Bola na Área

Foto José Moreira

 Fernando Gomes apresentou hoje a sua candidatura à Liga de Clubes. Uma semana depois de Rui Alves ter feito o mesmo. Estou convencido que o ex-administrador da SAD do FC Porto para o futebol e o basquetebol (a sua paixão) vai ganhar. Duvido mesmo que Rui Alves consiga nove votos para conseguir formalizar a sua candidatura. Gomes, de 58 anos, sucederá curiosamente a outro dirigente que passou pelo jogo do cesto roto, um Hermínio Loureiro que esteve no comando do básquete da Oliveirense. O ainda vice-presidente do FC Porto é mais velho que Hermínio um pouco mais de dez anos e conseguiu desde já a proeza de ser elogiado por Luís Filipe Vieira na última entrevista do presidente do Benfica. Nada que o Record não tivesse previsto…

Conheço Fernando Gomes há algum tempo e, quando “fazia” o FC Porto e podia frequentar as respectivas instalações, sempre tive dele a melhor imagem. É um homem moderno, não é um futeboleiro. Não terá propriamente “cadastro limpo” – que o digam alguns norte-americanos que passaram pelo básquete do FC Porto – mas no geral é uma pessoa cordata, ponderada e que vê para a frente. Só assim foi possível, num clima de guerra, continuar a trabalhar com Domingos Soares Oliveira – como todos sabem o braço-direito de Luís Filipe Vieira – em parcerias que deram frutos aos três grandes clubes portugueses.

No seu mandato como 4.º presidente da Liga (depois de Valentim Loureiro, Manuel Damásio, Pinto da Costa e Valentim Loureiro) Fernando Gomes irá certamente surpreender pela positiva. Para já tem um grande objectivo pela frente que passa por canalizar receitas das apostas desportivas para o futebol profissional. É algo que saberá fazer tanto mais que tem um cargo elevado na Santa Casa da Misericórdia do Porto…

Hermínio Loureiro – aqui numa foto de família com os árbitros e Vítor Pereira – saiu da Liga como entrou: com dignidade. Eu sei que este é um artigo com pouca procura nas prateleiras da mercearia que é o nosso futebol. Conheci-o nas bancadas do velhinho e saudoso Mário Duarte, onde, na bancada, perto da tribuna de imprensa, costumava ver os jogos do Beira-Mar. Não sabia quem ele era e lembro-me de termos uma conversa franca sobre as condições dos nossos estádios e tudo o que havia para fazer. Reencontrei-o mais tarde quando se candidatou à Liga e verifiquei mais uma vez o seu entusiasmo e o seu empenho, vindo já tarimbado com uma passagem bem sucedida pela secretaria de Estado do Desporto. A Liga teve finalmente um presidente que não vinha do “futebol profundo” e rapidamente se percebeu que a equipa de Hermínio Loureiro quanto mais não fosse ia purificar o ambiente. A tentativa foi boa e não se pode dizer que falhou. O já ex-presidente da Liga deixa uma nova competição, deixa a Liga arrumada financeiramente e com instrumentos ao nível da comunicação institucional que nunca teve. Deixa também na Liga o seu braço direito Tiago Craveiro, inevitável secretário-geral na equipa que Fernando Gomes está a formar. Quanto aos árbitros, HL teve paciência para aturar Vítor Pereira e deu-lhe sempre confiança. Ficou por concretizar o projecto da profissionalização – o que está em marcha é apenas uma cortina de fumo… – mas criaram-se as bases para uma mudança de paradigma. Os árbitros nunca tiveram condições tão boas de trabalho, embora ainda falte muita coisa nesse capítulo. Bem se pode dizer, portanto, que o único problema deste mandato de Hermínio Loureiro foi a disciplina. Foi Ricardo Costa. Não acho. Ricardo Costa não demitiu Hermínio Loureiro. Ricardo Costa apenas mexeu demasiado no lodo. Provavelmente, e insconcientemente, também ele foi siderado pelo fedor que se liberta quando tal acontece.

Ainda estou um bocado tonto e não é do vinho nem da gasosa. É do zaping entre a entrevista de Pinto da Costa à Judite e a de Luís Filipe Vieira a Sousa Tavares. Acabei por ficar mais tempo na RTP 1 pois aí estava um presidente num ataque quase desesperado enquanto na SIC estava um presidente absolutamente tranquilo. Comecei por não perceber o silêncio de PC à sentenção de JS, quando disse que o Benfica será campeão… Fiquei depois a conhecer um novo jogador do Barcelona: o Xaví. As coisas que se aprendem nestas entrevistas! Por exemplo, também ficamos a saber que “duas altas figuras da Liga” confessaram a PC e a Caldeira que Hermínio Loureiro pediu a Ricardo Costa para se demitir e que levou sopa (esta eu já sabia também), assim se provando que, afinal, o FC Porto tem algum peso na Liga…

(a propósito, gostei dos óculos da Judite)

PC nem nas metáforas foi original, como, por exemplo, a da “Liga dos túneis”. Quanto aos passivos que quis comparar, todos sabemos que o melhor seria mesmo estar calado. Mas não esteve. E foi quase confrangedora a forma como tentou explicar a fruta para dormir (“nem sabia do que [Araújo] estava a falar…”).

Entretanto, na SIC na mesa só faltou mesmo um copo de scotch. Conversa cordial, quase entre dois consócios. Com Vieira em definitivo a pôr na ordem Rui Costa, dizendo que “ainda tempo muito para aprender” e que “há coisas que sabe depois de estarem consumadas”. Ficamos a saber que o jogador preferido do líder dos encarnados é Luisão e que espera pelo menos triplicar os 9 milhões que hoje o Benfica recebe de direitos televisivos, em 2013. E, por outras palavras, ficou também a convicção de que o Benfica vai votar em Fernando Gomes para a presidência da Liga (“honesto e bom profissional”).

Pinto da Costa disse que com Hulk o FC Porto seria hoje líder do campeonato. Isso é o que nunca iremos saber. A verdade é que o presidente do FC Porto falou mais do Benfica e de Luís Vieira do que do seu clube. Entende-se porquê.

PC só esteve realmente ao seu nível quando, pegando nas palavras de um…amigo, disse que o problema não é de quem entra num manicómio e de lá sai com alta mas de quem anda por aí e nunca foi internado.

Quanto ao homem que um dia ofereceu a PC um mocho sobre o livro da sabedoria, apenas titubeou na questão das claques. Esteve à vontade, quase olímpico, provavelmente naquela que foi a sua melhor entrevista televisiva de sempre. Também havia razões para isso.

Entretanto, Judite Sousa goleou Miguel Sousa Tavares na guerra as audiências. Ou, se quisermos, Pinto da Costa goleou Luís Filipe Vieira. É a chamada vitória na secretaria.

Há poucos dias, o Freamunde promoveu um colóquio a propósito de futebol de formação, tendo como acento tónico o aproveitamento que os clubes fazem dos jogadores que formam. Paulo Bento e José Guilherme – ex- Fc Porto e selecção – foram alguns dos oradores convidados, para além de Jorge Regadas, que jogava em casa. Guilherme, a dado momento, recordou o caso de Vieirinha, não tendo dúvidas em classificá-lo como um fora-de-série, algo que detectou logo no primeiro treino. “O problema é que o Vieirinha em vez de pesar 70 quilos pesava quase 90”, referiu Guilherme. “É preciso ver quem pode mas sobretudo ver quem quer e muitas vezes quem pode não quer…”, pegou, e bem, Paulo Bento no mote. “Quando um jogador engorda (e tive alguns casos desses no Sporting…) e continua a fugir às regras de quem é a culpa? É do treinador? É o treinador que vai à Pizza Hut ou ao McDonalds?”, atirou o ex-treinador do Sporting, sem referir nomes.

Bento acabou por concluir que muitos jovens talentos “são espremidos antes do tempo”. Alguém perguntou: – Moutinho e Veloso estagnaram na sua evolução? Bento respondeu: “São jogadores completamente diferentes, têm qualidades diversas”. Bento não tem dúvidas que a Imprensa, a família e os empresários prejudicam muitas vezes o percurso destes talentos. “Toda a gente se preocupa com a galinha dos ovos de ouro e acaba por vir tudo para cima do treinador”, acrescentou.

Há momentos no nosso futebol é que se acerta na mouche. Infelizmente tal não costuma dar parangonas.

Um amigo geralmente bem informado, mas que obviamente não acerta sempre, garantiu-me o seguinte. Na próxima época a distribuição de treinadores pelos 3 grandes vai ser a seguinte:

Benfica – André Vilas Boas

FC Porto – Paulo Bento

Sporting – Domingos Paciência

Há sempre que ter em conta o trânsito na A1.

Aliviado das suas funções como presidente da Liga, Hermínio Loureiro prossegue a sua acção na autarquia de Oliveira de Azémeis. BnA adiivinha o seu pensamento quando deparou, hoje, com esta montureira:

“E eu que pensava que a porcaria toda estava no futebol…”

Pois é, pelos vistos não. Tal como já se suspeitava.

Luís Filipe Vieira esteve hoje em Viana do Castelo. O presidente do Benfica passeou nas ruas do centro histórico, foi recebido na câmara municipal, inaugurou a nova imagem da casa do Benfica naquela cidade e conviveu com os adeptos no famoso restaurante “O Camelo”. A águia “Vitória” não pôde comparecer porque, conforme foi anunciado, “está a preparar-se para o jogo de logo à noite”. O Pantera Negra também estava anunciado mas também não foi visto.

O que vimos, e nos impressionou bastante, foi este **** de 420 quilos que até já tem matança prevista (24 de Agosto de 2010) no mais famoso dos restaurantes da zona de Viana do Castelo, onde quem brilhou foi um tal Canário a cantar, com a sua partenair, ao desafio, glosando o facto de o Papa vir ao Porto para se sentar num altar vermelho e branco.

Para além deste bicharoco, o “corredor da morte” do “Camelo” tem também estes belos galos de lavrador criados a milho e couve para o arroz pé descalço

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A candidatura, potencialmente vencedora, de Fernando Gomes à presidência da Liga tem várias leituras possíveis.

Para uns, é um xito à moda de Adriano Pinto.

Para outros, uma notável iniciativa independente do antigo presidente da Liga Profissional de Basquetebol.

Para outros tantos, a última contratação de LFV.

Ou me engano muito ou ninguém acertou. Fernando Gomes é simplesmente O CANDIDATO IDEAL para juntar os cacos e para garantir que a Liga vai continuar a ser gerida com profissionalismo.

Não quero crer que se pretenda voltar ao passado.

Bola na Área, ou BnA, foi um dos primeiros blogues futeboleiros a surgir na blogosfera. Começou com uma vasta equipa mas o plantel foi desertando. Fui ficando eu. Refundado duas vezes, BnA conhece agora uma nova fase, integrando a equipa de blogueiros do Record, o meu jornal. Volto finalmente a sentir-me acompanhado. É reconfortante.