Só pra jornalistas (e o diabo à 7ª)
Entre Janeiro de 2009 e Junho de 2010 o grupo Controlinveste promoveu 2 despedimentos colectivos. Da primeira vez foram 119 trabalhadores. Mais de meia centena deles jornalistas. Da segunda, para lá do tal despedimento colectivo, fecharam 2 jornais.
Vem isto a propósito de quê? Simples. Parecem-me factos importantes que não devem ser esquecidos rapidamente. Sobretudo depois de ler “breves” escritas (?) em estilo miserável, revanchista e, por isso mesmo, nada profissional, como aquela que li na edição deste domingo do “Diário de Notícias”, poço sem fundo suportado da forma que Deus (talvez) saberá. O tom de desprezo, a escolha dos termos e a inexactidão dos factos ali descritos, mostra apenas o lado lunar (para não lhe chamar outra coisa) que uma notícia, pura e dura, não pode ter.
Adiante. Julgo ter feito caminho suficiente nesta profissão para ter perdido a virgindade. Ou o romantismo que ainda acompanha alguns, poucos, dos estagiários com quem partilho diariamente a produção das edições do Record e do Record Online.
Este é um tempo de overdose de informação, servida em “shots” televisivos de 40 segundos, acompanhada por comentadores dos comentadores que comentam comentários e suportada pela técnica da replicação na internet. Comprar e ler jornais, opções que deviam ser promovidas, acarinhadas, passaram quase à categoria de excentricidades.
Em vez de reinventar-se, investindo, os jornais que não vendem, esforçam-se por atacar os outros, os que, também não investindo, ainda fazem pela vida. Atacam por razões mesquinhas, de inveja, desdém, mas também porque, estando a caminho do abismo, prometem amanhãs em “tablets” enquanto noticiam que todos, sem excepção, vão cair. É um estilo, uma lógica. Sem retorno.
Há um estranho mal-estar na sociedade portuguesa. Não são apenas as dificuldades, os (des)governantes, os empresários, os que fogem aos impostos ou os que simplesmente não querem trabalhar, seja onde for. É muito mais do que isso. É um estranho apelo à desgraça, ao quanto pior melhor. Ámen.
E agora, para algo completamente diferente (citando os Monty Phyton ), convém dizer que vai ser o diabo à 7ª jornada. Se o “FM” Porto de André Pina Cabral, bisneto do 1.º visconde de Guilhomil e neto de Margaret Kendall, se o “FM” Porto, dizia, ganhar em Guimarães, está terminado o campeonato 2010/2011.
() Foi bonito ver o novo seleccionador nacional, Paulo Bento, nas tribunas do Dragão e de Alvalade. Principalmente aqui, onde na companhia do homem que o quis “forever”, viu mais uma demonstração da mediania que há-de levar o Sporting a ficar abaixo do 4.º lugar no campeonato.