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Desde há alguns anos que sigo atentamente os passos do Vasco da Gama e foi com natural satisfação que, há cerca de duas semanas, assisti pela primeira vez a um jogo em São Januário. Uma oportunida..." /> — ler mais..

Desde há alguns anos que sigo atentamente os passos do Vasco da Gama e foi com natural satisfação que, há cerca de duas semanas, assisti pela primeira vez a um jogo em São Januário. Uma oportunida..." /> Paixão Internacional - Record

Paixão Internacional

Uma noite em São Januário

29 Setembro, 2016 0

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Desde há alguns anos que sigo atentamente os passos do Vasco da Gama e foi com natural satisfação que, há cerca de duas semanas, assisti pela primeira vez a um jogo em São Januário. Uma oportunidade proporcionada pelo próprio clube, que rapidamente se disponibilizou para me receber naquele dia, mas também pelo Record, que me ‘colocou’ no Rio de Janeiro para cobrir os Jogos Paralímpicos Rio’2016. Ora, num dos (muito) raros tempos livres, lá fui eu a São Januário cumprir um dos meus sonhos.

E assim foi. Não vivi o jogo no meio dos adeptos (poucos, nesse dia), mas sim num camarote, juntamente com outros dois jornalistas (do Lance e Globoesporte), com quem partilhei algumas ideias sobre o futebol brasileiro. Ora, um dos problemas falados foi mesmo o que levou à presença de tão poucos adeptos no estádio. Jogo a uma sexta-feira, às 21.30, com ingressos a 50 reais (pouco mais de 13 euros)… Estavam pouco mais de dois mil vascaínos nas bancadas. Não houve problema, já que o Vasco venceu.

A aventura começou logo para chegar a São Januário. Devidamente assustado pelo taxista que me levou, percebi que a vizinhança não é lá muito agradável… Nem mesmo para o Douglas, o taxista, que segundo me contou já por ali morara em tempos. De lá fugiu (mudou-se para as imediações do Engenhão) e o medo parece ter continuado. É que, enquanto era guiado pelo seu GPS, negou-se a seguir os passos indicados em pelos menos três ocasiões. “Por ali não vou!”, exclamava ele. Demos uma volta maior, mas chegamos são e salvos ao nosso destino. Segui à minha vida, dei a volta ao estádio e lá cheguei à porta 16, onde depois de uma breve conversa consegui convencer os seguranças de que estava ali por convite do Evandro Costa, assessor do clube.

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Rapidamente se apressou a vir buscar-me àquela zona e lá me mostrou os cantos à casa. Um estádio antigo, é certo, mas com os seus encantos. E, conforme me disse o próprio Evandro, jogos em estádios assim têm outro encanto que numa arena não se vivem. Entrámos e seguimos pelo meio dos adeptos, por baixo das bancadas, sem problema algum. E, se houvesse, acho que dizer que era português iria resolver logo a situação… Falou-me um pouco mais da história do clube, de tudo o que representava o estádio e os planos do presidente Eurico Miranda, um dirigente que, aqui e ali, me faz lembrar Bruno de Carvalho. Passamos então à zona superior, onde me iria instalar, sem antes me apresentar, ainda que de longe, a joia da coroa do clube carioca. O CAPRES (Centro Avançado de Prevenção, Reabilitação e Rendimento Esportivo). Um centro de recuperação topo de gama, que une tecnologia vinda da NFL e NBA. Isto num clube da Série B brasileira. Agora pensem…

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Fui então para o camarote. Bem, aqui tenho que dizer que, do camarote de onde seguimos o jogo, a vista não era privilegiada, admito, mas tive oportunidade de ter a torcida organizada logo ali perto. Ouvir aqueles cânticos que conhecia do Youtube ou das transmissões que por cá passam teve realmente um outro encanto. Dei por mim a cantar uma delas (vídeo abaixo)… E foi sempre assim, em ambiente de festa, mesmo com poucos adeptos, que o Vasco venceu por 2-0 diante do Joinville e eu vi, a uns 200 metros, os dois golos. Tive azar, mas não dei azar. O Vasco ganhou e ganhou bem, dias antes da eliminatória decisiva para a Copa do Brasil, onde viria a empatar frente ao Santos e, por consequência, ser eliminado. Disseram-me que “escolhi” mal o jogo, mas já me dei por muito feliz por ter tido a chance de viver, in loco, uma noite em São Januário.

E assim fechei uma visita a um dos palcos míticos do futebol brasileiro e um dos estádios que sempre tive curiosidade em visitar. Agora “só” falta White Hart Lane (provavelmente o novo…) e o El Monumental, casa do River Plate.

E por que razão sigo o Vasco?

Uma admiração que nasceu de uma forma “estranha”, através do conceituado vídeojogo Football Manager. Terá sido por volta de 2009, 2010, quando fiz um save com o Vasco da Gama e, nessa altura, comecei a interessar-me mais pelo clube e pela sua história (muito rica, por sinal). Percebi o que separava o Vasco dos demais e tornei-me vascaíno, torcedor da única equipa grande do Rio que tem estádio próprio (o Botafogo usa o Engenhão de forma “emprestada”)… Em seis anos vi o Vasco descer duas vezes à Série B, mas também o vi reerguer-se e brilhar ao mais alto nível e mostrar que, apesar das quedas, os gigantes continuam a ser gigantes.

Os livres de Ronaldo

15 Junho, 2016 0

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Ponto prévio: sou grande admirador das qualidades daquele que considero ser o melhor jogador do Mundo. Sempre que vem à baila o seu nome raras são as vezes que não o defendo, porque entendo perfeitamente o esforço que teve para chegar onde chegou e também entendo que a grande maioria das críticas que lhe fazem tem apenas a ver com a mentalidade por vezes ridícula do povo português. Mas adiante, para o que importa…
Apesar de toda a admiração, não há como esconder factos e as estatísticas recentes mostram que está na hora de CR7 desligar o botão dos seus tomahawks – que deixaram de ser o que eram… – e passar a pasta a outros artistas. Entendo que para Ronaldo tudo é feito na base da dedicação extrema, no “tentar, tentar, tentar” até conseguir – tanto assim é que acaba grande parte dos jogos com o mais rematador -, mas há ocasiões capitais em que, quando não dá, quando não resulta, se deve deixar outros assumir certas responsabilidades. E se nos penáltis não há ponto para discussão – Ronaldo é, de longe, o maior especialista do Mundo -, nos livres a situação muda de figura.

Veja-se a estatística colocada a circular no dia de ontem, pouco depois do final do jogo com a Islândia. 34 livres tentados em fases finais. Zero golos nesses lances. E ontem, convenhamos, ao seu lado estava um rapaz que ultimamente parece estar mais talhado para esse tipo de bolas paradas. Por sinal um rapaz que fez um jogo muito bom, sem acusar a pressão, nem mesmo pelos seus 22 anos. Custava muito deixá-lo marcar? Entendo perfeitamente: Ronaldo é o capitão, o líder da equipa, tem um estatuto de intocável, mas é aqui que também te de dar o exemplo. Se não dá, se não resulta, passa a outro! É a mesma coisa que num jogo de NBA, o jogador A, estrela de uma equipa, chegar à hora da decisão com 2/20 de lançamentos. Faz sentido colocar-lhe a bola nessa altura? A meu ver, não, especialmente se na equipa estiver outro jogador com melhor eficácia. Sei que no futebol a lógica nem sempre impera, mas neste caso acho que faz sentido…

E, não, não é oportunismo. Porque de há uns tempos para cá o nosso CR7 tem mostrado que os seus livres não são mesmo o que eram. Agora, e dizendo-o sinceramente, que Ronaldo me cale e, no sábado, dispare um daqueles seus livres para o fundo da rede austríaca. Não teria problema algum em engolir as minhas palavras.