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Esta segunda-feira vai ser um dia igual a tantos outros. É feriado, mas vou trabalhar. Já foi assim com o último e com dezenas e dezenas deles ao longo dos anos. Parece os fins-de-semana que, no c..." /> — ler mais..

Esta segunda-feira vai ser um dia igual a tantos outros. É feriado, mas vou trabalhar. Já foi assim com o último e com dezenas e dezenas deles ao longo dos anos. Parece os fins-de-semana que, no c..." /> Uma data, uma música… - Olhos de ver - Record

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Uma data, uma música…

25 Abril, 2011 470 visualizações

Esta segunda-feira vai ser um dia igual a tantos outros. É feriado, mas vou trabalhar. Já foi assim com o último e com dezenas e dezenas deles ao longo dos anos. Parece os fins-de-semana que, no calendário aqui do rapaz, são rigorosamente iguais aos outros dias, visto que as minhas folgas são rotativas, o que equivale a dizer que passam meses inteirinhos sem ter um sábado ou domingo livre, para poder socializar com as pessoas “normais”. Adiante.

Mas embora já saiba que este dia/feriado será passado no Estoril Open, a debitar informação tenística (e não só) para a edição online do Record, nem por isso me esqueço o que ele representa. O dia 25 de Abril, independentemente de ser cada vez mais desvalorizado pelos portugueses, significou, significa e deverá significar sempre algo de especial para todos nós ou, pelo menos, para a esmagadora maioria da população.

Sim, concordo com aqueles que lamentam o rumo que o país seguiu desde 1974; que se sentem envergonhados por, mais uma vez, estarmos de cócoras perante as instâncias internacionais devido à incompetência, ignorância e ganância de uns quantos sujeitos que, basicamente, se têm entretido a desbaratar aquilo que devia ser de todos mas que, na prática, é só de uns, dos seus familiares, amigos e correligionários. Mas, sendo verdade que podíamos e devíamos estar noutro patamar enquanto sociedade e que as previsões de recuperação, a avaliar pelas informações disponíveis (imagino o que ainda se irá saber e o que, infelizmente, já desapareceu sem deixar rasto), são tudo menos optimistas, nem por isso alguma vez equacionei pensar ou dizer que o 25 de Abril não foi útil.

Portugal tinha a obrigação de ser um sítio melhor para se trabalhar e viver, mas sem a intervenção corajosa de uns quantos homens e mulheres há umas décadas… estaríamos pior. Consideravelmente pior. E se isso pode ser discutível para algumas pessoas, para mim é tão clarinho como a água, pelo que me resta, humildemente, agradecer a quem contribuiu, por exemplo, para que possa estar a escrever este post . Mas, como os tempos, efectivamente, não são famosos, deixo aqui uma música simplesmente brilhante que retrata bem o mundo das trevas em que Portugal esteve mergulhado anos a fio. É datada de 1963, mas o pior é que podia ter sido escrita mais recentemente, pois ainda há muita coisa que precisa de ser “alinhavada” neste pedaço de terra. Seria um excelente sinal que, daqui a uns anos, a letra de Zeca Afonso já não tivesse a mínima aplicação entre nós…  

No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés veludo
Chupar o sangue Fresco da manada

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada [Bis]

A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas

São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada

Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada