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Tenho de começar por dizer que nunca “morri de amores” por Jesualdo Ferreira. Em traços gerais, sempre vi nele uma pessoa com ar demasiado pesado, algo carrancudo, capaz de protagonizar situações ..." /> — ler mais..

Tenho de começar por dizer que nunca “morri de amores” por Jesualdo Ferreira. Em traços gerais, sempre vi nele uma pessoa com ar demasiado pesado, algo carrancudo, capaz de protagonizar situações ..." /> Jesualdo merecia mais - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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Jesualdo merecia mais

27 Maio, 2010 687 visualizações

Tenho de começar por dizer que nunca “morri de amores” por Jesualdo Ferreira. Em traços gerais, sempre vi nele uma pessoa com ar demasiado pesado, algo carrancudo, capaz de protagonizar situações como aquela em que, depois da final da Taça de Portugal, abandonou a sala de imprensa por não apreciar as questões colocadas pelos jornalistas. Por norma, assumo o defeito, tenho dificuldade em simpatizar com pessoas assim. Mas, tendo capacidade para assumir que é injusto catalogar seja quem for apenas pelo que parece, chegou-me aos ouvidos – há muitos anos – que ele também não simpatizava comigo. Tudo bem, isso não interessa para o caso e, se calhar, estamos ambos enganados. Adiante…

Já todos sabíamos que o futuro imediato de Jesualdo não passava pelo FC Porto. Logo, o anúncio da rescisão de contrato com os dragões não surpreendeu ninguém. Tratou-se, tão somente, de uma mera formalidade. Mas, ainda assim, faço questão de aproveitar a ocasião para afirmar que, para mim, o treinador merecia mais. E quando digo mais, estou a pensar em mais tempo à frente do clube azul e branco. E nem o facto da maioria dos sócios e simpatizantes portistas defender o contrário me leva a alterar a minha ideia.

Eu sei que Pinto da Costa é pouco dado a ligações prolongadas – escusam de tentar ler nas entrelinhas, porque estou apenas a falar de futebol – e que, mesmo assim, Jesualdo teve direito a 4 anos no cargo o que, creio eu, é um recorde na vigência do eterno líder nortenho. No entanto, só em Portugal é que alguém é demitido das suas funções quando, em 4 temporadas, conquistou 3 campeonatos, uns quantos troféus (esta época, mesmo com Benfica e Sp. Braga em grande, foram mais dois) e andou sempre entre os primeiros.

Sabendo perfeitamente que os adeptos do FC Porto – a exemplo do que sucede na maioria dos clubes grandes na Europa ou América do Sul – só conseguem olhar para os resultados do momento, reafirmo a ideia de que é injusto não levar até ao fim a ligação com alguém que, em traços gerais, fez um trabalho notável no Dragão. Pelo meio cometeu erros, teve opções discutíveis como acontece com qualquer treinador e até optou por comentários infelizes na tentativa de explicar alguns maus resultados ou atitudes menos elegantes. Mas, sejamos realistas, tais “deslizes” são normais num mundo tão intenso e onde se passa, rapidamente, de bestial a besta.

Jesualdo teve a arte e o engenho necessários para quebrar a normal desconfiança de quem, no Porto, sempre o viu como benfiquista. E revelou também a competência necessária para, ano após ano, saber reconstruir uma equipa que, invariavelmente, foi perdendo várias das suas jóias. O técnico fez isso sem se lamentar e, basicamente, contribuiu decisivamente para que o empregador fosse continuando a ganhar títulos e dinheiro. E isso, naturalmente, não é fácil. E merece todos os elogios. Mesmo de quem não simpatiza com o seu ar…

PS – Ainda não se sabe quem será o substituto de Jesualdo, mas consta que poderá ser André Villas-Boas. Sobre ele mantenho a ideia de outros escritos: parece ter o condão de interessar a tudo quanto é clube sem, digo eu, ter mostrado ainda grande coisa. Mas, como sempre ouvi dizer, por vezes é mais importante “cair em graça do que ser engraçado”. Este jovem treinador pode até vir, um dia, a ser o melhor do Mundo, mas dificilmente, nesta altura, justifica tanta cobiça.