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Ninguém gosta de ser criticado. Faz parte da natureza humana. E por ser assim não considero nada estranho que Paulo Bento e os jogadores da Selecção tenham ficado algo sentidos com algumas coisas..." /> A Selecção e as críticas - Olhos de ver - Record

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A Selecção e as críticas

19 Junho, 2012 630 visualizações

Ninguém gosta de ser criticado. Faz parte da natureza humana. E por ser assim não considero nada estranho que Paulo Bento e os jogadores da Selecção tenham ficado algo sentidos com algumas coisas que leram ou ouviram antes do Europeu começar e até mesmo depois dos jogos com Alemanha e Dinamarca.

Percebo perfeitamente que os profissionais de determinado ofício não apreciem comentários menos agradáveis. É fácil, por exemplo, torcer o nariz quando um técnico de futebol se apercebe que companheiros de lides – alguns dos quais já ocuparam o seu posto e outros sonham em fazê-lo – vêm a público questionar tudo e mais alguma coisa, desde questões óbvias até outras que não lembram a ninguém. Mais: é bastante compreensível ver alguém desatinar quando, toda uma nação, considera ter conhecimentos suficientes para colocar em causa isto e aquilo.

No caso da Selecção Nacional também sei que as críticas da imprensa nem sempre são bem recebidas. É normal. Mais que não seja porque, tenho consciência disso, nem todas são justas ou, tão ou mais importante, devidamente fundamentadas. Ainda assim – e já sei que esta ideia não vai merecer a concordância da maioria dos leitores – é capaz de ser mais lógico ser criticado por um profissional da comunicação da área em causa do que por um médico, cineasta, advogado, sexólogo, músico, etc, etc.

Mas, regressemos ao essencial: criticar é um exercício típico da liberdade. Todas as pessoas, com ou sem conhecimentos evidentes de certo tema, têm o direito de se pronunciar. Da mesma forma que os visados têm o direito de não gostar. A liberdade funciona assim, sendo que de vez a vez acaba por produzir conflitos desnecessários.

E é exactamente um desencontro desnecessário aquilo que eu penso estar a verificar-se, por estes dias, no seio da Selecção Nacional. Paulo Bento – e bem – começou por nos dizer que, no final da participação portuguesa no Europeu, estaria disposto a abordar todos os assuntos, a responder a tudo o que lhe perguntassem. Todavia, após o jogo com a Holanda, provavelmente empolgado com a exibição, o resultado e a qualificação para os “quartos”, quebrou a promessa e tratou de enviar recados a todos os que considera não estarem com a equipa. Pior: denunciou existirem alguns portugueses que não se sentiriam contentes com o sucesso nacional e até admitiu que, desde logo, esses “traidores” já deviam estar a comprar cachecóis da Rep. Checa.

Paulo Bento não esteve bem nestas declarações. Porque o “timing” das mesmas não foi o mais adequado, porque a vitória sobre a Holanda e o embate seguinte com os checos deviam merecer todas as atenções e, já agora, porque fica mal atirar recados para o ar sem concretizar. Se o seleccionador conhece portugueses que torcem contra a Selecção – e seguramente não deve estar a pensar em cidadãos anónimos – deve dizer os seus nomes. Meter tudo no mesmo caso, generalizar, é sempre perigoso e injusto.

De resto, Paulo Bento e os jogadores – que entretanto iniciaram uma espécie de “blakcout” por solidariedade a Cristiano Ronaldo depois das críticas (algumas perfeitamente correctas) que o capitão foi alvo antes do duelo com a Holanda – têm de saber separar as coisas. Desejar o desaire de Portugal é uma coisa, mas criticar a lista dos 23 presentes no Euro, defender uma outra táctica, um onze formado por outros elementos, colocar em causa as substituições ou dizer que Ronaldo falhou um golo feito diante da Dinamarca, por exemplo, é outra bem diferente. Não é justo colocar do lado dos “traidores” aqueles que não concordam com tudo o que é feito na formação das quinas. Já critiquei muitas coisas na Selecção (antes e depois da entrada de Paulo Bento), mas sempre desejei (e jamais deixará de ser assim) as vitórias do meu país. E estou à espera de mais uma na quinta-feira…

PS – Não gosto de Michel Platini enquanto dirigente da UEFA. Da mesma maneira que não gosto de Joseph Blatter à frente da FIFA. Mas, independentemente dos meus gostos, tenho de dizer que ver o francês, horas antes da Espanha jogar a sua continuidade no Europeu, a dizer que gostava de ver uma final entre espanhóis e alemães é surreal. Pior só constatar, depois, que o árbitro do jogo (curiosamente um germânico) “não viu” dois penáltis contra a Espanha…