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A Marca anunciou que José Mourinho, no final da época, vai deixar de ser treinador do Real Madrid. Sabendo-se da ligação que o jornal madrileno tem com o principal clube da capital espanhola, arri..." /> O adeus de Mourinho - Olhos de ver - Record

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O adeus de Mourinho

5 Dezembro, 2012 702 visualizações

A Marca anunciou que José Mourinho, no final da época, vai deixar de ser treinador do Real Madrid. Sabendo-se da ligação que o jornal madrileno tem com o principal clube da capital espanhola, arrisco dizer que, se escreveram, é verdade. Mais: é verdade e Florentino Pérez e seus pares não se opuseram a que a notícia viesse cá para fora. Vou mesmo ao ponto de equacionar a possibilidade da notícia ter sido “cantada” de dentro para fora, com o intuito de preparar os adeptos, de ver a reacção de Mourinho, etc, etc. Lá, podem ter a certeza, as coisas funcionam mesmo assim…

Mas, centremos atenções no essencial. A relação entre o técnico português e o clube merengue não pode, efectivamente, estar famosa. Aliás, para mim, surpreendente é constatar que o “casamento” ainda dura quando, esta temporada, o Real está a léguas do Barcelona no campeonato. E não vale a pena falar só da sensacional caminhada dos catalães (13 vitórias e 1 empate) para justificar o atraso de 11 pontos. No jogo entre ambos, em Camp Nou, o empate (2-2) até foi mais agradável para os visitantes. A questão é que, nos outros duelos, com adversários que gastam bem menos e não possuem armas minimamente parecidas, o Real tem sido “enganado” vezes sem conta. Se tivesse feito a sua parte… as duas equipas estariam em igualdade pontual e com a vantagem teórica a pertencer ao Real por já ter empatado em Barcelona.

Os merengues conquistaram o título na temporada anterior e esta época trataram logo de arrecadar a Supertaça espanhola. Parecia que o Real estava a encarreirar. Pura ilusão. Mourinho é um treinador fabuloso, tem feito um trabalho notável, conta com jogadores fantásticos (com Ronaldo à cabeça), mas não dá para equilibrar as contas com um Barcelona que, mais época menos época, mais troféu menos troféu, “arrisca-se” a ser designado como a melhor formação da história do futebol.

Cheguei a admitir que, com a saída de Guardiola da Catalunha, a tarefa seria mais fácil para o Real. Não se confirmou. Mesmo com o leme entregue a um desconhecido da alta-roda como Tito Vilanova, o Barcelona carbura quase sempre bem. Lá vem uma jornada de menor fulgor, mas nem há tempo para se tentar descobrir um qualquer foco de crise. Dias depois, em casa ou fora, diante adversários fortes, fracos ou medianos… a dose volta ao normal. E venha quem vier…

Mourinho, ao longo dos tempos, tem utilizado os seus típicos “mind games” para atenuar o desgaste que o sucesso catalão tem produzido em si, nos seus jogadores, nos dirigentes do seu clube, nos próprios adeptos. Mas, aqui e ali, perdeu-se nessa tentativa desesperada de desviar as atenções do essencial, dos resultados, das classificações, das contabilidade dos troféus conquistados ou perdidos em comparação com o rival catalão. O estranho episódio do recente embate com o Atlético Madrid – entrar sozinho no relvado para saber se os adeptos o assobiavam – foi, muito provavelmente, a gota de água de uma relação em que, por outro lado, usou e abusou das declarações de amor ao futebol inglês, algo que deve ter provocado enorme azia aos mais radicais seguidores do Real, a maioria também grandes defensores das causas espanholas.

Mourinho tem toda a legitimidade em gostar mais do futebol inglês do que o espanhol (subscrevo a escolha), mas não fica bem ver o treinador daquele que é para muitos o clube número 1 da história do futebol mundial (para os seus sócios e adeptos a questão nem merece discussão) a repetir, vezes sem conta, o seu desejo de regressar a Inglaterra. Estar no Real a pensar no dia do retorno às Ilhas Britânicas não é a mesma coisa que estar no Paços de Ferreira, Gil Vicente ou Moreirense a sonhar com uma oportunidade nos grandes de Portugal ou orientar Benfica e FC Porto e dizer que ficaria feliz com um salto para Madrid, Barcelona, Manchester ou Milão. E Mourinho sabe isso muito bem. Sabe, mas sempre optou por essa via, da mesma forma que jamais renunciou à táctica de guerrilha com a imprensa ou com a maioria dos treinadores contrários. Depois, claro, não vale a pena dizer que em Espanha o desporto nacional é criticá-lo…

Em resumo: não tenho dúvidas que Mourinho vai deixar o Real no final da época. Só a vitória na “Champions” poderia alterar esse desenlace. No entanto, creio que se isso suceder então será o treinador a pretender, com todas as forças, sair em alta. Também me parece claro que o seu destino será a Inglaterra, apesar de ser falar na possibilidade do PSG. O que gostaria de saber é se irá sozinho ou acompanhado de um jogador que tanto aprecia, que fala a mesma língua, nasceu no mesmo País, é agenciado pelo mesmo empresário e, curiosamente, também costuma, de tempos em tempos, mostrar-se desagradado com o Real, os dirigentes ou os adeptos…