António Feio: partiu um grande
Existem lutas que nem o maior dos guerreiros consegue vencer. É triste, mas a vida é mesmo assim. E existem pessoas que, mesmo sem nunca falarmos com elas, nos transmitem a perfeita noção daquilo que são, de tão positivos e bem-dispostos, sem recusarem defender as suas ideias e exprimir os respectivos gostos ou ódios. Os gajos porreiros, como o povo apelida, deviam estar imunes a todas as fatalidades. O problema é que esta coisa a que chamamos vida, sendo espectacular é igualmente uma grande treta, pois teima em funcionar com regras muito próprias, necessariamente diferentes das que gostaríamos de implemetar caso tivessemos capacidade para isso. Ninguém com uma força interior tão grande, aliada a um talento profissional gigantesco, devia partir tão cedo, quando em condições normais ainda deveria ter pela frente mais duas ou três décadas. Mas, como tantas vezes constatamos ao longo da nossa existência, injustiças acontecem todos os dias, em Portugal ou no mais longínquo canto do planeta. Isto é mesmo assim. Contudo, se o presente ceifa tantas vezes o esperado futuro, resta-nos a consolação de que nada, nem ninguém, tem hipóteses de apagar o passado. E quando o que ficou para trás é uma obra tão extensa, em quantidade e qualidade, jamais o nome da figura será esquecido. António Feio faz parte desse rol.