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O portismo de Villas-Boas e o risco de Pinto da Costa

21 Junho, 2011 671 visualizações

A inesperada mudança de André Villas-Boas para o Chelsea deixou a “nação portista” em estado de choque. É compreensível. Quando Pinto da Costa pensava que só o Inter de Milão estava efectivamente interessado nos serviços do seu jovem técnico, eis que os ingleses entram na discussão e resolvem o assunto num ápice. De repente, os dragões ficaram sem treinador a escassos dias do arranque da nova temporada. E se isso, por si só, constitui uma péssima notícia para os azuis e brancos, os rumores que apontam no sentido dos londrinos baterem mais umas cláusulas de rescisão entre as pérolas do plantel tornam a situação consideravelmente pior.

Pinto da Costa, com a sua larga experiência, não costuma ser apanhado em falso. Desta vez, apesar de o desmentir, foi ultrapassado pelas circunstâncias. Vai ficar com muito dinheiro em caixa, é verdade, mas corre sérios riscos de ver o sensacional sucesso desportivo da temporada transacta dar lugar a uma época menos conseguida. Tudo porque o “timing” desta transferência deixou-o com pouco espaço de manobra. Se o cenário se tivesse colocado há mais tempo, duvido que o líder portista não fosse capaz de dar a volta ao texto de outra forma. Entre Domingos e Jorge Costa – ambos “filhos” da casa e com passagem pelas “rampas de lançamento” de Coimbra e Braga – ou mesmo Leonardo Jardim ou Carlos Queiroz, saberia como resolver o assunto. O problema é que, nesta altura, era demasiado tarde para soluções devidamente ponderadas. O presidente optou por Vítor Pereira, até agora adjunto. Não acredito – e nem a conferência de imprensa de apresentação do escolhido me fez mudar de opinião, bem pelo contrário… – que a solução fosse a mesma se tivesse mais tempo para agir. E a duvido igualmente imenso que, em duas temporadas consecutivas, Pinto da Costa seja feliz com “tiros” algo no escuro. Não é todos os dias que se coloca uma equipa de topo nas mãos de treinadores com escassa experiência e a coisa resulta em pleno…

Regressemos a Villas-Boas. Entre os fiéis adeptos portistas há quem encare a decisão do técnico com normalidade. A maioria, contudo, critica a forma como o treinador resolveu bater com a porta, pouco depois de ter jurado fidelidade ao clube e ao posto que ocupava. No futebol, de uma vez por todas, jogadores e treinadores deviam aprender a não proferir determinadas frases. A qualquer altura as circunstâncias mudam e automaticamente passam a ser vistos como pessoas sem palavra, que facilmente mudam do branco para o preto, do dia para a noite. Fábio Coentrão, por exemplo, também passou por situação similar nos últimos dias. Duas vezes!

Mas, se considero que Villas-Boas podia ter sido mais cauteloso em determinadas declarações, não vejo na sua decisão nada de errado ou sequer susceptível de crítica. André vai continuar a ser sempre portista e, um dia, quando deixar Londres, apenas terá curiosidade em saber o que se passa com a agremiação britânica. Ele, como todos nós, sabe que o FC Porto é um clube muito maior do que o Chelsea; que os azuis e brancos possuem um historial incomparavelmente superior ao dos londrinos e que, em Portugal, até teria mais hipóteses de continuar a enriquecer o seu número de títulos. A questão é que o Chelsea é pertença de um russo multimilionário que tem, em doses industriais, algo que faz falta a todos: dinheiro.

Villas-Boas não tinha, naturalmente, uma má vida em Portugal e não é por ter problemas monetários que vai voltar a ser emigrante. Contudo, sem saber quanto auferia no Dragão, nem sequer quanto irá encaixar em Stamford Bridge, tenho a certeza que vai receber muito mais em Inglaterra. E isso é algo que todos deviam ter em conta. Não chego ao ponto de, como advogam muitos, dizer que tudo e todos têm um preço, mas parece-me pacífico assegurar que qualquer profissional, independentemente da sua área de actuação, pode equacionar uma mudança caso as contrapartidas financeiras o levem a isso. E foi isso que sucedeu com Villas-Boas. Só isso.