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Olhos de ver

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Barcelona sem espinhas

29 Maio, 2011 699 visualizações

A final da “Champions” teve 4 golos, mas não teve grande história, nem a emoção que se podia esperar. O favorito, o Barcelona, ganhou e ganhou bem, sem espinhas. Depois da limpeza no campeonato espanhol, a Liga dos Campeões também acabou no bornal da formação catalã que, indiscutivelmente, é uma autêntica máquina de jogar futebol, conforme – com “fair play” – afirmaram, no final, Ferguson e os seus jogadores. O resultado foi 3-1 e, objectivamente, até podia ter sido mais dilatado. Os ingleses, pese a enorme vontade com que entraram em campo (impressionante o “pressing” nos primeiros minutos), não tiveram hipóteses. Ainda conseguiram reagir ao golo inaugural de Pedro, mas jamais mostraram capacidade para pensar, a sério, na vitória. O United é uma das melhores formações do Velho Continente. Acredito mesmo que sejam a segunda mais forte. Mas, em condições normais, não chega para bater o Barça.

Já o disse várias vezes: o Barcelona não é apenas a melhor equipa de Espanha na actualidade. É igualmente a mais forte na Europa e no Mundo. Não significa isso que tenha de ganhar em todas as partidas ou que seja invencível. A questão é que vence quase sempre ou, dito de outra forma, perde muito raramente. E isso sucede exactamente devido a quê? Antes de tudo, à qualidade excepcional de meia dúzia de futebolistas, com Messi à cabeça. O argentino é de uma regularidade assustadora e parece ter o dom de “puxar” pelo grupo. E depois ainda há gente como Xavi, Iniesta, Villa, Pedro, Abidal e outros que, em traços gerais, têm jeito – imenso – para a coisa…

Guardiola, com o seu estilo meio zen, também tem grande responsabilidade no sucesso da equipa. Soube criar um estilo muito próprio de jogar futebol e moldar os atletas a ele. Ou então foi o contrário, sinceramente não consigo entender. Só sei que o Barcelona joga muito e bem. Bom, esta é só a minha opinião. Sei que o modelo não atrai toda a gente. Ainda bem. Os críticos dizem que é cansativo ver a equipa jogar sempre assim. Têm razão. Também não gosto de ver os adversários quase sempre à procura da bola, invariavelmente preocupados em defender e com poucas ou nenhumas hipóteses de marcar. É efectivamente cansativo.

Deixemos as brincadeiras de lado: é possível alguém duvidar da qualidade do Barcelona e apresentar como justificação o facto de ser auxiliado pelas arbitragens? Não digo que os catalães não têm tido, aqui e ali, umas ajudas extras, mas isso acontece a todas as equipas de topo, em Espanha, em Portugal ou qualquer outro lado. O problema é que dirigentes, treinadores e jogadores só reparam nisso quando o “empurrãozinho” não lhes é favorável. Muitos, a maioria, precisavam de passar umas horas no sofá a ver vídeos mais ou menos antigos, de forma a avivar a memória.

Outra das grandes razões do sucesso do Barcelona diz respeito à sua sensacional capacidade para formar talentos e resistir à tentação de apostar quase em exclusivo no mercado internacional, a moda um pouco por todo o lado, Portugal (deveras) incluído. Por vezes, acrescente-se, fico pasmado quando oiço alguém dizer que o Sporting e o Ajax têm as melhores escolas da Europa. Será que ninguém repara que os catalães, nesta final, apresentaram de entrada Valdés, Piqué, Busquets, Xavi, Iniesta, Pedro e Messi? Eles são todos da formação do clube, tal como sucede, por exemplo, com o capitão Puyol que, por norma, também alinha de início. Na mesma época, na mesma geração, este clube apresenta tantas estrelas quanto um clube bom formador – como os atrás citados – cria em duas décadas. Isto é único!

PS – O gesto de Puyol, ao entregar a braçadeira de capitão a Abidal e a conceder-lhe o privilégio de levantar a taça, é um daqueles momentos que nos faz recordar que o futebol, mesmo movido por milhões, ainda pode ser uma escola de princípios, como o desporto deve ser na sua essência. Sublime!

PS 1 – O Real Madrid e José Mourinho, que tiveram a capacidade de impedir o Barcelona de ganhar também a Taça do Rei esta temporada, sofreram sábado outra “amolgadela” por parte dos catalães. Assistir à hegemonia do Barca é um verdadeiro tormento para qualquer adepto merengue. Será que a situação irá alterar-se na próxima época? É possível, mas duvido. Muito…