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Não consigo contabilizar o número de vezes que, por esta ou aquela razão, tive de escutar os lamentos de muitos que, por estarem diretamente ligados a determinada modalidade, não perdem uma opor..." /> Ditadura do futebol - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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Ditadura do futebol

5 Agosto, 2012 609 visualizações

Não consigo contabilizar o número de vezes que, por esta ou aquela razão, tive de escutar os lamentos de muitos que, por estarem diretamente ligados a determinada modalidade, não perdem uma oportunidade para questionar o espaço que o futebol tem na comunicação social em comparação com os outros desportos. E verdade seja dita: entre alguns exageros, muitas dessas reclamações/críticas são fundamentadas. Assumo-o sem complexos, embora tal posicionamento faça confusão a certas pessoas que, por saberem que sou jornalista na área, concluem, por antecipação, que contribuo para que o modelo vigente se mantenha. Não é bem assim… E acrescento, sem pestanejar, que em Portugal se dá mesmo demasiada importância a certos aspetos do futebol que, a bem da lógica, deveriam ser reduzidos em prol de uma cobertura desportiva mais abrangente.

No entanto, se concordo com a posição de base neste diferendo de sempre, convém acrescentar que o futebol consegue manter essa denominada ditadura jornalística essencialmente por duas razões: devido à paixão que incute na população e também pelos resultados agradáveis a nível internacional que, com maior ou menor regularidade, clubes e seleções somaram nas últimas décadas.

E contra o gosto do público ou os desempenhos positivos do desporto-rei… as restantes modalidades nada podem fazer. Contudo, há algo que está (esteve e sempre estará) nas suas mãos: a capacidade de, através das boas exibições e dos resultados de valia, ganhar a admiração e o respeito dos que, à partida, olham para tudo o que não seja futebol com indiferença e desconfiança, para não dizer desprezo. Atletas, técnicos e dirigentes têm de fazer algo mais pelo seu próprio mediatismo.

Não precisamos recuar muito no tempo para recordar, por exemplo, o súbito despertar de muita gente para o triatlo. E de onde veio essa paixão repentina? De lado nenhum! O que se passou é que, de um dia para o outro, o País descobriu uma sensacional Vanessa Fernandes e, claro, aderiu à causa com uma velocidade estonteante. Tão grande como aquela em que desistiu da moda em virtude do “desaparecimento” da campeã. Esse é só um caso em que os resultados de excelência levaram a que público e imprensa se aliassem a algo novo, mas de reconhecido valor.

Vem tudo isto a propósito dos Jogos Olímpicos. Portugal, bem pior que ainda não ter ganho medalhas (exigi-las era um absurdo), vai colecionando desempenhos aquém do esperado. E não pretendendo patrocinar uma “caça às bruxas”, sempre gostaria de saber (e não devo ser só eu) qual a razão para tantos atletas não se aproximarem sequer das suas melhores marcas/registos em Londres?

O programa olímpico da natação acaba hoje. Ainda bem! Confesso que começava a sentir-me cansado só de ver Michael Phelps em ação. O rapaz, contudo, não deve querer reformar-se sem somar a 22.ª medalha nos Jogos, tantas quantas tem Portugal em 100 anos!