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O FC Porto falhou o acesso aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. A notícia, por si só, constituiria sempre um duro golpe numa equipa que há meses venceu – brilhantemente – a Liga Europa. Cont..." /> Vítor Pereira: a verdade e o azeite - Olhos de ver - Record

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Vítor Pereira: a verdade e o azeite

6 Dezembro, 2011 587 visualizações

O FC Porto falhou o acesso aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. A notícia, por si só, constituiria sempre um duro golpe numa equipa que há meses venceu – brilhantemente – a Liga Europa. Contudo, se acrescentarmos que a eliminação surgiu num grupo onde mandaram os cipriotas do Apoel (clube onde são destaque jogadores portugueses de nível apenas satisfatório) e pouco tempo depois do adeus – de forma humilhante – à Taça de Portugal, é caso para dizer que, no Dragão, está a acontecer algo de muito estranho.

Ao contrário da opinião de muitos, o facto de considerar atípico o que se passa no Porto não significa que tenha sido apanhado de surpresa. Não estou admirado com o insucesso portista. Sim, eu sei que os azuis e brancos conquistaram a Supertaça, que estão lado a lado com o Benfica no topo da Liga, mas a verdade, nua e crua, é que o desempenho da equipa, ao nível dos resultados e do futebol exibido, é fraco. Só não vê quem não quer ou, pior, quem não consegue. A saída de Falcão não pode justificar tudo. Aliás, o FC Porto recrutou muitos jogadores, estabeleceu um orçamento tremendo e, claro, só podia ter em mente atacar a “Champions”. O problema é que, conforme previ aquando do “choque” no Cidade de Coimbra, os dissabores irão continuar a aparecer enquanto no banco, a tentar dar a imagem de líder, estiver Vítor Pereira.

Nada me move contra o técnico portista. Nunca falei com ele, sequer. Mas sempre percebi que ele não estava talhado para a missão. Não estava, não está e não vai estar nos tempos mais próximos. Falta-lhe, no mínimo, experiência, embora acredite que as lacunas serão mais profundas. Um ou outro resultado positivo, uma ou outra prestação mais conseguida, servem para acalmar os adeptos ferverosos, para deixar Pinto da Costa agarrado ao seu erro, mas não resolvem o problema. Não se combatem doenças graves com aspirinas ou, usando um adágio bastante popular, a verdade é como o azeite… vem sempre ao de cima. E essa, sem rodeios, é que Vítor Pereira está sentado numa cadeira de sonho mas a provocar pesadelos a muita gente. Fora, mas também dentro da estrutura.

O FC Porto, é verdade, fez o suficiente para bater em casa o Zenit. E isso era o suficiente para seguir em frente. As oportunidades foram várias, mesmo com um futebol pouco inspirado, sem a confiança de outros tempos e com Hulk a léguas do seu real valor. Por isso, é justo dizer, Vítor Pereira podia perfeitamente estar feliz da vida a esta hora. No entanto, no essencial, tudo ficaria na mesma: enquanto não existir uma mexida no comando técnico da equipa, o clube estará sempre mais próximo de perder troféus, apesar de poder (e de o conseguir, com toda a certeza) ir ganhando jogos.

No final do jogo, escutei com atenção as palavras de Moutinho, Kléber e Vítor Pereira. Estiveram bem ao convergir na ideia de que esta partida podia, perfeitamente, ter acabado com outro resultado. E lá a veio à baila o empate caseiro com o Apoel. Foi aí, em seu entender, que tudo se perdeu. Pois bem, com essa análise já não concordo.

O FC Porto foi eliminado porque somou 1 ponto em 6 possíveis com os cipriotas, mas também porque fez o mesmo com o Zenit. Mais: foi afastado porque perdeu de forma infantil em Nicósia depois de ter chegado ao empate com uma dádiva dos céus; porque foi medíocre em casa perante esse mesmo opositor e porque da Rússia o melhor que trouxe foi o resultado que, paradoxalmente, foi uma derrota. Em resumo, a equipa de Vítor Pereira ficou de fora dos “oitavos” da Liga dos Campeões porque não mereceu passar, porque foi incapaz de dobrar adversários acessíveis, porque o treinador nunca conseguiu colocar a equipa no trilho certo. O grupo tinha 6 partidas e não apenas duas com o Shakhtar, sendo que a primeira também não foi grande coisa.

Se no meio de tudo isto é possível encontrar algo de positivo, então basta dizer que o FC Porto é, desde já, um dos grandes favoritos a conquistar, de novo, a Liga Europa. Se calhar, por esta altura, Pinto da Costa até já pensa nisso. Se um dia se lembrou de dizer que um corte de João Pinto para a trave tinha sido a maneira de evitar um canto, agora talvez nos surpreenda ao afirmar que esta passagem pela “Champions” visava apenas a preparação para nova investida na Liga Europa. É homem para isso. O problema, acrescento eu, é que a “estratégia” será virtualmente impossível se no banco prosseguir o treinador que tem orgulho na equipa e nos adeptos, mas por quem estes cada vez menos nutrem qualquer sentimento positivo.