. Usando a fórmula anteriormente apresentada, é possível verificar que a margem obtida pela Santa Casa é de 13.6%, cerca de três pontos percentuais acima do valor máximo praticado no sector e 7.6% mais alta do que a média actual.

Usando a casa de apostas com mais utilizadores portugueses registados, a bet365, como comparativo, desde logo saltam à vista as melhorias nas quotas: 1.20 em caso de vitória do Benfica, 6.00 se o jogo terminar empatado e 15.00 numa hipotética vitória do Belenenses. Voltando a usar a fórmula, conclui-se que a margem conseguida por esta casa é de 6.7%, um valor bastante mais próximo da média e que beneficiava os apostadores portugueses em praticamente sete pontos percentuais.

Beneficiava, no passado. A monopolização do sector fez com que a bet365, como tantas outras casas de apostas que operavam em Portugal, fechasse portas por tempo indeterminado, tornando o Placard como o único jogo de apostas desportivas legalizado no nosso país.

E desengane-se quem pensa que este exemplo será um caso único. Na verdade, noutros mercados, a margem é ainda mais abusiva. Voltando a fazer a comparação entre o Placard e a bet365, agora num mercado de apenas duas selecções – o mais de 2.5 golos ou menos de 2.5 golos – relativo à partida entre Goiás e Sport Recife, a contar para o Brasileirão.

A Santa Casa disponibiliza uma quota de 2.00 para quem acreditar que o jogo terá 3 ou mais golos e uma quota de 1.40 para quem pensa que terá 2 ou menos. A outra casa de apostas, para o mesmo jogo, disponibiliza uma quota de 2.40 para quem acreditar que o jogo terá 3 ou mais golos e uma quota de 1.53 para quem pensa que terá 2 ou menos. As contas são simples, o Placard consegue uma margem de lucro de 21.4% contra apenas 7% da bet365.

São os números que o afirmam. Placard, o novo jogo de sorte… só para a Santa Casa.

Sandro Veloso