— ler mais..

A pequena multidão de indignados que foi à página da Scuderia Toro Rosso no Facebook não poupou na indignação. A escolha do russo Daniil Kvyat para o lugar que estaria (?) reservado (?) a António F..." /> — ler mais..

A pequena multidão de indignados que foi à página da Scuderia Toro Rosso no Facebook não poupou na indignação. A escolha do russo Daniil Kvyat para o lugar que estaria (?) reservado (?) a António F..." /> Rublos na cartola – o “caso” Da Costa e as teorias da conspiração - Variação Contínua - Record

Variação Contínua

Voltar ao blog

Rublos na cartola – o “caso” Da Costa e as teorias da conspiração

22 Outubro, 2013 805 visualizações

A pequena multidão de indignados que foi à página da Scuderia Toro Rosso no Facebook não poupou na indignação. A escolha do russo Daniil Kvyat para o lugar que estaria (?) reservado (?) a António Félix da Costa fez disparar o patriotismo e, enfim, outros sentimentos tão ou mais exacerbados. Sucede que a generalidade dos comentários naquela página em particular, ou noutros locais onde tal é possível, mais não fez do que irritar-se com o óbvio. E o óbvio, vá, a realidade, é uma chatice muito grande. Incomoda, é bastas vezes injusta e não menos cruel.

Ao mesmo tempo que ficava a saber-se da opção por um miúdo de 19 anos que vai chegar à F1 sem passar pelas World Series By Renault 3.5, desmentindo portanto o estatuto daquele campeonato como a antecâmara da disciplina máxima da competição automóvel, o sr. Bob Fernley, um dos directores da Force India, explicava sem sofismas o cenário em preparação para 2014 e anos seguintes. O texto completo, com a habitual qualidade do autosport.com, merece uma vista de olhos por quem perceba inglês, mas vale a pena retirar-lhe duas ou três afirmações de Fernley:

“Não houve uma única iniciativa [da FIA e da FOA] nos últimos 18 meses que não tenha aumentado significativamente os custos [operacionais das equipas]; “Todas as equipas estão a contar com um aumento de 23 milhões de euros em custos no próximo ano. Há quatro equipas que não só já têm garantias sobre esse valor, como ainda têm outras reservas.”

O que Fernley está a dizer é algo simples. Em 2014, como é sabido, há novos motores, logo novos carros; logo novos pneus e por aí adiante. Esta segunda-feira, 21 de outubro, reuniu-se o novo Grupo de Estratégia da F1, onde têm assento Red Bull, Ferrari, McLaren, Mercedes (as tais Big Four), Lotus e Williams, mais a FIA e FOA. Temas na agenda: fornecimento de pneus, testes de pneus, restrição de custos, regulamentos técnicos e desportivos. Assim como a discussão das regras no capítulo dos fornecimentos de material. E é aqui que bate o ponto. As mexidas nestas regras podem abrir espaço ao que é designado por “carro de cliente”, anulando as restrições existentes para a troca/fornecimento de material entre as equipas.

No limite, e porque escuderias como a Force India, Sauber, Marussia e Caterham (principalmente estas duas) estão esmagadas com o aumento dos custos, estaria aberta a porta à entrada de senhores com malas de dinheiro no quartel general de uma das big four para dizerem “queremos um carro igual, quanto custa?”

Mas que tem isto a ver com a indignação provocada pela escolha de um miúdo russo para o lugar que estaria (?) reservado (?) a Félix da Costa? Bom, serve apenas para enquadrar a realidade. De nada valem, a não ser talvez um sorriso, as teorias da conspiração, como aquela de ter havido prejuízo intencional para o piloto português na temporada de 2013 das WSR 3.5. Quer dizer, a Red Bull, ou alguém por ela, permitia-se não querer ganhar; não querer exposição no pódio; apenas para que Félix da Costa não fosse o escolhido. Pela Red Bull…

A comunicação do piloto de Cascais nunca explicou, ou pelo menos tentou, as razões para uma temporada que tinha tudo para dar certo e não deu. Às banalidades nos press-releases corresponderam exponencialmente as barreiras criadas para “proteger” Félix da Costa das perigosas perguntas dos jornalistas. Pelo meio, o slogan “road to formula 1” e o ruído criado em volta do “escolhido”, como se fosse um qualquer desígnio nacional, ajudaram a criar as expectativas que, como se diz agora, receberam o choque desta segunda-feira. E de pouco importa teorizar agora sobre se esta “estratégia” teve alguma influência na decisão da Red Bull. Até porque o que estava em causa eram “apenas” os resultados de 2013.

Não haverá muitas dúvidas sobre a importância dos rublos (ou o correspondente em euros, ou dólares) que o miúdo Kvyat pode aportar à Toro Rosso. Também é bom considerar que o calendário de 2014 da F1 inclui o primeiro GP na Rússia, território onde será expectável venderem-se muitas mais latinhas da bebida energética, mas no final, e por muito que os indignados (ou românticos, vai dar no mesmo), se indignem, a verdade é que depois das Big Four, todas as outras equipas anseiam por juntar talento a dinheiro. E para quem acha isto tudo uma vergonha, talvez não fosse má ideia passar pelo cinema e ver “Rush”. Onde, a dado momento, Hunt é confrontado com a falência da equipa e onde Lauda chega à Ferrari com… uma mala de dinheiro. E talento, claro.