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Godinho Lopes, que ainda recentemente anunciara ser o novo responsável pelo futebol do Sporting, já tratou de passar a pasta, no caso a Jesualdo Ferreira. Faz bem, uma vez que todos sabemos que o..." /> Jesualdo: o senhor que se segue - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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Jesualdo: o senhor que se segue

17 Dezembro, 2012 687 visualizações

Godinho Lopes, que ainda recentemente anunciara ser o novo responsável pelo futebol do Sporting, já tratou de passar a pasta, no caso a Jesualdo Ferreira. Faz bem, uma vez que todos sabemos que o seu entendimento do desporto-rei não é grande coisa. Quanto ao eleito parece-me uma escolha interessante, pois estamos a falar de alguém experiente, com provas dadas e com conhecimento suficiente para, pelo menos, ajudar o Sporting a evitar, a curto prazo, males maiores.

Mas, mais uma vez, o presidente leonino toma decisões questionáveis e – pior que isso – justifica-as de forma estranha. É este o momento certo para fazer uma revolução tão grande em todo o futebol do clube? Tenho dúvidas. Porque estamos a meio da temporada, porque foi contratado um técnico recentemente (que de imediato disse precisar da reabertura do mercado para retocar o plantel à sua imagem) e também porque me parece pouco lógico que, de repente, os vários responsáveis da formação (onde incluo a equipa B) fiquem a saber que passaram todos a adjuntos de Jesualdo. Sim, se Godinho Lopes diz que o novo “manager” será uma espécie de treinador de todos os treinadores.. na prática os principais transformam-se em adjuntos.

Na mesma entrevista televisiva em que garantiu ser Jesualdo o homem certo para este cargo – embora tenha dito que convidou primeiro José Couceiro, o que faz deste algo do género o “homem mais que certo para este cargo” -, Godinho assumiu que Jesualdo terá poderes alargados no futebol. Ora, quando um treinador, mesmo fora do relvado, manda mais que o técnico em exercício, temos uma potencial situação de conflito. Jesualdo pode entrar em Alvalade transfigurado de “manager”, mas nem por isso deixa de ser treinador. Por isso, e por muito que a hipótese seja negada no momento, vê-lo assumir o controlo da equipa é uma questão de tempo. Tal solução só não aconteceria se a equipa estivesse bem, mas se assim fosse, Jesualdo não teria sido contratado, Vercautern ainda estaria na Bélgica e, claro, os adeptos sportinguistas sonhavam com o título e não tinham pesadelos devido ao facto da linha de água ser um problema real.

Ao tomar esta decisão nesta altura, Godinho fragilizou ainda mais a já de si frágil posição de Vercautern. O belga, independentemente dos erros que possa já ter feito na gestão do plantel, caminha a passos largos para, sem surpresa, ser mais uma vítima do sistema. Não daquele que Dias da Cunha pretendeu combater, mas do outro, o que há muito se instalou em Alvalade e que, indiscutivelmente, tem tido consequências tão ou mais nefastas. É que este, minando por dentro o clube, não faz somente diminuir as possibilidades de sucesso desportivo. Só não vê quem não quer.

Vercautern tem os dias contados em Alvalade. Resta saber quantos são. Pessoalmente, acreditava que a despedida apenas teria lugar no final da temporada – quando cessa a sua ligação ao clube -, pois continuo a pensar que, mais tarde ou mais cedo, o Sporting vai engatar uma série de resultados positivos e, no mínimo, alcançará o quarto lugar na Liga. Contudo, agora, com o aparecimento de Jesualdo em cena, penso que o belga pode receber a “guia de marcha” bem antes. Aliás, estou convencido que se não conseguir ganhar fora ao Marítimo ou ao Rio Ave, em jogos da Taça da Liga, talvez já não comece 2013 no cargo. De resto, mesmo que as coisas até corram bem na única prova em que o clube ainda pode conquistar um título esta temporada, creio que a recepção caseira ao Paços de Ferreira, no próximo compromisso da Liga, será outra final para Vercautern. Um novo deslize caseiro – que poderá deixar o terceiro lugar do Sp. Braga a uma distância realisticamente irrecuperável – precipitará o despedimento. Mais que não seja porque, a partir de agora, já não será preciso tempo para procurar sucessor. O “treinador de todos os treinadores” já está na casa. E pagar salários a técnicos para não exercer a função há muito que deixou de ser problema no reino do leão…

PS – Jesualdo deu-se muito bem no FC Porto. E o futebol nacional, nos últimos anos, conheceu (e conhece) um sem número de situações em que o profissionalismo levou a melhor sobre o coração. No entanto, com o Sporting a viver um dos piores momentos da sua história, Godinho arrisca imenso ao contratar um reconhecido benfiquista para tentar inverter o rumo dos acontecimentos. Mas, com o actual cenário, isso é o que menos preocupa sócios e adeptos.