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Mourinho: conquistas e desafios

12 Janeiro, 2011 564 visualizações

Ninguém no seu perfeito juízo ousa colocar em causa a capacidade de José Mourinho. Independentemente de ostentar o título de melhor treinador de futebol do Mundo (estas escolhas são sempre subjectivas), a verdade é que o setubalense é, há vários anos, um dos mais cotados técnicos do planeta. E isso, claro, é facilmente comprovado pelas declarações (as últimas do holandês Sneijder foram inequívocas) de quem com ele trabalha mas, essencialmente, pelo seu invejável registo de conquistas.

O facto de nunca ter tido dúvidas de estarmos na presença de alguém com tremendo potencial não fez com que, aqui e ali, tenha deixado de criticar algumas das posições assumidas por Mourinho. Sempre o disse, e mantenho, que um treinador tão forte não precisa de comprar “guerras” quando elas não existem. Admiro a sua sistemática disponibilidade para fazer frente a todas as provocações, a opção clara por defender o seu grupo nem que para isso tenha de se expor demasiado, mas continuo a considerar que não precisa de ser ele a “atacar” os adversários. Não ter medo do despique (e estar sempre capaz de reagir) é uma enorme virtude, mas a tentação de os patrocinar já me parece dispensável.

Mas, ao contrário do que muitos pensam, recusar-me a elogiar tudo o que Mourinho diz e faz (só por partir dele) não significa ter menos respeito pelo seu trabalho, pela inegável categoria, pelos sucessos contínuos. Por exemplo: considero justo ter sido ele a conquistar o recente galardão de melhor treinador mundial, no entanto não apreciei a forma como, durante várias semanas, fez a sua “campanha”. De repente parecia um político a solicitar o voto dos eleitores. Mourinho não precisa de passar a vida a dizer que é o melhor, nem de antecipadamente colocar em causa o resultado da votação por ter a sensação de que não seria o vencedor. Conforme se pode constatar, mais tarde ou mais cedo o seu momento aparece. Enquanto somar muito mais vitórias que empates e derrotas será sempre assim.

Mas, na cerimónia em que foi coroado com um prémio que muito desejava, Mourinho esteve soberbo quando subiu ao palco. A opção por falar em português, justificada de forma irrepreensível, foi excelente (e um bom exemplo para outros) e, tal como explicou depois, só os invejosos podem não ter sentido orgulho de ver um compatriota, numa gala com tantas figuras, ser uma das estrelas mais cintilantes.

No regresso a Madrid, pelo que pude ver através de um vídeo passado num dos canais televisivos nacionais, Mourinho voltou a dar “show”. A forma como enalteceu o colectivo, bem como a operação de charme em relação às duas pessoas que o ladeavam (Cristiano Ronaldo e Casillas) foi de novo brilhante. Ainda por cima se tivermos em conta que, com mais ou menos desmentidos, a relação entre os dois futebolistas em causa está longe de ser a melhor.

Regressemos ao essencial: embora o prémio de melhor técnico de 2010 fique bem na sala de Mourinho, convém ter presente que na segunda metade do ano foi Guardiola quem mais se destacou. O português conseguiu colocar o Real Madrid a jogar bem e a ganhar, mas a verdade é que em nada foi melhor que o super-Barcelona que, se dúvidas existissem, tratou de aplicar uma humilhação histórica ao eterno rival no jogo da primeira volta do campeonato. Quer isto dizer que se não foi fácil a Mourinho chegar a este troféu, mais complicado vai ser levar o próximo para casa. Terá, forçosamente, de parar o colosso catalão no campeonato, na Taça espanhola e na Liga dos Campeões. E isso, por estes dias, é uma missão só ao alcance de alguém muito especial…