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A bem dizer não tenho seja o que for contra quem não teve filhos, quem não os tem ou até quem decida agora mesmo nunca os ter. O velho “cada um sabe de si” chega e sobra para rematar a..." /> O riso das crianças dos outros - Variação Contínua - Record

Variação Contínua

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O riso das crianças dos outros

24 Outubro, 2014 885 visualizações

A bem dizer não tenho seja o que for contra quem não teve filhos, quem não os tem ou até quem decida agora mesmo nunca os ter.

O velho “cada um sabe de si” chega e sobra para rematar a questão, mas acrescentaria ainda que o Estado, qualquer que ele seja, não tem legitimidade para intervir nesta decisão. E nem precisava de lembrar as “restrições” ditadas pela China para, enfim, justificar esta convicção.

Acontece que a minha geração e mais uma ou duas a seguir veio, ao arrepio das anteriores, reduzindo a prole ou simplesmente optando por não a parir. As razões são muitas, mas lá está: “cada um…”

Os filhos, ou melhor, a natalidade acabou como que transformada num negócio, num estranho deve e haver; no limite, em algo tão básico que até dá para fazer anúncios estúpidos e insensíveis como aquele da Renault, em que o homem da bata branca sentado num “consultório” informa o casal da felicidade que deve ter por só estar de esperanças de um bebé. Se fossem gémeos, os milhões de euros a pagar duplicavam. Estamos nisto.

A malta aborrece-se no restaurante quando as criancinhas gritam e fazem barulho; a malta pede aos santinhos para que uma fila de avião preenchida por crianças não se torne num voo com duas ou três horas de suplício, choro, birras, enfim; a malta até já esqueceu “o riso das crianças dos outros” que um dia o Rui Reininho e os GNR deixaram para a história da música pop nacional. A malta agora olha para as crianças, para os filhos, e vê cláusulas de salvaguarda.

Vivemos no país onde quem não tem filhos acha que pode ter igualdade fiscal perante quem os tem. E ao achar esta tolice até pode também pensar no sossego dos restaurantes sem crianças; nos voos tranquilos, mas está apenas a dizer que havendo o mesmo rendimento, tanto faz que o “agregado familiar” tenha 1 ou 2 ou 4 ou 5 elementos. Olha para cifrões, euros, alíneas na declaração de IRS.

Olha para o mesmo que, afinal e em determinado momento, olham todos os que têm filhos. Com uma e uma só diferença. E essa conhecem-na todos os pais e todas as mães.